Walter Braga Netto não é mais ministro da Defesa, nem mesmo é mais assessor presidencial, “boquinha” que havia sido dada a ele para não perder os ganhos que somava aos proventos de general reformado e ter, com o cargo, uma justificativa formal para seguir como “ministro de fato.
O que ele falar, de agora em diante, fala como cidadão comum e, é claro, com a correspondente irrelevância.
Mas na última sexta-feira, dia 24, quando encontrou-se com empresários da Federação da Indústrias do Rio de Janeiro, ainda era “assessor especial” do Presidente da República e disse, segundo relata Malu Gaspar, colunista de O Globo, que “se não for feita a auditoria dos votos defendida pelo presidente, ‘não tem eleição’”.
Diante da notícia, claro, teve de desmentir-se, mas a emenda saiu pior do que o soneto.
Fez isso através de uma “assessoria de imprensa” que, ao que se sabe, não existe para assessores de autoridades – no caso o presidente da República – que já deixaram o cargo.
Diz que foi “mal-compreendido”, como se um “não tem eleição” pudesse significar algo diferente de um “não tem eleição”.
E ainda piorou, dizendo que o Ministério da Defesa e o de Justiça “sob a coordenação do TSE têm adotado as medidas propostas para aperfeiçoar a transparência e a segurança do processo eleitoral.”
Desde quando, sr. Braga Netto, os ministérios armados do Governo “adotam” medidas em matéria de eleições? Podem sugerir, mas é bom lembrar que quem dirige o processo eleitoral é o Tribunal Superior Eleitoral, as tais “forças desarmadas”.
Em nome de quem o senhor diz que “não tem eleição”? Pode ser o seu desejo, mas isso e nada é a mesma coisa.
O senhor é o “Pedro Guimarães” passa assediar moralmente a Nação, dizendo, como ele fez, que “caguei para a opinião de vocês porque eu que mando. Não estou perguntando. Isso aqui não é uma democracia, é a minha decisão?”