Excelente e corajoso o alerta feito hoje por Celso Rocha de Barros na Folha. Diante da escalada autoritária de Jair Bolsonaro, não há como usar de meias-palavras em relação ao que diz e ao que faz seu governo.
De agora em diante, o governo Bolsonaro deixa de ter aliados para ter cúmplices numa aventura autoritária.
Escalada autoritária
Celso Rocha de Barros, na Folha
Justiça seja feita: se Bolsonaro não tentasse destruir a democracia brasileira, teria praticado estelionato eleitoral. Foi isso que passou a campanha inteira dizendo que faria.
Durante todo o ano de 2018, Bolsonaro repetiu que não reconheceria uma derrota —isto é, que tentaria um golpe de Estado se Fernando Haddad tivesse sido eleito.
Seu filho Eduardo Bolsonaro, nosso futuro embaixador em Washington, declarou que, para fechar o STF, bastariam um soldado e um cabo.
Quando indagado, no programa Roda Viva, sobre seu livro de cabeceira, Bolsonaro citou, às gargalhadas, as memórias falsificadas do torturador Brilhante Ustra, que já havia homenageado na votação do impeachment.
Faltando uma semana para a eleição, com 20 pontos de vantagem sobre o opositor, Bolsonaro discursou dizendo que para a esquerda só restariam o exílio ou a prisão.
Sinceramente, vocês acharam que a Presidência desse sujeito ia ser o quê?
Nesses seis meses, não houve nenhum gesto de moderação. A deputada bolsonarista Bia Kicis propôs revogar a PEC da Bengala para permitir que Bolsonaro nomeasse mais ministros para o STF —um entre vários movimentos extraídos do repertório do ditador húngaro Viktor Orban.
Militares filmaram ostensivamente uma palestra na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência porque o palestrante tinha críticas à política ambiental de Bolsonaro.
O general Santos Cruz foi demitido de maneira humilhante porque entrou em conflito com a extrema direita bolsonarista.
Os ataques à imprensa começaram contra a Folha; prosseguiram —sempre sórdidos, sempre imundos— contra jornalistas do Estado de S. Paulo, da Globo e de toda a imprensa independente.
As universidades estão sob cerco, e toda a máquina governamental brasileira está engajada em uma guerra contra a ciência.
O Brasil passou a votar com a Arábia Saudita na ONU em todas as questões relativas a direitos humanos. Olavo de Carvalho começou a fazer doutrinação de graça para policiais, para a eventualidade de os militares se provarem democratas.
Depois da votação da reforma da Previdência, a escalada autoritária se acelerou.
Convicto de que a elite agora estava devidamente comprada, Bolsonaro tornou-se mais ousado. Os ataques contra Míriam Leitão foram o começo dessa ofensiva.
Mas foi com a guerra à Vaza Jato que Bolsonaro percebeu a possibilidade de destruir a democracia em nome do combate à corrupção. Não há combate nenhum, é claro: há, sim, um acordão para livrar Flávio Bolsonaro, com Supremo, com tudo. Mas, na falta de uma reputação de honestidade própria, Bolsonaro parasitou a de Moro, que, coitado, acha que isso tudo é para defendê-lo.
Como parte dessa escalada, no último sábado, Bolsonaro cruzou uma linha: sugeriu que Glenn Greenwald, fundador do Intercept, havia se casado e adotado duas crianças para não ser deportado, acrescentando que o jornalista poderia “pegar uma cana” no Brasil.
É inaceitável e é mais um esforço bolsonarista de nos fazer cansar sob o peso do nojo.
Quanto antes os brasileiros entenderem que o bolsonarismo odeia tudo que neles é livre, maiores serão as chances de preservarmos a liberdade que nos resta. A escalada autoritária prossegue e é cada vez mais acelerada.
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É inacreditável que uma cambada de JUMENTOS não perceba as intenções
dessa outra CAMBADA de FDP !
A elite brasileira é tão PODRE que vai preferir naufragar com o Bolsonarismo e seus "bolsoantas" do que tentar recuperar o que um dia foi um país maravilhoso com chances de todos poderem ter o seu lugar ao sol. A grande dúvida que fica: no quê a "elite" perdeu nos governos de esquerda de 2002-14?
perderam a noção
Nada,ganharam muito,muito dinheiro e num dos erros monumentais dos pts preservaram seu poder e todos os seus privilégios .
Na tal de conciliação social praticada pelo partido de CENTRO petista e de seu líder Lula ,isto era possível.
Nas palavras de Noam Chomski " os pts distribuíram renda ,não riqueza".
concordo com você.
Não haverá saída pacífica para a desgraça em que nos meteram.
Mas, penso que somos maioria, mas desarmados(de armas de fogo). Eles têm as armas de fogo.
Perderam a sensação de divindades, de exclusividade. "Não vou mais para Paris, da última vez minha empregada doméstica também estava lá!"
Ódio contra os pobres. Ódio de classe. Fazem uma guerra de classes enquanto tentam convencer, o tempo todo, que guerra de classes é invenção do PT.
Perderam o espaço que julgavam intransponíveis, nos aeroportos, nas universidades, nos shoppings, nas rodovias, enfim, em toda atividade e locais que devem ser públicos, porém, o peso maior ficou por conta da educação superior, anteriormente destinada as classes mais abastadas, atravessar esta barreira foi um ato fatal. Nossa elite não poderia perder seus fornecedores de mão de obra barata, a classe pobre e iletrada brasileira.
