A formalização da chapa Lula – Alckmin desperta fúria de ciristas e de bolsonaristas contra o que chamam de “incoerência” do ex-presidente, ao escolher como companheiro de chapa alguém que formou, nos últimos anos, nas fileiras do neoliberalismo.
É marola que logo se desfará, porque, ao contrário, é exatamente o mais coerente quando se trata de enfrentar a alternativa a isso: a adesão, por ódio à esquerda, dos “liberais” brasileiros.
Ou alguém tem dúvidas sobre para onde irá a maior parte dos semimortos da “Terceira Via”. O suposto “antibolsonarismo” de Moro o faria deixar de apoiar o ex-capitão contra Lula? Ou o “Bolsodória” viraria “Lulodória”? Eduardo Leite, que já apoiou o dito cujo, inverteria seu voto de 2018? Ciro aventa ou rejeita apoiar o ex-presidente num segundo turno?
As respostas são óbvias demais para que se possa achar que eles formariam numa aliança antifascista, embora muitos dos seus hoje eleitores certamente o farão.
Outra parte, é certo, vai antecipar sua migração para Bolsonaro exatamente por seu ódio irracional a Lula e dar mais solidez ao controle do bolsonarismo sobre a direita e a centro-direita do país.
Não é uma escolha meramente pessoal. Não é a vontade irreal de formar uma chapa “puro sangue”.
Ainda que, com uma chapa assim, Lua pudesse vencer – e até poderia, apertado – certamente não poderia governar e qualquer um que se lembre de 2002, quando as coisas eram mais fáceis para o petista, sabe que a realpolitik vai se impor e que, com a bandidagem política que temos no poder desde as eleições de 2014, qualquer fiapo servirá para desestabilizar um governo progressista.
Isto não é um game, não é um festival de “lacrações”, é o destino do Brasil. Deveríamos, sim, estar saudando todos os que, como Geraldo Alckmin, poderiam ficar “no muro”.
Enfrenta-se um governo com planos golpistas e nenhum escrúpulo. Vamos ficar com punhos de renda diante disso ou viajar para ParIS.