Jair Bolsonaro diz que vai apelar para o “patriotismo” dos supermercadistas para não deixarem continuar a subir o preço dos itens da cesta básica, cujo valor está disparando por conta do câmbio, que torna mais lucrativo exportar e, para deixar aqui, tem de acompanhar o que se obtém vendendo para fora.
Falando a apoiadores, hoje, disse:
“Só para vocês saberem, já conversei com intermediários(!!!!), vou conversar logo mais com a associação de supermercados para ver se a gente … não é no grito, ninguém vai dar canetada em lugar nenhum”, disse o presidente, continuando depois: “Então estou conversando para ver se os produtos da cesta básica aí… Estou pedindo um sacrifício, patriotismo para os grandes donos de supermercados para manter na menor margem de lucro.”
Ou será que o agronegócio vai subsidiar o óleo de soja para a fritura brasileira, se está exportando soja em quantidades recorde para a china? Os “patriotas” da Friboi vão dar um descontinho no acém, se mandar carne processada para fora é mais lucrativo? Os franceses que controlam o Extra, o Pão de Açúcar, o Assaí, o CompreBem e outros serão “patrióticos”?
A verdade é que o preço dos alimentos é o “lado B” da aposta do Brasil numa desvalorização cambial que ajudasse a segurar, com a exportação, as contas externas do país.
Com o auxílio emergencial servindo, essencialmente, para comprar comida, a alimentação subiu, segundo registrou hoje o IPC-C1 da Fundação Getúlio Vargas – que mede a inflação para famílias com renda de até 2,5 salários-mínimos – nada menos que 8,13% nos últimos 12 meses e 6,5% só em 2020. Também hoje, o IBGE informou que a indústria de alimentos teve uma alta, em julho, de 3,69% a maior desde há seis anos, puxada por açúcar, frango e soja. A carne, depois da alta de fim de ano, ensaiou baixar, mas “desistiu”.
Arroz e feijão, ambos subiram perto de 50% desde o início do ano.
Não vai ser por “patriotismo” que esta alta dos alimentos não deve prosseguir por muito tempo, embora vá se sustentar por algumas semanas, por conta de safra, mas porque a demanda vai começar a retroceder, com a redução e o fim do auxílio emergencial e com a moderação do apetite chinês, que teve grande preocupação em antecipar compras para, por orientação do governo de Pequim, recompor e ampliar estoques de alimentos.
Não vamos ter um pico de inflação, vamos ter, mesmo e por muito tempo, recessão.
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Agora a pouco veio a minha casa o entregador do mercadinho aqui perto onde, desde março, fazemos nossas compras.
Eleitor do Bozônio, disse ele que ao fazer suas compras no mercadinho, está levando prá casa menos produtos que em meses anteriores.
Não tripudiei, por que ele tem 2 crianças, mas lembro que em maio último ele estava bem alinhado com as ideias do Bozônio sobre quarentena.
Quero ver como ficará quando houver vacina e voltarmos ao supermercado cujos preços são 40% mais baixos que o daqui...