Já estou velho e, na política, bem velho mesmo.
Já vi alegarem-se, cem vezes, “razões de ordem pessoal” ou de “foro íntimo” para auxiliares pedirem demissão, cobrindo com gentileza e recato as diferenças com o “chefe”. É-lhes oferecida, até, a oportunidade de serem exonerados “a pedido”, para que a encrenca disfarce os ares de briga.
Mas demissão em que a autoridade que demite alegue “motivo de foro íntimo” para a degola, francamente, é a primeira vez.
A verdade é que Jair Bolsonaro, desde o “mentiroso” lançado às redes sociais, foi quem expôs as vísceras das desavenças com seu ex-braço direito.
Não lhe ofereceu, sequer, como nos tempos de Hitler, uma Lugger embalada para pôr fim à própria vida política.
O vídeo que postou, minutos atrás, agradecendo o empenho de Gustavo Bebianno na campanha de 2018, com cara de poucos amigos e voz endurecida pela leitura de um texto, se por acaso é a paga de algum acordo com o ex-auxiliar, seria baratíssimo politicamente.
O movimento das peças no tabuleiro, tal como aconteceu na semana passada, é de Bebianno. É ele quem decide o grau de dano que irá causar ao ex-capitão, se aberto ou sussurrado.
Bolsonaro deixou de lado a primeira regra do combate: não humilhar o derrotado.
Como, porém, fez a concessão de agradecer, falso e hipócrita, ao “morto”, fez ainda pior: degradou a exibição de seu poder.
Jair Bolsonaro tem a faixa presidencial, a caneta Bic, o poder e apoio político dos seus incondicionais.
Para o restante, e o restante é muito, amolambou-se.
Não mostrou força, clareza, decisão, ousadia. Mostrou grosseria, vacilação e, sobretudo, medo do que Bebianno viesse – ou venha – a dizer.
Bolsonaro perde, além de imagem, o seu interlocutor político com uma peça-chave no seu processo de vida ou morte para aprovar uma reforma previdenciária “pesada”, porque o único civil que remanesce no Planalto, Ônyx Lorenzoni, é pessoa com notória dificuldade de trato com Rodrigo Maia, presidente da Câmara.
O rosto que apareceu no vídeo que a Globonews reproduziu era o de um homem tenso e amedrontado, quase que cumprindo um papel de se pronunciar, não o de defender os seus atos.
Assista e confira:
View Comments (33)
num vô assisitir não
num guento essa cara, menos ainda essa voz
Idem
ainda mais depois da janta. seria desperdício de um feijão bem temperado.
Idem
Haja estômago!
Idem e quero que o roscófi deste FDP pegue fogo.
Assiste sim, é patético.
Dá um pontapé na bunda e deseja sinceros votos .....
Parece o Haddad, Bolsonaro era um fascista, depois ele deseja êxito. Mesmo nível.
Cadê a motivação do ato público?
Foro íntimo.
E a Deforma foi pro espaço.....Tô adorando.....PEGA FOGO CABARÉ!!!
Não entendi nada. Como ele foi tudo isso, mas foi demitido?
assistir... é pedir demais, caro Fernando. Confio nas sua descrição e lamento que vc tenha sido obrigado a ver
Bozo é o Eichmann tupiniquim.
A banalidade do mal...
Por uma questão de foro íntimo, quero que este desgoverno vá à merda!
Não adianta tentar olhar o mundo bolsonariano que nos envolveu com os olhos de um mundo que já vivemos e que passou inapelavelmente. Perdemos nosso orgulho como nação e nosso sentido de identidade. Estamos agora dentro de um pesadelo e dinamitaram o caminho para a saída de volta. Acredito que dezesseis anos vão se passar até que o Brasil tenha novamente condições de respirar com alguma vontade própria e começar a criar meios concretos para voltar a ser um país independente. Vai dar tempo de quem pensa que é nosso dono sofrer uma mudança radical, o que nos ajudará a recuperar nossa liberdade.
A dúvida que fico é como esse governo de 1/3 de generais no ministério vai enfrentar a impopularidade. Ei general vai tomar no C*. Imagine a cena.
Agora, é ver o que Bebianno tem a dizer e se vai dizer ou "tremer nas bases".
Fala, Bebianno. Ajuda o Brasil a limpar a Presidência da República do lixo que você ajudou a por lá!