Agora? Agora os isentões estão preocupados com a destruição da democracia brasileira? Não lembro de nenhum artigo ou editorial chamando a atenção da opinião pública para o perigo da eleição de Bolsonaro ou dos métodos da "operação" LJ para a democracia e as instituições do país. Ao contrário, todos tratavam a anomalia com não digo normalidade mas condescendência, mesmo depois do golpeachment contra Dilma, da prisão de Lula e de sua inelegibilidade. E não falo é claro da Grande Imprensa. Lembro que pedia encarecidamente ao The Intecept Brasil uma postura clara, corajosa e incisiva contra a candidatura de Bolsonaro no segundo turno das eleições. O editor chefe Leandro Demori, que agora está contracenando com o falso arrependido de última hora, Reinaldo Azevedo, disse que era "patronal e fora de moda" fazer editorias a favor deste ou contra aquele candidato. Realmente era pedir demais, os jornalistas brasileiros podem até sair da Grande Imprensa mas a Grande Imprensa não sai do jornalista. Os postos e os cargos são poucos e o apetite é enorme. O mesmo editorialista "moderninho" que não gosta de escrever editoriais pouco dias antes da malfadada eleição "explicava" o "fenômeno Bolsonaro" lançando mão do recurso famoso de que afinal era tudo culpa da "corrupção do PT" e dos "intelectuais de esquerda" que ao contrário do Mito não sabem falar a língua do "Brasil real"(?); tudo neste nível genérico de sociologia de botequim. Era o famoso exercício de "imparcialidade" tão conhecidos de nossa Grande Imprensa, coisa que simplesmente não existe em nenhuma democracia avançada e em um ambiente pluralista. Mas qualquer um que levantasse a voz era imediatamente classificado como "militante petista". No Brasil só existe "petistas" o resto são todas e todos, cidadãs e cidadãos de bem, que pensam na nação. Começo a pensar que aqui a "anomalia" é mesmo a democracia, mesmo essa nossa franzina e Severina, o "normal" mesmo é um "governo"'como o de Bolsonaro, como o Regime de 64, como a ditadura do Estado Novo ou a República Velha onde a questão social era questão de polícia. Desculpem-me o longo e bílico desabafo.
Muitoo bom.
Sempre venho repetindo, a prioridade zero para sair dessa encalacrada e não dar chance de repetir é abominar o chamado antipetismo. Não dá pra achar essa aberração como algo normal. Isso entra no ról do racismo, homofobia, machismo e xenofobia. Ninguém deve ter coragem de se declarar de cara lavada antipetista. Só assim tiraremos força do fascismo.
Por isso é bom o trabalho sobre os isentões, convictos e arrependidos( se existirem), eles não devem ser o antitudo, mas o pró algo.
Seu texto não foi longo. Foi preciso. Cirúrgico. E necessário. Parabéns!
Em minha opinião, só faltou que tudo isto é apenas mais um lance da luta de classes em que estamos mergulhados.
Tudo o que temos pra falar deste estúpido que nos governa é pouco. Um serviçal do Trump. Acredito que ele vá avançar mais ainda contra a democracia. Moro e Deltan Dinheirol com sua sede de poder, fama e dinheiro atropelaram o CPP, usaram o sistema de justiça como ferramenta política, apesar de estarem sendo blindados pela Globo/Record/SBT(Sistema Bolsonaro de Televisão) serão totalmente desmascarados brevemente, acredito que essa blindagem chegará a um ponto insustentável, o que está ajudando muito são as declarações do estúpido Presidente que só fala merda.
Grande imprensa. Puro jornaLIXO.
A FSP e quase todos os seus "jornalistas" ajudaram a implantar a atual ditadura midiático-judicial.
Tudo indica que ele não vai querer largar o poder, e vai dar merda!
Esses mais de 40 militares no governo.
Militar só serve no quartel.
Parei de levar a sério o artigo quando li “na falta de uma reputação de honestidade própria, Bolsonaro parasitou a de Moro, que, coitado, acha que isso tudo é para defendê-lo“. Moro “coitado”, Moro “inocente”... só querem trocar um Bolsonaro que lhes dá vergonha por um outro facista que lhes seja mais palatável. Bolsonaro é um monstro inominável, mas mil vezes ele que João Doria.
É preciso reagir sempre e rejeitar os retrocessos cotidianos do Fascismo de Bolsonalha e Sergio Moro! Este último é o mais canalha dos brasileiros e chefe de uma ORCRIM que parasitou segmentos da PF, do MPF, e do Partido Nazi-Judicial Maçônico do Brasil! Serginho Narciso, servido interesses escusos internacionais e fascistas internos cooptou segmentos do 4TRF, do TSJ, e STF para levar à cabo a infame missão de condenar LULA, mesmo sabendo que este não cometeu crimes. Sem provas, Sergio Moro instituiu o crime de "Ato Administrativo Indeterminado" e a ilógica realidade de alguém possuir a "atribuição de um imóvel através de denúncia de terceiro". assim, Serginho Narciso estuprou o Judiciário brasileiro e atirou o País no Caos!
Como se vê, a Democracia já era!
E o fux que passou informação privilegiada e compromisso de decisão judicial a alguns bancos...?
Que país é esse?????
Sim é preciso deter Hitler, o "Reichstag" está em CHAMAS!