Barbosa é o novo Ministro da Fazenda. Cortes, sim, mas para a economia crescer

Confirmado o que todos já intuíam: Nélson Barbosa é o novo ministro da Fazenda.

Além das características que marcaram a escolha , das quais já tratei em post anterior, é preciso fixar alguns significados  de sua escolha.

A primeira, obvia, é que decai o peso do mercado financeiro nas prioridades de formulação de política econômica. Nenhuma virada radical, apenas não mais a total liberdade  para o aumento da taxa de juros que, francamente, já há mais de ano se mostra incapaz de deter o avanço da inflação, pela simples razão que a inflação não é, aqui, de demanda por produtos ou crédito, mas um “correr atrás” do ganho financeiro que os altos juros proporcionam, na velhíssima ideia de que as taxas de lucro são, afinal, como vasos comunicantes e, portanto, buscam equilíbrio umas com as outras.

A reação de certa hostilidade do mercado financeiro a seu nome é um elogio. Normalmente, o mercado não quer um ministro, quer um agente das finanças ali.

A segunda é a retomada do pensamento econômico desenvolvimentista. Light, tanto pela formação pessoal do novo ministro – a FGV não é propriamente keynesiana –  quanto pela situação das finanças públicas, cuja capacidade de fomento está, é claro, seriamente comprometida, neste momento.

Barbosa, ainda que se transfiram estas responsabilidades para quem o suceda no Ministério do Planejamento, deve colocar o Ministério da Fazenda em linha com os programas de parceria público privadas e de concessões, como forma de recuperar mais rapidamente a capacidade de investimento.

A terceira é que vai melhorar o relacionamento entre o Ministério da Fazenda e a máquina governamental. O trato pessoal e, sobretudo, os métodos de relacionamento de Barbosa com os demais integrantes do Governo ficam furos acima, para ser gentil, do que tinha Joaquim Levy. E os cortes serão mais negociados e suas consequências políticas sopesadas antes das decisões.

Digamos que Barbosa prefira fechar torneiras do que passar tesouras.

Em todas elas, erra quem acha que não haverá ajuste fiscal – inclusive com a retomada do debate sobre o volume e a natureza da carga tributária brasileira – e acerta quem acha que isso deixa de ser um fim em si mesmo.

Quem quiser ter certeza disso, leia o discurso de posse de Barbosa no Ministério do Planejamento, em janeiro, quando o “ajuste fiscal” tinha ainda foros de divindade:

“Ajustes nunca são um fim em si mesmos. Ajustes são medidas necessárias para a recuperação do crescimento da economia, que por sua vez é condição indispensável para continuar nosso projeto de desenvolvimento econômico.”

Com Barbosa, essa ideia deixa de ser apenas uma declaração vazia e passa a ser um objetivo.

Fernando Brito:

View Comments (18)

  • Daqui a pouco estará dando entrevista exclusiva à Míriam PiGão. Esse governo não aprende.

  • Com a saída de Levy evidentemente que o mercado financeiro e a Midia não gostaram. A Globo já esta lançando a opinião publica contra a equipe econômica ao dizer que a inflação vai aumentar e desemprego ir as alturas. Não se elegeram mas querem pautar o governo, quando não dá pelo golpe vai pela chantagem. O que eles queriam é o Arminio Fraga de 45% de juro ao mês como na época do governo deles.

  • Adeus, ministro banqueiro, já vai tarde! Embora não tarde demais! O setor parasitário banqueiro (e a taxa de juros) é para ser enquadrado, não para tiranizar a economia.

  • Boa noite,

    grana nossa tem que ser investido para os brasileiros! Até hoje não entendo essa granas de investimento estrangeiro ( saber eu sei). Temos que sair dessa roleta Russa. Pois agência não deve falar como devemos tocar nosso país. Essas agências substitui o FMI e temos que dar uma banana para eles.

  • Ohh Levy , boa viagem.....já vai tarde !
    Lembro de uma foto bizarra do Danilo Gentilli "esperando os processos".......acho que é mais ou menos daquele jeito que devemos esperar a opinião dos "economistas" pigais e das agências de rating....!
    Vamos adiante e aguardemos , em breve virão as pulguinhas amestradas do PiG pra encher nosso espaço de seu vômito pútrido, coisinhas insignificantes, lavadores de latrinas dos yankees.

  • Tem que despachar também o desministro da justissa. O depoimento de Lula vazou para a globo. Tem que mandar o diretor da pf junto e colocar um Ciro Gomes no lugar do cardozo. Se tivessem um verdadeiro chefe em quem confiassem, os policiais que atuam de maneira correta descobririam em meia hora quem vazou.

  • A escolha de Nélson Barbosa tem os méritos de facilitar a transição de ministros e dele ser alguém mais identificado com a Dilma. Levy sempre foi um peixe fora d'água no Governo. Sua saída vai ajudar a evitar tantas trombadas e mal estar na rotina diária. Por outro lado, considerando que o Barbosa já estava no Governo desde a época de Mantega, e ajudou a construir os resultados que temos hoje, terá ele condições de retomar o rumo de dias melhores?

    • Nelson Barbosa identificado com Dilma??

      Era tudo que nao precisavamos!!

    • Bolsonalisson, o manteguismo vai em vc (e no claus e nos seus outros personagens) como no último tango em paris

      • Vou me valer do maior instituto de defesa já inventado: lá ele!

  • Fui para a rua defender a democracia que foi motivo de luta na minha juventude e em memória de amigos que morreram nessa luta. Mas fui também por mudanças, mas não tenho ilusões que a correlação de forças nos permitirá ir muito adiante. Só a queda do Levy e a manutenção da Dilma na Presidência não é garantia de melhores dias para os trabalhadores. Essa correlação de forças só será revertida com mais mobilização popular. Não será esperando de nossos representantes institucionais que conseguiremos a reforma agrária, tributária, política com constituinte exclusiva e a aditora da dívida externa. Espero que esse ânimo do dia 16 se multiplique, que essa unidade de forças se amplie. A Argentina, Paraguai, Venezuela e Chile no passado são lições que não podemos esquecer. NÃO VAI TER GOLPE. A RUA É NOSSA.

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