Cabral e o seu “sou, mas quem não é” da corrupção

A menos que se trate de um milagre de fazer inveja aos pastorezinhos de Fátima, a cachoeira de  delações de Sérgio Cabral, embora certamente tenha inúmeras verdades, segue uma estratégia perversa: acusa todo mundo de ser corrupto, de estar na “caixinha” deste ou daquele setor – agora é a Fetranspor, dos ônibus – e usa como “prova” o fato de admitir que ele próprio recebeu dinheiro.

Faz como o personagem do Chico Anysio: “sou, mas quem não é?”

Não vou duvidar de corrupção de Sérgio Cabral, atér porque esta é evidente na riqueza que acumulou, mas é uma irresponsabilidade acusar sem provas ou sem ter, ao menos, participado dos “acertos” que deram origem às propinas, como ele faz.

Acusou Leonel Brizola de ter dado “aval”  a pagamentos feitos a Pedro Valente, secretário de Tranportes em parte de seu segundo governo. Parte, porque o secretário, originalmente, era o deputado José Carlos Brandão Monteiro, o mesmo que, no primeiro governo do líder trabalhista, comandou a encampação que pôs fim à farra de empresas de ônibus que eram donas de lanchas, iates e até de aviões.

Pedro Valente morreu em 2016. Não pode, portanto, se defender e nem eu tive intimidade com ele para que possa fazê-lo.

Mas tive com Leonel Brizola e por isso posso dizer que Sérgio Cabral lave a boca antes de falar no seu nome como “avalista” de alguma propinagem.

Mesmo com a melhor das boas-vontades com a sua epifania de confissões, ele não fazia parte do governo Brizola, era seu figadal inimigo e tentou, já como presidente da Assembléia, rejeitar suas contas para torná-lo inelegível. Não era, portanto, homem que comesse na mesma gamela de Cabral. Este pode, no máximo, na sua promiscuidade com os empresários, ter ouvido de algum deles que “fulano levava, sicrano levou” o que é próprio desta gente que naturaliza a corrupção.

A trajetória de Brizola, enquanto pôde, foi o inverso de favorecimento aos empresários de ônibus. Além da encampação das empresas, fez tudo o que era possível, com a falta de recursos do governo estadual, para fortalecer a estatal Companhia de Transportes Coletivos, a CTC, que, embora reequipada, foi sucateada e  liquidada por Moreira Franco, ao mesmo tempo em que se devolvim a as empresas encampadas aos antigos donos.

Basta ver o que aconteceu com as tarifas desde 1994, quando Brizola deixou o governo, levando em conta que os diversos modais de transporte, mesmo os não controlados pelo governo do estado, guardam grande equilíbrio tarifário, por razões óbvias.

O metrô – tarifa estadual – entre 1994 ( quando era de R$ 0,35) e 2016 subiu cerca de 1000%, contra uma inflação de 400%, segundo estudo de André Augustin, mestre em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ou sejam, mais que dobrou seu preço real. Na mesma toada, as tarifas municipais de ônibus, que guardam proporções com as estaduais, segundo publica o Nexo Jornal, mais que dobraram de valor real desde 1994, ano que Brizola deixou o governo.

A tática de Cabral, que se ajusta perfeitamente à desta defomação lavajateira é banalizar e universalizar a roubalheira.

Só que Brizola teve a vida vasculhada por décdas, com gente dotada dos mesmos poderes abusivo ou ainda maiores e nada se provou contra sua honradez.

Durante mais de 20 anos partilhei de seu convívio e nunca assisti uma cena que comprometesse a sua honra. Eu, porém, comprometeria a minha se não defendesse sua memória.

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13 respostas

  1. Os familiares do inesquecível governador Brizola deveriam fazer, no mínimo, uma interpelação judicial ao sr.Cabral para que ele prove as acusações que fez contra o grande e saudoso homem público gaúcho.

  2. Esse CANALHA,não esta só.Seus PATRÕES.se ACOBERTAM,particularmente nisso que chamam de JUDICIÁRIO.Afora outros grupamentos sociais,tão a gosto,de NANICOS BURGUESES.Os sempre,puxa sacos de ricos,desde o nascimento.

  3. A pergunta que não quer calar é: QUANTO a Lava Jato vai administrar de dinheiro “recuperado”, no final da bagunça ????????

  4. Brito, faz você muito bem em defender a memória do herói da Pátria, Brizola. Porém, seja ele ou esse Pedro Valente, acusar quem não pode mais se defender é mais uma prova do (ou da falta de) caráter de Sérgio Cabral.

  5. Brito, a principal razão pela qual eu inicio minha jornada em busca de informação aqui, no Tijolaço, é sua ligação com o Brizola. Foi isto que despertou meu interesse. Sou cearense, filho de paraibanos, e tenho orgulho de ter dado meu primeiro voto, já para presidente, em 1989 e aos dezesseis anos, para o velho Brizola.

    A desídia com que a memória daquele grande estadista é tratada reflete bem o longo processo de imbecilização a que nossa sociedade foi submetida.

    E grande parte do que o nosso maior líder político – ajudado, é claro, por um nível de cretinice alarmante – atualmente está passando é consequência por ter desprezado as lições que o Brizola deixou. Né não?

  6. Essa canalhice vai constranger até os inquisidores. Duvido que mesmo a Rede Globo dê atenção à essa lorota apelativa.

  7. Brito, por isso que te leio. Aqui no Nordeste dizemos: és um arretado! Perfeito o que acabo de ler.

  8. Tirante Leonel Brizola, todos os governadores do Rio de Janeiro, sem exceção, foram e são corruptos.

    A quebra de um estado punjante é a prova mais cabal disso!…Haja voracidade!….

  9. Brito, leio constantemente o seu blog. Apesar de discordar de você em relação a Ciro Gomes, não posso deixar de registrar minha admiração pela sua lealdade a Leonel Brizola. Para mim, Brizola é um dos maiores brasileiros de toda a história deste país. Sérgio Cabral comprovou ser o pusilânime de sempre, ao vomitar uma mentira deslavada contra alguém que não pode mais se defender. Qualquer um que tenha vivido na época em que Brizola governou o RJ sabe que os empresários de ônibus tinham por ele um ódio mortal. Esse Cabral imundo apenas mostra que é irrecuperável, mesmo na cadeia continua sendo o canalha de sempre. Não consigo nem mesmo olhar uma foto desse sujeito, tenho asco.

  10. Um pústula venal como Cabral acusando Brizola de corrupção… Depois da tragédia que virou esse país, nada mais me surpreende.

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