Bob Fernandes, o parlamentarismo e os ratos

Imperdível o comentário de Bob Fernandes no Jornal da Gazeta da noite passada, que transcrevo a seguir e reproduzo, em vídeo, ao final. Sem deixar de mostrar a todos a magnífica charge do Laerte, na Folha, que resume toda a ópera. Ópera bufa.

Temer diz que semipresidencialismo seria “muito útil para o país”. Útil para ele e para a outra metade desse “semi”.
A primeira metade do semi seria o presidente. Outra metade seria o Congresso, que elegeria o Chefe do governo. Como no sistema parlamentarista.
Imaginem, só por hipótese, o desastre: o Brasil governado por um Temer e por um Chefe escolhido por um congresso igual ao de hoje?
Temer sinaliza para esse congresso algo assim como “tamo junto, vamo junto nas próximas”. São esses que querem semipresidencialísmo, distritão ou assemelhados. 
Essa aberração seria perpetuar o que está ai: um presidente sem votos que chegou ao Poder numa farsa executada, no último ato, pelo pior Congresso da história.
Se aprovado, o modelo eleitoral “distritão” consolida o desastre.
Esse modelo elege o mais votado em cada distrito. Na aparência é legal. Na prática, favorece a manutenção dos que já estão e liquida de vez com a fidelidade partidária.
E nos distritos em que quem tem poder e dinheiro é o narcotráfico?
E quem terá chance nos distritos em que candidato é célebre por ter exposição numa rádio? Ou numa TV? Ou em igrejas? Que congresso e governo saem disso?
Isso para o futuro. Para o presente temos: “Para fazer caixa governo propõe privatizar a Eletrobras”.
Motivo caixa à parte: quem terá, na prática, o controle de decisões estratégicas no setor energético?
Quais países importantes do mundo abrem mão do controle de decisões estratégicas nesse setor?
Já presente no controle e distribuição de energia em boa parte do Brasil, a China mantém o seu setor energético sob absoluto controle.
E não apenas a China entre países que sejam ou pretendam ser grandes e independentes.
E notícias preocupantes em outra frente: hoje o Bom Dia Brasil, da Globo, informou: ratos estão tomando conta das ruas de São Paulo.
“Eles estão se multiplicando”, alerta o biólogo Randy Baldresca, que descreve os três tipos: rato-de-telhado, camundongo e ratazana.

Fernando Brito:

View Comments (13)

  • Na mosca.. Vida longa ao Tijolaço. Precisa colocar ratoeiras especiais no Congresso. A saída seria a eleição de uma Constituinte...independente deste Congresso de farsantes

  • Cleusa, não desanime não. Já passamos por coisa pior na década de 60 ...vade recum. Todos nós precisamos alertarmos ao eleger nossos representantes no Congresso. Infelizmente, este que aí está foi eleito...portanto levamos parte da culpa.

  • Brizola, há 30 anos (16/8/1983):
    Como caiu o Parlamentarismo
    As elites (maioria no Congresso) violaram a Constituição, de madrugada, em 1961. Impuseram à Nação um parlamentarismo exótico e impraticável. O que queriam mesmo era impedir João Goulart de exercer a Presidência como, hoje, querem impedir as eleições diretas. O regime não funcionou. Vivíamos em crise. O povo se mostrava indignado como o procedimento das elites, como agora. Reclamava o seu direito de chamar a si a decisão através de um plebiscito. Utilizando-se da tradição de legalidade das Forças Armadas, aqueles políticos teimavam em impedir que o povo exercesse o seu direito de ser a única fonte do poder legítimo. Esse era o quadro, quando se conseguiu levantar e aprovar o nome de Francisco Brochado da Rocha para Primeiro-Ministro. Professor de Direito Constitucional – também um indignado com aquela usurpação – antes de assumir o Dr. Brochado da Rocha aceitou a minha tese de que sua investidura devia estar, indissoluvelmente, vinculada à realização do plebiscito. Tratava-se de um imperativo democrático. Empossado no cargo, nada conseguiu Sua Excelência, pelos caminhos da persuasão. Dia 7 de setembro de 1962, após a parada militar em Porto Alegre, convidei-o e ao comandante do III Exército para uma conferência em Palácio. O general Jair Dantas Ribeiro manifestava-se preocupado com a ordem pública. Após um relato do Primeiro-Ministro, sugeri que aquelas razões do Comando do III Exército fossem tornadas públicas, dado que se tratava de assuntos públicos, do interesse direto e imediato de toda a população. Aceitas as minhas ponderações, o general Jair Dantas Ribeiro telegrafou, no dia seguinte, ao Sr. Ministro do Exército, a seus colegas – no Rio o comandante era o general Osvino Ferreira Alves – e ao próprio Primeiro-Ministro, invocando suas dificuldades em manter a ordem, diante do crescente clamor público. O professor Brochado da Rocha foi ao Congresso e ofereceu a sua renúncia, frente à atitude antidemocrática das oligarquias em negar o plebiscito. Com ele caíram os ministros, civis e militares. As elites no Congresso não tiveram alternativa senão convocar o plebiscito, que se realizou no dia 6 de janeiro de 1963. Mesmo assim, conseguiram evitar a simultaneidade com as eleições parlamentares e de governadores, facilitando-se, dessa forma, a nefasta e espúria ação do IBADE naquele pleito. Votaram no plebiscito mais de 10 milhões de eleitores; 90% deles, contra o parlamentarismo. Caiu, assim, aquele regime iníquo: casuísmo utilizado pelas oligarquias para se manterem no poder contra a vontade do povo e os altos interesses da Nação. Tal como pretendem, agora, outra vez.

