Em quase 40 anos acompanhando a cena política brasileira, confesso aos amigos que nunca vi nada tão deprimente quanto o comportamento da dupla Eduardo Campos e Marina Silva.
A entrevista “coletiva” (literalmente) concedida pelos dois hoje, em São Paulo – onde o Governador tucano Geraldo Alckmin os recebeu de gravata “marineira” verde – é uma peça que qualquer imprensa séria se encarregaria de chamar pelo nome: ridículo.
Os dois anunciaram (?) que não sabem se serão um com outra, outra com um ou um ou outra com outro alguém os candidatos à Presidência.
Isso, os novos gênios da política descobriram, seria cometer “os mesmos erros das práticas políticas” que a dupla condena.
Ou seja, pedir votos ao eleitor dizendo para quem são estes votos agora é uma “prática política” condenável, antiga.
Dizem que pedirão votos para um programa.
Qual programa?
Ah, eles decidiram hoje que , no dia 29, vão promover um encontro “para estabelecer diretrizes para o programa da candidatura da chapa em 2014”. Diretrizes, vejam bem…
Quer dizer, temos uma candidatura sem candidato e sem programa, visto que ainda vão, daqui a 19 dias, sentar para definir as “diretrizes” para fazê-lo.
Portanto, caro leitor e cara leitora, você não vai saber até lá se querem seu voto para privatizar ou reforçar o Estado, ou se é para manter o Mais Médicos ou não, se vamos fortalecer a Petrobras para explorar o pré-sal ou se vamos deixar lá nas profundezas esse líquido nojento, viscoso e poluidor, se o Brasil vai caminhar para trás ou para frente, para a direita ou para a esquerda.
E só em meados de 2014 se será Eduardo ou Marina o fiador deste programa que não se sabe qual é.
A única coisa sincera na entrevista foi a declaração de Marina, citada na CBN, de que o encontro entre ambos se deu porque ela tinha uma funda (atiradeira) para derrubar um gigante e Campos tinha cinco pedras na mão para jogar contra ele. Juntos, portanto, são mais fortes para destruí-lo.
Destruí-lo para construir o que? Depois se vê, não é importante.
Porque, para ambos, o poder é apenas uma ambição pessoal, para qual se alimentaram por anos no situacionismo, antes de partirem, famintos, para esse “ninguém é de ninguém, desde que tudo seja nosso”.
Mas a elite brasileira, e seu porta-voz, a mídia, não se importa com isso, porque o Governo não lhes é importante, como é importante ao povo.
O único problema que os move, nas eleições, é que não se venha mais com essa história de colocar gente no Governo que se preocupe mais com o Brasil do que com as pompas e poderes minúsculos que lhes concedem, escravos do “mercado” e do sistema, que absolvem e aplaudem o seu vazio.
O que é ôco, em política, não se engane, está cheio de conservadorismo, que muda apenas para que não lhe reconheçam e o derrotem.
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A opisição no Brasil agora tem "candidatos de programa".
Sera o Binidito. Nao sabem se casam. Nao sabem quem e o marido, e quem e mulher. Que coisa so!
Como disse, toda a oposição estará unida contra Dilma, os candidatos serão Marina pra presidente e Serra para vice. Aécio e Eduardo sairão para Governador ou Senador, se perderem, ganham um ministério. Mas isso, Marina terá que engolir Caiado e outros, inclusive pedindo desculpas, kkkk.
Sera que eles vao fazer discurso plantando bananeira? Diferentao!
Isso é jogada para tentar levar para o psb os ditos eleitores da marina. No final, bem no final veremos o que realmente vai acontecer.
Uma pena que o detetive Clouzot já não está mais entre nós. Mas, cá para nós, ele só investigaria se tivesse o que investigar. O mistério das candidaturas que não é mistério, mas é o encontro de Rolando Lero na sua versão feminina com Alberto Roberto num especial da escolinha do professor Raimundo. Não sabem o que responder, não sabem ainda o que estão fazendo na frente das câmeras e microfones, mas estão com o sintagma disparado. Se alguém da imprensa pedir para repetir, se não decoraram,ou não combinaram, vai ser um primor de criatividade. Patéticos.
Nesse casamento de jacaré com cobra-d'água chamaram um tucano para abençoar a união. Depois "unidos' - jacaré, cobra d'água e compadre tucano - marcharão para o abismo. Como disse em aparte Lindbergh Farias para Aécio Neves quando o Senador Carioca-Mineiro discursava na tribuna no Senado: falta falar de "povo, pessoas, gente, miséria, inclusão social" no seu discurso da oposição. Com Programas Sociais - Minha Casa, Minha Vida: PRONATEC; FIES; PROUNI; Bolsa Família - e pleno emprego vai ficar difícil. Haja PIG.
Campanha Mister M: cheia de sortilegios. Me poupe!
Querem meu voto pro programa. Mas qual programa? Bigbrother, Tudo por dinheiro, planeta bizarro? Tem que dizer.
Acredito que acharam interessante, assim todos vão fazer comentários, análises, ou seja, não vão sair do foco, estão em plena campanha. É uma estratégia, com um só objetivo: vencer as eleições.