Todo o que Joe Biden, com problemas sérios de popularidade e uma eleição parlamentar à vista, não precisa é de novos questionamentos além da montanha que já tem.
Por isso, ninguém espere mais do que um encontro protocolar dele com Jair Bolsonaro, que viaja hoje à noite para a Cúpula das Américas, em Los Angeles, California.
Biden teve de assumir os possíveis danos de um encontro com Bolsonaro para minimizar a imagem de fracasso da reunião, provocada pela decisão de fazê-la apenas com países “amigos” da diplomacia de Washington e, com isso provocar uma debandada de convidados e a frieza de outros, que optaram apenas por enviar seus chanceleres. O trunfo custou caro, porque a imprensa local diz que a condição imposta foi “pegar leve” na questão ambiental, nas ameaças as eleições e um encontro bilateral, leia-se, uma foto a sós entre o brasileiro e o norte-americano. que provaria que o presidente do Brasil não está isolado.
Bolsonaro já seria uma carga para Biden, mas dobrou de peso com o desaparecimento do jornalista inglês Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira.
A visibilidade dos protestos de 66 ONGs ambientais brasileiras, que escreveram a Biden sobre seus temores de que a reunião legitimasse os ataques de Bolsonaro aos ativos ambientais e à democracia do Brasil vai aumentar e os caminhões-letreiro (veja na foto) que começaram a circular hoje serão imagem obrigatória em toda a cobertura do evento.
Na volta, Bolsonaro fará mais barulho, com um ato quase-comício em Orlando, na Florida, a pretexto de inaugurar um escritório de passaportes brasileiros. Ele confia, não sem razão, que a comunidade de expatriados ali vá urrar seu nome e ataques ao Supremo.
Biden pode achar que certa frieza dará limites a Bolsonaro e, se acha, está enganado.
Bolsonaro vai tirar uma de valente nos States e ninguém se espante se ele ainda fizer elogios a Donald Trump.
O negócio dele é “causar”.