    (Há dois anos, se houvesse parlamentarismo no Brasil, quem duvida que Eduardo Cunha teria sido nosso primeiro-ministro?)

    • Lembre-se: A Eletrobrás valia em torno de 28 bilhões de dólares quando a Dilma assumiu. Forçou a barra por decreto impedindo revisão de tarifas para fazer populismo e as ações da Eletrobrás despencaram. No final do seu mandato (impeachment), a Eletrobrás só valia (e só vale) em torno de 8 bilhões e está devendo 47 bi (A Petrobrás é sua maior credora) , tornando inviável a sua manutenção pelo Governo, que aproveitando a cagada da Dilma, vai leiloar a Eletrobrás para arrecadar dinheiro para pagar bancos, diminuindo a dívida pública, e aproveitar para quitar o que falta do compromisso assumido com os deputados que votaram impedindo sua condenação.
      Não adianta ter paixão por um líder sem experiência e capacidade, que inevitavelmente nos conduz a um buraco sem fundo. A saída não é o Parlamentarismo e nem a volta do PT.

      • Vc É UM IDIOTA QUE ENGOLE COM PRAZER TODO O QUE A MÍDIA GOLPISTA MASTIGA PARA VC.
        SEU INTELECTO É DEFICIENTE E SUA MORAL É PENOSA.
        DIZEM QUE UMA EMPRESA DO TAMANHO DA ELETROBRAS CUSTA ESSES TROCADOS É SÓ PARA IDIOTA COMO VC SAIR REPETINDO POR AÍ,PESQUISE,INFORME-SE E NO MÍNIMO SEJA BRASILEIRO E PENSE NO ESFORÇO QUE O POVO REALIZOU AO LONGO DE DÉCADAS PARA TER UMA EMPRESA QUE NO SEU RAMO DE ATUAÇÃO É UMA DAS MAIORES DO MUNDO.
        SEU IMBECIL, SÓ FALTA CULPAR A DILMA POR SEU MISERÁVEL NÍVEL INTELECTUAL,IDIOOOOOOOOOTA !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • Um dos possíveis desdobramentos do golpe continuado: Aécio de Papelão se apresentaria para primeiro-ministro desse povo de papelão

  • Muito bom. Mas também recomento - sobre este e outros assuntos - o programa da Monica Waldvogel, de ontem, 22 de agosto. Surpreendente de bom. Entrevistados eram o Sergio Fausto, presidente do Instituto FHC (instituto, fundação sei lá...) e o Fernando Haddad (pelo visto, meu plano B). A preferencia pela franqueza e honestidade intelectual nas análises dos entrevistados fez com que coincidissem em boa parte - se não em tudo - nas falas sobre 'tudo o que está aí" - a conjuntura. É pra conferir... .

  • Adirson, aí acima dizendo que a Eletrobrás "só valia (e só vale) em torno de 8 bilhões" está descaradamente mentindo. Basta usar o Google para verificar isso. Porque todos os defensores de privatização são tão desonestos?

  • ESSES BANDIDOS FAZENDO A REFORMA POLÍTICA É IGUAL AO FERNANDINHO E O MARCOLA FAZENDO A REFORMA DO CÓDIGO PENAL.
    UMA CONSTITUINTE EXCLUSIVA COM PESSOAS SÉRIAS ,HONESTAS ,INTELIGENTES E NACIONALISTAS TERIA RESOLVIDO O PROBLEMA .
    ESSA QUADRILHA QUE ESTÁ LÁ NÃO O FARÁ,SÓ SAIRÃO LEIS QUE PERPETUEM O QUE ESTÁ AÍ.
    O LIXO QUE A MASSA IMBECIL QUE POVOA ESTE PAÍS COLOCOU LÁ ,NÃO CAÍRAM DE PARAQUEDAS.

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