O ex-presidente Donald Trump tira “sarro” de Joe Biden, dizendo que o presidente russo “está errado, mas foi genial” em sua estratégia e que se ainda estivesse na presidência dos EUA “isso nunca teria acontecido”.
E a grande mídia recebeu isso em silêncio, sem acusações de “russismo” ou de antipatriotismo a Trump.
Por quê? Porque todos sabem que o atual presidente norte-americano conduziu muito mal a crise e que, neste momento, todas as vantagens estão com os líderes russos.
Putim pode, neste momento, fazer tudo e isso inclui não fazer nada espalhafatoso, talvez mandar que seus tanques circulem de um ponto a outro da fronteira, para que a Otan anuncie, pela enésima vez, que “é hoje” a invasão da Ucrânia.
(a ultima previsão é de que o ataque começaria às 4 da manhã, hora local, 23 horas de hoje, no horário de Brasília)
Assim como pode fazer passar armamento para os separatistas, porque eles estão a salvo de qualquer ataque maciço das forças ucranianas, que seriam expostas como autoras de um massacre.
Biden anunciou e ainda vai anunciar sanções econômicas que muito pouco afetarão a Rússia, com farto mercado para seu gás e petróleo na China. No mais, esta história de congelamento dos bens russos nos EUA e de restrições pessoais aos dirigentes russos não causam mossa. Ou alguém acha que Putin vai reclamar de não poder tomar sol na Flórida?
Os norte-americanos e europeus, porém, também sofrerão prejuízos com os combustíveis mais caros.
E a Ucrânia?
Bem, os “aliados” da Otan mandam armas, mas já deixaram claro que não vão mandar tropas de solo. Biden ontem mesmo reafirmou que não haverá “boots on the ground”, como dizem eles por lá. Mesmo assim, torce por uma ação militar aguda da Rússia, para que possa dizer que “tinha razão”.
Putin não tem o desafio de grandes batalhas e pode manter uma situação de tensão por longos meses, o que significaria a ruína para os ucranianos.
O Conselho da União Europeia aprovou, anteontem, uma ajuda de 1,4 bilhões de dólares para o pais, condicionados a adoção de medidas definidas pelo FMI. Dos EUA, ainda não se sabe o que virá mas, somando tudo, não é nada para Kiev num quadro de asfixia continuado e com despesas militares em disparada, pois o governo quer aumentar em 50% os efetivos. Em 2020, antes do acirramento da crise, a Ucrânia já gastava US$ 6 bilhões com suas Forças Armadas.
O país está claramente servido de “bucha de canhão” entre a Rússia e a Otan, numa falsa questão diplomática que não existiria se a organização militar do Ocidente estivesse disposta a considerar o país uma zona neutra e a integração que a Ucrânia deseja fosse conduzida pela via da União Europeia, não por uma adesão militar ao bloco comandado pelos EUA.
A Ucrânia, afinal, não lhes importa nem um pouco: é apenas um pedaço de terra para seus interesses geopolíticos.