A Agência Brasil divulgou ontem que a Aneel “não sabe” se haverá redução da bandeira tarifária – atualmente vermelha – no preço da energia elétrica.
Não poderia ser outra a resposta, porque é só no dia 29 (sexta-feira) a reunião que definirá se é possível retirar, ao menos parcialmente, o custo extra da energia elétrica no mínimo nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, que já saíram de algo que se possa chamar de “situação crítica”.
Os adicionais representados pela geração das termoelétricas – que são acionadas pelo custo que cada uma tem, na chamada “ordem de mérito” – caíram à metade ou mais, dependendo da região – em relação ao que tinham 15 dias atrás, exceto na Região Nordeste, onde a situação ainda é precária, embora o volume dos reservatórios tenha dobrado em relação à quinzena anterior.
O enchimento de Sobradinho, que estava praticamente seca há 15 dias, só não está sendo mais rápido porque Três Marias, no Alto São Francisco, só está liberando um metro cúbico por segundo em cada 18 que recebe, porque estava vazia também e chove forte no terço médio do rio e é preciso regular a vazão..
No seu último sumário de orientação, o Operador Nacional do Sistema (ONS) admite que no Sudeste as térmicas de maior custo estão recebendo ordens de despacho de energia por “segurança energética”, isto é, para permitirem um armazenamento mais prudente da energia hidrelétrica. E, ainda assim, a energia das termelétricas – algumas sempre terão de funcionar – foi reduzida em mais de 20%.
Tudo está indicando que se vá atingir ou superar ligeiramente os 44% de energia armazenável nos reservatórios no último dia do mês. E não há previsão pessimista para o próximo mês, embora o tempo no Sudeste seja de difícil previsibilidade. Normalidade, em fevereiro – mês chuvoso – quer dizer reservatórios em alta. Tanto que no ano passado, com chuvas abaixo da média, o nível do armazenamento do Sudeste subiu 3,8%.
O mais provável – que só não ocorrerá se o ONS e a Aneel tiverem um postura muito conservadora, é que a bandeira tarifária passe de vermelha (mais R$ 0,045 por cada kW/hora consumido) para amarela (mais R$ 0,025 pela mesma unidade de consumo) nas regiões Sul e Sudeste, permanecendo vermelha para o Nordeste e Norte, a serem reavaliadas ao final de fevereiro, quando se definirão as bandeiras para março.
Se não o fizer, estará sendo político, não técnico. Mas da pequena política, do conservadorismo setorial, não do exercício de sua função que é produzir o equilíbrio entre segurança no fornecimento energético mas também a economicidade máxima das tarifas, pelo seu efeito na economia.
Será um começo, cauteloso, de correção dos efeitos inflacionários da elevação das contas de energia, em ritmo cavalar, aplicados desde o final de 2014.
Claro que com nenhuma esperança de que ele seja inteiramente diluído com a melhoria da situação de seca que o país atravessou (tomara que já se possa usar o verbo no passado).
Porque o que essa gente tomou com lágrimas não devolve nem com rosnado.
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Críticas à toda e qualquer agência reguladora, que sempre regula para favorecer o mercado da área e nunca o consumidor. Duvido se a Aneel irá baixar o preço da energia para favorecer os consumidores. Da mesma forma que a Anatel permite que as telefônicas forneçam a até 40% a menos da velocidade contratada pelo cliente, mas o cliente não paga 40% a menos (mas recebe até 40% a menos na velocidade contratada).
Deveríamos ter uma maior capacidade instalada de geração de energia nuclear, dentro do mix de fontes (renováveis e não-renováveis) que o país possui.
Como forma de reduzir nossa dependência das caras e poluentes térmicas à diesel e gás.
Crises hídricas são cíclicas, em especial, num cenário de rápidas mudanças no clima global.
Os bons corredores de ventos podem e devem ser explorados em parques eólicos, mas, são fontes suplementares ao sistema interligado.
Energia fotovoltaica, é muito mais eficiente enquanto estratégia de economia no consumo residencial e deveriam ter suas placas e estruturas barateadas no acesso ao grande público. Pois, não substitui fontes principais, também.