Os jornais destacam que o general Fernando Azevedo e Silva, indicado por Jair Bolsonaro para o Ministério da Defesa, era assessor do Presidente do STF, Dias Tóffoli.
Seria muito mais importante dizer que Azevedo e Silva estava no STF por indicação pessoal do general Eduardo Villas-Boas, atual comandante do Exército, até porque Tóffoli é, nesta história, quase que um ajudante-de-ordens, agora que aceito 1964 no coração.
Como Villas-Boas disse, em sua entrevista publicada ontem, que havia sugerido a Bolsonaro que o Ministério fosse entregue a um civil e o general Augusto Heleno, homem forte do novo governo, repetia que procuravam alguém da Marinha para o cargo, há duas hipóteses, uma certeza.
A primeira hipótese é a de que ambos os lados estivessem dissimulando suas intenções.
A segunda é que Villas-Boas tenha sinalizado a Bolsonaro, com suas declarações aparentemente desnecessárias (a esta altura) que Azevedo e Silva pudesse ser a ferramenta de um “soft power” (nem tão soft) da caserna sobre o Judiciário e que sua indicação seria capaz de evitar rachas entre a linha-dura militar e a ala remanescente dos “cerebrados” da Força.
Não creio que o arranjo possa ter saído sem a bênção do próprio Augusto Heleno.
A certeza, claro, é a de que o ex-capitão, assim, “fecha a porteira” do Alto Comando do Exército, colocando diretamente sob sua autoridade todas as potenciais alas do Exército.
Ou que, ao contrário, todas as correntes do Exército, agora, têm um governo para chamar de seu.
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É particularmente desanimador assistir, quatro décadas após a "distensão" de Geisel, a volta das botinas ao poder. Sejam lá "linha dura" ou "linha soft", são todos um bando de eméritos lustradores de botinas. Com maior ou menor inteligência (em 90% dos casos muito menor), os militares não deveriam poder participar de derrubadas de governos democraticamente eleitos ou definir quem pode e quem não pode concorrer. Infelizmente, estamos de volta aos tempos do Marechal Deodoro da Fonseca, com laivos de idade média. Ou talvez nunca tenhamos sido outra coisa, apenas estivéssemos iludidos. Desisto.
Quem vai servir cafezinho nos palácios do governo? Cabos e soldados? Ou estes só serão lembrados se fecharem o STF?
Uma coisa é certa: Boçal Nato é um energúmeno, mas há muitas pessoas "competentes" em volta dele.
Por "competentes", entenda-se a destruição do estado de bem-estar social e um projeto de nação. Não nos iludamos, não os devemos subestimar.
O que parecia impossível aconteceu: o Boçal ganhou a eleição. Alguns vão dizer que foi fraudulenta, etc, mas o fato é que os meios estão servindo perfeitamente para os fins que almejaram. Trata-se da continuação do golpe de 2016, quando Etchegoyen "convidou-se" para integrar o governo Temer.
A hipótese correta, ou certeza, está expressa está expressa no último período, que fecha a postagem.
Depois de várias manobras golpistas em série, midiáticas, policiais, judiciais, parlamentares e, claro, militares, estes últimos inicialmente nos bastidores, mas depois ocupando o proscênio e sob holofotes, fica claro que desde 2016 o Brasil é governado por uma junta militar. Mas enganam-se os que pensam que o general Eduardo Villas Bôas tenha ascendência e comando sobre a "tigrada bolsonarista". A meu ver VB nunca teve esse comando, principalmente depois que foi diagnosticado com uma doença degenerativa que o colocou numa cadeira de rodas; desde então, o general VB nada mais é do que uma porta-voz dessa "tigrada bolsonarista", exatamente por ser menos boquirroto que os Mourões e Paulos Chagas da vida. Mesmo Augusto Heleno - tido e havido como como "inteligência superior" desse generalato golpista, vira-latas e entreguistas - se mostra rude e grosseiro demais, para ocupar um cargo em que precise dialogar ou prestar esclarecimentos ao público e aos veículos de mídia, sobretudo a internacional. Augusto Heleno já falou demais e de forma xucra e anti-diplomática; talvez por isso, em reunião com os outros generais golpistas - da ativa e da reserva - tenha se decidido por alocá-lo no SNI/GSI, em vez de no ministério da defesa. No SNI, augusto Heleno terá tanto ou mais poder e prestígio que no MD, mas sem ter de falar à imprensa e ao público em geral. Fernando de Azevedo e Silva já se mostrou mais talhado para se relacionar coma a patuléia e coma mídia. É preciso ficar de olho em quem a milicalha colocará para vigiar e presidir o acanalhado e acovardado STF, após a saída de Azevedo e Silva.
Esse foi o golpe militar mais inteligente que presenciamos na vida.
Inteligente sim, pois podem ter certeza que os Verde Oliva estão no comando.
Primeiro, durante as eleições, deram um jeito de manterem LULA preso, depois invadiram a competência do STF e TSE com seus "assessores" apontando seus fuzis para as cabeças dos magistrados.
Em outras palavras, a ditadura e seus assassinos voltaram com tudo.
Mas estamos em outros tempos, haverá resistência, também muito mais sábia do que truculenta.
Esse governo canalha será denunciado todos os dias ao Mundo.
Quem viver, verá.
A Marinha e a Aeronáutica claramente se abstém de entrar nessa ¨Presepada¨.
Não se poupem em análise aos militares(exército), quem entra na política, esta sujeito à críticas.
Os componentes da Linha-Dura do exército foram aqueles que não engoliram o General Ernesto Geisel como presidente. Até hoje consideram a Abertura Gradual e Segura de Geisel como uma traição aos militares que tinham o poder nas mãos. Chamavam-no e ainda o chamam de "comunista", talvez porque, ao defender o interesse do Brasil na área energética e nuclear, Geisel tenha se afastado e até se contraposto firmemente aos Estados Unidos. Villas Boas também é tido como "comunista" e assim foi classificado por notáveis linhas-duras. E o general Fernando Azevedo e Silva, preparado pelo próprio Villas Boas para sucedê-lo, também deve ser considerado entre os linhas-duras como "comunista". Não há como não entender que há uma divisão no Exército e que ela vem de longe, desde os tempos de Geisel e até de antes. Se os "comunistas" vão estar com o ministério da defesa, os linhas-duras estarão com todo o resto do governo, com Bolsonaro e Mourão, outro linha-dura, no comando do país.
Muito bem observado. Pena q boa parte da militância de esquerda não percebe essas nuances e sutilizas.E aí perdem oportunidades de utilização de certos apoios involuntários q poderiam vir desses que são rotulados como comunistas pelos militares linha-dura.
Sutilezas de paquidermes, não é, amigo? Esse jogo duplo, grosseiro e primário, é o mesmo aplicado em interrogatórios de delegacia: o policial mau e o bonzinho que te ferram do mesmo modo.
É preciso entender que a proclamação da república foi um golpe militar. Não mudou nada, apenas alguns lapsos de democracia.
Digam-me: pode aparecer alguém, qualquer um, para "desanuviar" a Esplanada dos Ministérios a esta altura do nevoeiro?
Ainda não li nenhuma análise sobre o que pode acontecer no país a partir do dia 13 de Dezembro caso o Bozo não resista à cirurgia do dia 12 de Dezembro e venha a falecer. A pergunta é: Seu vice assume ou existe a possibilidade de outro golpe?
Guimarães, não duvido que venha á ter outro golpe, o que seria um golpe dentro do golpe.