BNDES de Temer diz que BNDES de Lula fez bom negócio com a JBS

Uma coisa é Joesley Batista corromper pessoas em troca de favores que aumentem sua fortuna, o que é abjeto.

Outra coisa é sua empresa – muito bem sucedida nos negócios – ter empréstimos que elevem sua capacidade, desde que pague por eles e isso contribua para o desenvolvimento da economia brasileira.

A melhor resposta a esta onda que se faz contra o BNDES e seu corpo técnico – pelo qual passa, sem exceção, todo e qualquer pedido de empréstimo – é a declaração, publicada hoje pela Folha, do presidente indicado por Michel Temer pela instituição, sobre o qual não pode pesar nenhuma suspeita de que tenha motivos para defender os negócios do BNDES nos governos Lula e Dilma:

O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, afirmou nesta sexta (14) que o apoio à JBS “foi um dos negócios mais bem bolados e bem sucedidos” do BNDESPar, o braço de participações da instituição, que detém 21,3% das ações da companhia. A declaração foi dada durante a divulgação do Livro Verde do BNDES, documento elaborado para defender as operações do banco nos últimos anos e, segundo o executivo, fazer uma “grande prestação de contas, diante de dúvidas suscitadas a partir do momento político”.

Nas contas apresentadas por Rabello de Castro – um economista notoriamente neoliberal – a banco injetou R$ 8,11 bilhões na empresa, recebeu R$ 1 bi em dividendos, vendeu R$ 4,04 bilhões em ações recebidas e ainda tem R$ 6,63 bi em papéis da empresa, em valores do final do ano passado. São, portanto R$ 11, 67 bilhões, R$ 3,5 bilhões a mais que o investido.

O investimento na maior empresa de proteína animal correspondeu a um quarto – 26% –  do total destinado ao setor de carnes (embora O Globo faça uma marotagem somando os 12% investidos na Mafrig muito antes se sua compra pela JBS , para exibir uma fatia de 38%). Mas, no próprio jornal dos Marinho o gráfico que eu reproduzo no alto do post mostre que o valor é muito menor do que o aplicado em empresas de grande porte.

Noutro ponto, os dados divulgados pela direção “temerista” do Banco também revelam o acerto do apoio financeiro aos programas de financiamento de exportações de serviços de engenharia (onde a Odebrecht era a líder) , viabilizando as obras das empreiteiras brasileiras em troca da contratação de serviços e materiais no Brasil: em 20 anos de operações, especialmente na Aérica Latina e na África, só uma delas  – o Aeroporto de Nacala, em Moçambique – registrou atraso de pagamento.

Um sucesso que, ao que eu saiba, nenhum banco privado conseguiu obter com seus financiamentos. E tudo isso vinda dando lucros imensos ao banco, que pagava dividendos ao Tesouro Nacional.

E que está, como todos sabem, sendo destruídos por razões que nada tem a ver com moralidade, antes o contrário.

 

 

Fernando Brito:

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