Jair Bolsonaro não vai ao ato comemorativo do bicentenário da Independência no Congresso, onde estariam reunidos os chefes dos três Poderes e convidados estrangeiros.
É uma evidente retaliação à ausência de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco no seu comício de ontem, na Esplanada dos Ministérios.
Vale dizer, à recusa de serem transformados em cúmplices do evidente crime eleitoral cometido pelo presidente da República.
É, também, um sinal de que não pretende, depois do ato de ontem, evitar radicalização e crises institucionais.
O fato de não ter havido chamamentos de “canalha” ou de “vagabundo”, ontem, ficando os impropérios dirigidos a Lula, está longe de significar que o atual presidente está disposto a travar a disputa eleitoral em patamares de civilidade.
Se o seu arsenal de “bondades” parece está esgotado, o de mentiras e de armações ainda tem muita munição.
Há dois perigos que, parecem, porém, estar sendo percebidos.
O de que o “já ganhou” não pode fazer a oposição permitir-se descanso. E o de que é aceitável deixar de derrotar Bolsonaro no primeiro turno e deixar para fazê-lo no segundo.
O bolsonarismo fanático existe e mostrou ontem que está vivo, como uma Hidra monstruosa, que sobrevive e ameaça. Dar-lhe mais 30 dias é brincar com a própria vida democrática deste país.