Os tuítes do em breve ex-chanceler Ernesto Araújo, indicando que haveria um lobby no Senado para que o Brasil permitisse a participação da chinesa Huawei na licitação para a implantação da tecnologia 5 G de redes de telecomunicações são uma tentativa evidente de que, perdidas as condições de continuar no caso, o sujeito tenta colocar um suposto complô da China como a razão de sua queda do governo.
Não sejamos injusto com os chineses: Araújo caiu sozinho, na execução canhesta, obtusa e ridícula política de alinhamento automático com a canhestra, obtusa e ridícula política de Donald Trump. A derrota do republicano deixou-o sem nenhuma razão para permanecer lá, senão as afinidades com a família e a seita bolsonarista.
O que, aliás, mesmo com a vitória de Biden não precisaria ter acontecido, pois a política externa do novo presidente tem, até agora, muito pouca diferença da do seu antecessor. Mas o trumpismo explícito e vergonhoso de Araújo, até mesmo no episódio do Capitólio deixou-o sem qualquer diálogo com os norte-americanos.
Claro que o chineses fazem lobby pela Huawei, mas é uma tolice dizer que eles são os que o executam nos meios políticos. Nem precisam, porque as teles instaladas no Brasil são – e publicamente – as maiores defensoras da gigante chinesa, por razões comerciais e tecnológicas.
Mas a queda de Araújo é parte do plano de “amansamento” do governo Bolsonaro e, agora, a bola da vez, depois de defenestrado Eduardo Pazuello, que ocupava o papel de idiota-mor da companhia.
Agora, vive o triunfo idiota de ter virado “herói” dos alucinados nas redes sociais.
Já o Centrão, ainda lambendo os beiços de mais uma presa, não vai parar e logo teremos um outro ministro na mira. O da Educação é candidato, mas só se não acharem que chegou a hora no prato principal: Paulo Guedes.
Com demoras e caras feias, o ex-capitão entregará a cabeça do amigo de Olavo de Carvalho, mas sem entregar o cargo, como fez na Saúde, a alguém que tenha as bênçãos do Centrão.
Fez com Weintraub, fez com Pazuello e fará com Araújo.