Bolsonaro vai buscar no Exército a legitimidade que se foi

Um dia, talvez, me perguntem o que eu fazia enquanto Brasil vivia um golpe autoritário, essencialmente militar e eu tenha de dizer que estava lavando louça, varrendo a sala e passando pano no banheiro.

É estranho, porque estão se passando sob nossos olhos golpe e contragolpe, em absoluta ausência, por conta da pandemia, do pronunciamento popular.

A viagem do Presidente, em meio a um drama nacional, para assistir a posse do general Valério Stumpf Trindade no Comando Militar do Sul – uma das maiores unidade do Exército – para dar sua presença pessoal ao que seria um ato de rotina das Forças Armada tem um óbvia leitura.

Bolsonaro força, sem reação visível, a proximidade com os comandos militares, cada vez mais vezes comprometidos com a sua atuação.

Ao mesmo tempo, ante a omissão das instâncias políticas do Parlamento, que parece acreditar na inércia quando o movimento está evidentemente em marcha, cabe ao Supremo , fraco como é , comandar a reação.

A decisão de Celso de Mello em reduzir a cinco dias o prazo para a oitiva de Sérgio Moro sobre as acusações que fez ao Presidente, é sinal evidente de que o Supremo conta com uma reação rápida a Bolsonaro.

É talvez , a agonia de quem se vê como algo de um avanço ilegítimo e que sabe que tem de agir rápido, depois de todas as omissões que nos levaram a esse ponto.

O Supremo parece estar correndo atrás do que deixou ser perdido, a sua autoridade e da defesa da Constituição, as quais se deixou perder para Sérgio Moro, onde vai tentar buscar agora, a defesa contra a serpente que eclode do ovo que a gerou.

 

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Fernando Brito:

View Comments (18)

  • Perfeito ! Foi uma viagem escandalosanente golpista. Só discordo de que a pandemia seja o motivo do imobilismo popular. Os brasileiros estão em estado de catalepsia política.

  • A forma que o poder entrou na família Bolsonaro criou sérios traumas psíquicos e comportamentais. Um pai indica um filho (Carlos) com 17 anos para ser candidato a vereador contra a mãe. O filho mais velho (Flávio) não aceita e o Carlos sendo menor de idade é induzido pelo pai a assumir esse nefasto papel. Tal acontecimento criou um profundo dano emocional na família com repercussões em depressão, obsessão, medo, fobia, pânico...Hoje Bolsonaro é refém dos filhos e principalmente do Carlos. Impossível civilizar Bolsonaro e família, são todos descompensados.

  • Moro já fez o acordo com o STF: põe de volta o Lula pra mofar não cadeia e ele revela tudo.

  • Difícil acreditar que tenha sido do remansoso Celso de Mello a iniciativa de reduzir para cinco dias o prazo para o bandido Sergio Moro depor (antes era 60 dias). Bem mais provável é que o criminoso Sergio Moro tenha pedido a antecipação, o que conflui para seu papinho de hoje de que tem medo de sofrer atentado, além de se queixar de dossiês contra sua mulher.

    Juntando as coisas, não se duvide que o criminoso Sergio Moro esteja a ponto de fugir para o Tazuni, ao encontro dos seus patrões, que lhe pagaram para destruir o Brasil. Assim, tendo as costas quentes - tio Sam garante -, o canalha Sergio Moro escapará de responder pelos seus crimes por aqui. E, pior ainda, a continuar a destruição do Brasil e a escravização e o genocídio do seu povo, pode até voltar como governador-geral da nova colônia Brazil, sob a proteção da quarta frota estadunidense e dos seus capangas militares lesa-pátria, que temos aos milhares por aqui, loucos por um punhado de dólares, como Amaury Kruel em 1964

    Seria bom que aqueles que podem fazê-lo, desde já tomem as iniciativas acauteladoras para evitar que o criminoso Sergio Moro fuja do país e responda aqui por seus crimes.

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    PS: Em O Globo [1], é dito que a diminuição do prazo foi determinada a pedido de três parlamentares: o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e os deputados Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES). Os 3 são aliados do lavajateirismo e podem ter agido a mando do criminoso Moro, para escondê-lo e manter as aparências.

    [1] https://translate.googleusercontent.com/translate_c?anno=2&depth=1&pto=aue&rurl=translate.google.com&sl=pt&sp=nmt4&tl=en&u=https://oglobo.globo.com/brasil/celso-de-mello-da-prazo-de-cinco-dias-para-pf-interrogar-moro-sobre-acusacoes-contra-bolsonaro-24404664&usg=ALkJrhhuXoMsbc5JFTo4uld87qp8js0QoQ

    • Exato, no fundo parece que continua sendo Sérgio Moro a orquestrar o supremo.

