É da “mitologia” política frase do senador Pinheiro Machado ao cocheiro que fora buscá-lo no Palácio do Conde dos Arcos (hoje a Faculdade de Direito da UFRJ), à porta do qual protestavam seus adversários políticos, recomendando que tocasse a carruagem “nem tão devagar que pareça afronta, nem tão depressa que pareça medo.”
O doutor Luís Roberto Barroso decerto não se lembrou disso, pois anuncia o jornalista Guilherme Amado, no Metrópoles, mandou enviar “correndinho” as respostas que, na noite de quinta-feira, que Jair Bolsonaro exigira que fossem dadas ao “nosso pessoal” do Exército, sobre a segurança das urnas eletrônicas.
São, segundo Amado, 69 páginas e três anexos com mais seiscentas e pico, provavelmente reproduzindo portarias e documentos interno do Tribunal que o TSE caracteriza como “sigilosos”, o que não é nenhuma garantia de que Bolsonaro não as vá divulgar. E pior, de forma torta.
É, aliás, o que provavelmente fará ao voltar da Rússia e da Hungria, se ali encontrar algo que possa ser explorado para lançar suspeitas e inseguranças.
O uso político dos questionamentos (que não se sabe quais são) enviados pelo Exército ao TSE, antes mesmo que pudessem ser respondidos é, por si só, uma deslealdade que não pode ficar sem gestos de justa reação por parte da corte eleitoral.
Assim como, depois disso, não há mais de se falar em sigilo, porque um dos lados do processo não se submete a ele e e usa versões que o próprio Barroso reconhece serem desleais, ao dizer que Bolsonaro “não precisa de fatos, [pois] já tem a mentira pronta“.