Fica-se se sabendo que a manifestação da cantora Pabllo Vittar ontem, no festival Loolapalooza, gritando “Fora Bolsonaro” e andando alguns segundos entre o público com um toalha com o rosto do ex-presidente Lula, assemelha-se, segundo os advogados do atual presidente, a um “showmício” e que, portanto, a organização do festival e os artistas devem ser punidos com uma “advertência” pela Justiça Eleitoral.
Não acredita? Está lá no Estadão a patuscada bolsonarista, agora interpretada pelos advogados de seu novo (mais um) partido, o PL.
Evidente que uma manifestação pontual de um artista, ao final de uma apresentação privada, na qual os assistentes foram pagando ingresso, não tem nada a ver com uma exibição de caráter eleitoral, contratada e paga por candidato para fazer afluir à praça pública gente e obter apoio a sua candidatura.
A ação bolsonarista nem vai passar da porta do TSE, onde foi apresentada, porque mesmo no julgamento que ratificou a proibição dos “showmícios”, ainda que alegadamente sem cobrança de cachê pelos artistas, ficou claro que manifestações de cunho político de artistas, desde que feitas em apresentações organizadas por eles próprios ou terceiros não-candidatos não sofrem qualquer vedação.
Mas vai conseguir despertar irritação entre a classe e uma onda de manifestações de solidariedade a Vittar, uma pessoa que, até por razões pessoais – ela e a família moraram num acampamento do MST – tem admiração pelo ex-presidente.
Além do fato de transformar algo que foi visto apenas por alguns que estavam mais perto do palco de onde ela desceu, pegou a toalha com a foto e caminhou por alguns segundos em assunto nacional.
Mas é isso: o bolsonarismo é, antes de tudo, uma burrice. E um pendor autoritário e censor, ao pedir uma “advertência” ao artistas, que não consegue se controlar.