Jair Bolsonaro segue dando uma de valentão de porta de botequim.
Agora diz que era do tempo em que “decisão do Supremo não se discute, se cumpre” mas que “não é mais”.
A irritação com a decisão do Supremo em continuar disposto a punir a disseminação de fake news ´transtorna o presidente, que admite fazer o mesmo que o ex-deputado Fernando Fraceschini, que exibiu uma montagem falsa sobre fraude nas urnas:
Esse deputado não falou fake news, porque o que ele falou na live eu também falei para todo mundo, que estava havendo fraude nas eleições de 2018.Eu não vou viver como um rato, tem que haver uma reação”
Que fraude foi essa que lhe deu uma vitória folgada nas urnas? Que reação é essa, fora da disputa judicial; disparar rojões sobre o STF, como fez a tal Sara Winter?
Mas não foi só.
Bolsonaro chamou o ministro Luiz Edson Fachin – um dos mais notórios adversários de Lula no STF – de “marxista-leninistas” e disse que, no caso da recusa na fixação do marco temporal na demarcação de terras indígenas, ou entrega as chaves do Planalto ao STF ou, simplesmente, ignora a decisão.
O Supremo já não tem liberdade de funcionamento: de bolsominions babujando ódio a tanques desfilando às suas portas e com o indulto a facínoras que prometem surrar os ministros, os ministros estão sendo forçados a adiar julgamentos para evitar o que provoque faíscas com Bolsonaro e os que lhe servem de leões de chácara.
O mecanismo de freios que representaria o Legislativo, sem o qual não se pode julgar o presidente por crimes de responsabilidade deixou de existir com a desavergonhada compra do parlamento com bilhões do Orçamento secreto.
Bolsonaro, diz-se cada vez mais no jornalismo político, entrou em “modo desespero”.
Engana-se quem achar que isso se restringe às politicas econômicas tresloucadas para baixar preços por decreto e armar um estelionato eleitoral com os combustíveis.
O desespero está instalado também na seara institucional. Tudo o que puder mobilizar para uma ação subversiva ao processo eleitoral pode e será usado, no limite das possibilidades.
Os apelos ao armamento de civis são públicos e escancarados, e as armas sequer são apresentadas mais como instrumento de defesa pessoal, mas “das liberdades” e “da nação”.
Ele acha que tem dois exércitos: o de fanáticos, que se sublevartá e o oficial, que irá garanti-lo.
O valentão só recua sob uma percepção, a de que irá apanhar.
No caso deste, uma surra de votos.