Jair Bolsonaro diz que não tem provas, mas sabe de todos os detalhes: na eleições de 2018, “um hacker”, dentro dos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral, roubou 12 milhões de votos (12, não treze ou onze) e deu-os a seu adversário ou anulou-os.
“O que se chega aqui, agora fica a suposição, não posso afirmar também, que tinham acertado que esse hacker desviaria 12 milhões de votos meus e, como eu tive muito voto, não foi suficiente ou não foram suficientes 12 milhões de votos retirados de mim ou anulados. E dai então houve o fato de eu ter ganhado as eleições”
É impressionante que um presidente da República – e justamente o vencedor daquelas eleições – aponte uma fraude deste tamanho na escolha de um presidente e isso possa ser tratado como uma treta, com uma acusação desta gravidade como uma simples “treta”.
Na mesma entrevista, supostamente depois de dizer que “aceitaria” a decisão da Câmara que derrotasse a mudança do sistema eleitoral para que a contagem fosse manual, disse que este resultado pode acontecer porque [Luís Roberto] Barroso estaria pressionando os deputados, porque “tem parlamentar que deve alguma coisa na justiça, deve no Supremo. ”
Então, além de fraude eleitoral, tem chantagem sobre deputados por parte de um ministro do Supremo, que lhes estaria prometendo “indulgência” criminal por conta de um voto favorável a manter o sistema eleitoral.
Ambos, crimes e, portanto, acusar alguém disso, sem que seja verdade é, diz o Código Penal, é crime de calúnia.
O país, infelizmente, não tem uma Procuradoria Geral da República que interpele alguém, com as responsabilidades de Chefe de Estado, diga o que Bolsonaro está dizendo (e repetindo).
Está mal o STF deixar passar em branco algo assim, a pretexto de considerar que a derrota na Câmara vai sossegar Bolsonaro.
Ele não vai parar, está claríssimo.