Jair Bolsonaro expressou, na sua live de ontem à noite, “uma vontade de soltar um dinheirinho para o MST da região da fazenda do FHC para o pessoal invadir de novo lá”, pelo fato de que o ex-presidente, chio de voltas, “está dizendo agora que vai votar no Lula” se este for a alternativa à sua reeleição.
Sobraram impropérios na live presidencial: “ladrão de nove dedos”. “comunista gordo” (o governador do Maranhão, Flávio Dino) e “jumentos” ( os senadores da CPI).
Tudo em linha com a sua estratégia de radicalização que, no seu raciocínio tosco, repita 2018, tentando formar maioria com um voto de extrema-direita que, no segundo turno, arraste a maioria para a confirmação pela adesão da centro-direita massacrada, como foi em 2018.
Tosco como é, o ex-capitão crê que se repetiria o cenário desenhado pelo coreógrafo Sérgio Moro, onde a esquerda seria a antessala do inferno, colocando crianças em festivais orgiásticos, transformando os alunos das escolas públicas em uma legião de gays e lésbicas .
Não vai se repetir.
Bolsonaro perdeu grande parte da classe média que lhe deu o voto em 2018, ainda que tente reter parcela dela com seu discurso de ódio.
Ele sabe que isso não retém consigo mais que um quarto dos eleitores e aposta numa adesão do pensamento conservador e antiesquerda do capital e da mídia venha a trazer-lhe a maioria.
Não a trará e, como se observa, dissolveu as ilusões de que as necessidades políticas lhe trouxessem um mínimo de equilíbrio.
Consequentemente, fecham-se a ferrolho as portas de um caminho que jamais esteve aberto: o da tal 3ª via sonhada pela política convencional e pela mídia , porque é Bolsonaro quem forma um polo, definido e excludente, diante do qual moderar-se é acumpliciar-se.
Não se trata de vencer o fanatismo protofacista de Bolsonaro, é preciso massacrá-lo eleitoralmente para que se possa viver uma democracia.