O Banco Central, segundo a Folha, anunciou que está disposto a gastar parte das reservas cambiais brasileiras para “segurar” a alta do dólar que, como se publicou antes, chegou à casa dos R$ 4,04.
Nos últimos 10 anos, as intervenções do BC eram na modalidade de “swap” – bem ou mal sucedidas – nas quais vendia dólares por um valor “x” com o compromisso de recompara por um valor “y”, operação na qual pagava um “juro” por ele próprio arbitrado.
Agora, sugere que vai vender dólar à vista, moeda mesmo, não uma operação escritural.
De onde vem o dólar? Das reservas acumuladas pelo país ao longo do governo Lula, essencialmente, reunidas para formar uma proteção contra os ataques especulativos do câmbio.
Não é o que estamos tendo agora.
A alta do dólar não vem de uma pressão sobre os emergentes, nem da supervalorização de nossa moeda, mas de uma deterioração estrutural dos mercados mundiais.
Que, por isso, não é de solução rápida, na qual meia-dúzia de intervenções cambiárias possam resolver. Sim, elas podem ser importantes nos momentos de crise, para preservar o comércio exterior de solavancos desastrosos, para contar a inflação interna provocada por desvalorizações e para dotar o país de liquidez cambial em situações agudas.
Mas não é o caso.
Se tivermos que usar excedentes de nossas reservas – aquilo que excede os limites prudenciais de acúmulo, como é facilmente compreensível se você imagina uma família que tem uma reserva na poupança para emergências – devemos usar para a recuperação de nosso crescimento econômico, não para interferir em processos econômicos cuja escala se dá a nível global e, portanto, fora de nosso controle.
Fazer isso é “torrá-las”.
Porque é, além de tudo, inútil. A contração da economia mundial não pode ser contida por este meio. As pressões inflacionárias do câmbio acabam contidas pela desvalorização dos nossos produtos de exportação.
Ou você acha que está pagando R$ 9 por um café de boa qualidade sem relação com o fato de que ele custa no mercado mundial um terço do que custava em 2011? Ou se a soja não custasse no mercado de commodities metade do que custava naquela época, você estaria pagando apenas um pouco menos hoje do que então na gôndola do supermercado pelo litro de óleo?
O controle das riquezas no mundo, faz tempo, não se dá pelo controle do valor das mercadorias, dá-se pelo controle da moeda.
Vamos colocar as fichas que nos restam num tabuleiro viciado?
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Ha alguns dias disse em outro comentario que o tchutchuka só ocupa o cargo para vender o que puder, fazer passar a capitalização e inventar uma engenharia financeira, daquelas que poucos compreendem para meter a mão nas reservas, e depois ir curtir sua velhice numa boa no exterior...curtir o nosso dinheiro, e da nossa cara......não sabe nada de economia, e nem é sua principal preocupação, espantoso é deixarem esse senhor destruir o país......
O mais impressionante é que eles nem se preocupam em enganar ninguém. Esta peça que outros chamam de economista já tinha anunciado claramente nos States que ia passar tudo nos cobres, e tudo era tudo mesmo, inclusive os prédios públicos tipo Palácio do Planalto, certo de que os patetas daqui nem entenderiam do que ele estava a falar. Isso lembra um bando de assaltantes que chega numa casa e é recebido a pão de ló, enquanto o próprio dono vai buscar o que tiver de valor para lhes entregar, sorrindo, numa boa. Vai passar até a escritura da casa e os documentos do carro, e depois se mudar para baixo da ponte.
"... Existem hoje no mundo US$ 15 trilhões (mais que o PIB da China) de investidores aplicados em títulos públicos de baixo risco e que rendem menos do que a inflação. O dinheiro está lá porque os seus donos preferem perder um pouco a expô-lo a riscos. Diante do pânico desta quarta (14), houve nova corrida para esse tipo de papel, sobretudo nos EUA. Outros investidores têm fugido para o ouro, e o metal já acumula alta de 27% em 12 meses. Ou para notas físicas de US$ 100, cuja demanda hoje é recorde, segundo o FMI, porque investidores temem tanto tensões geopolíticas quanto o colapso dos mercados. Apesar da aversão ao risco, índices das Bolsa de Valores de Nova York vinham batendo recordes históricos, mesmo sem que o lucro projetado de muitas empresas justificasse o valor dos papéis. Como assim? O aparente paradoxo é explicado pelas decisões que os bancos centrais das principais zonas econômicas do planeta tomaram desde a grande crise global de 2008-2009. Para salvar o mundo de um colapso, eles baixaram agressivamente suas taxas básicas de juro e injetaram desde então cerca de US$ 15 trilhões no mercado global comprando títulos de governos e de empresas em dificuldades. Como acontece com qualquer mercadoria, a maior oferta de dinheiro na praça fez seu custo diminuir, e o mundo se endividou como nunca. Somadas, dívidas de governos, empresas e famílias se aproximam agora de US$ 250 trilhões, o equivalente a 320% do PIB global e um recorde de todos os tempos..."
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/fernandocanzian/2019/08/municao-disponivel-contra-crise-que-nunca-acabou-pode-estar-perto-do-fim.shtml
Olha o FMI ai gente
Olha a inflação batendo à porta.
Argentina de Macro, nos aguarde.
O problema é se vamos dar a resposta nas urnas como os argentinos.
Sei não, o brasileiro não é tão politizado.
As reservas brasileiras estão virando fumaça. Próximo passo, assim como o Macri, ir com um pires na mão rumo ao FMI.
FODA !
A arrogância do Bolsonaro, é arrogância de quem tem as costas largas. São as costas do Donald Trump.Dominar no grito as próprias Forças Armadas e seus generais? Só tendo as costas mais largas que as deles. Confiado nessa proteção é que ele está a pintar e bordar, chegando ao cúmulo de xingar o futuro presidente da Argentina, um homem sabidamente honrado, de bandido. Este menino levado ainda vai deixar o próprio Trump em maus lençóis, se lá dos States não lhe cortarem as asas.
O neoliberalismo transformou-se em um sistema econômico especializado em desviar recursos públicos para as mãos dos milionários e dos especuladores de todo o mundo. Um esquema global de corrupção no atacado.
Governos e políticos que ainda defendem e implementam esses tipos de medidas sabem muito bem disso. Aliás, são beneficiários diretos disso.