    • Eu não confio em nada. Instituições corruptas, omissas, partícipes da subversão. A democracia era uma corrente em que seu elo mais importante, e mais fraco, foi quebrado, a CF. Agora o que temos é o caos de um demônio louco. A reação devia ter sido tomada no dia que vilipendiou os mortos da ditadura " não sou cachorro para ir atrás de osso". A inoperância criou o monstro que nos destrói. STF? Velhotes participantes da subversão.

  • III EXEECITO/COMANDO MILITAR DO SUL/TIVEMOS DUAS FIGURAS ANTAGONICAS:GENERAIS MACHADO LOPES E LADARIO TELES!!!

  • Não, não tem nada a ver. Há um sistema por trás que comanda tudo. O sistema agora diz que a bola da vez é Bozo. O STF, por sua vez, apenas faz o que sempre fez: o que o sistema determina!!!! Não esperem mudanças reais do STF. Elas virão apenas se......

  • No fundo, são os golpistas de sempre querendo dar outro golpe, sem santos nessa estória.....os ministros querendo retomar a defesa da constituição dando palanque para o maior capanga dos estadunidenses? De quebra, com o risco de convulsionar o país??? É mais do mesmo, é a sequência da tragédia brasileira, com os mesmos personagens nefastos, o país só vai ter paz quando se livrar dessas figuras, até o imbecil fantoche da rede golpe está chorando ao vivo para recuperar alguma credibilidade......tão verdadeiros com uma nota de três....

  • "Tenho conversado com os generais; eles estão garantindo. Mas tem que mudar o governo, senão essa porra (a perseguição da ORCRIM Fraude a Jato à classe política, sobretudo à esquerda e só PT) não para nunca". "...um grande acordo (golpe de Estado), com o supremo, com tudo". Romero Jucá disse isso e muito mais, mas ao PIG/PPV e aos demais golpistas apenas isso bastou e foi conveniente. O único recalcitrante, mas também medroso e covarde, era Teoria Zavascki, eliminado num "acidente", juntamente com um empresário sonegador de impostos (José Filgueiras), acompanhados de uma "massoterapeuta" e da mãe desta, além do piloto da aeronave particular, seminova, de fabricação estadunidense, convenientemente sem caixa preta, para que provas do crime não pudessem ser obtidas. O local escolhido para o "acidente" não foi aleatório, mas minuciosamente escolhido: foi na mesma região em que "acidentaram" o helicóptero em que viajava Ulysses Guimarães, em 1992. O corpo do ex-deputado constituinte, assim como do piloto da aeronave, nunca foram encontrados. Por erro de cálculo, porém, o avião Cessna em que viajava Teoria caiu em águas rasas, perto da costa sul fluminense; André Barcinsck, jornalista que tem um blog e na época costumava publicar matérias no jornal FSP, estava na região e foi ao local do "acidente"; ele pôde ver uma das asas e mesmo parte da fuselagem/corpo da aeronave, tão rasas as águas no local. Barcinscki narra o que viu: uma mulher jovem (a "massoterapeuta" pedindo socorro, batendo no vidro da cabine); ele viu pessoas da região que tentavam se aproximar do avião "acidentado", para salvar a jovem. Mas profissionais da Marinha impediram o resgate. Até o início deste ano o relato de Barcinscki estava no blog dele; o jornalista foi forçado, entretanto, a acrescentar um último parágrafo, do tipo "não foi bem assim". Como eu tenho gravado o texto original, pude comparar as versões e constatar que, até o início deste ano, não tinham sido feitas adulteracoes além do acréscimo do parágrafo final.

    E por que narrei os fatos acima? Para deixar claro que esse supremo que está aí é golpista até a medula e que essas brigas e disputas entre Bozo, ministros, juizes da corte constiticional, veículos da mídia golpista, etc. são telecatch, ou seja, simuladas.

  • O maior, e talvez único, risco do sistema presidencialista é quando o presidente eleito dá uma guinada forte e enlouquece. Estamos vivendo esse momento, um louco no poder, aí as instituições devem atuar fortemente, mas como? O presidente se acha "deus" último estágio da loucura, mas os generais se acham "santos" logo a loucura é geral. Não há o que fazer a não ser esperar que na loucura um mate o outro, Sérgio Moro foi o primeiro, outros virão, mas até lá morrerá muitos inocentes.

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