Cantanhêde: não pergunte de quem os gringos fogem, eles fogem de você

A cheirosa colunista da Folha, Eliane Cantanhêde, escreve hoje um artigo um tanto confuso, onde mistura os problemas do turismo receptivo brasileiro – que, de fato, deixa a desejar – com o turismo de brasileiros no exterior, que vai de vento em popa com a elevação de renda e com a (ainda) relativa apreciação  da moeda brasileira frente ao dólar.

À parte de um turista brasileiro – “homem aparentemente bem simples” – discutir em dólares o preço de um brinquedo numa beira de estrada em Pirassununga (SP), a colunista deve ter tido uma crise de temporalidade, por dizer que os preços para os brasileiros, no Brasil, são comparados “quase que corriqueiramente, com o dólar”.

Tanto não são que o amigo e a amiga terá de fazer contas para saber quanto é seu salário ou quanto custam sua casa ou seu carro em dólar.

Depois, usa como argumento que seria uma “bagunça fiscal” – “IPI pra cá, IPI pra lá e aumento de IOF para viagens internacionais” – o que afasta os turistas.

Ora, turista não vem comprar carro no Brasil nem vai pagar um tostão a mais nos seus gastos aqui em moeda estrangeira.

E quem vai pagar mais são os brasileiros que convertiam seus reais em dólares por travelller’s checks e em carga de cartões pré-pagos, que passam a ser equiparados, como deviam ser, aos cartões de crédito convencionais.

Cantanhede parece que não lê a própria Folha, que ontem publicou matéria sobre a explosão descontrolada de turismo brasileiro no exterior e as perdas que isso causa para o país.

Em 2003, o dinheiro gasto pelos brasileiros lá fora basicamente equivalia ao deixado por estrangeiros aqui dentro. Hoje, para cada dólar trazido pelos gringos, deixamos 17 no exterior.

O número de brasileiros fazendo turismo externo dobrar é ótimo.

Já o gasto destes turistas decuplicar, não.

Porque significa que o perfil das despesas cresceu muito para quem gasta mais.

Mas voltemos ao ponto em que Cantanhede mistura as duas coisas: porque os estrangeiros vêm pouco ao Brasil?

Estrangeiros, leia-se, americanos, europeus e asiáticos, porque o turismo argentino, uruguaio e latino americano em geral é relativamente estável e bem sucedido.

O Brasil é caro, sim, mas a Espanha, que recebe o décuplo de turistas, também é. E Nova York, Paris, Roma, Londres, também são.

Ninguém deixa de ir a estas cidades porque são caras.

Os hotéis de turismo de luxo ou semi-luxo têm mais ou menos a mesma tarifa mundo afora.

Como não ficaram encalhados os ingressos da Copa, mesmo cada um custando uma pequena fortuna.

Deixa-se de vir ao Brasil pela imagem de caos, desorganização, violência e medo que, nos últimos anos, espalhou-se sobre o Brasil.

Aliás, décadas quando se trata do Rio de Janeiro, um de nossos principais portões de entrada.

A mídia brasileira é a antivitrine do Brasil. E do Rio, em especial.

Numa cidade do Centro-Oeste, num condomínio envolto em cercas elétricas – coisa que é rara aqui no Rio – fiquei impressionado com a preocupação dos moradores de um terceiro andar em trancar portas e janelas à noite, enquanto minha casa vive com elas escancaradas.

A violência, no Brasil é um problema sério e preocupante. Mas não é maior que em muitas cidades turísticas pelo mundo.

O submundo das drogas não é maior no Rio do que na Flórida, talvez seja no máximo mais espalhado pela  proximidade de áreas ricas e pobres.

Os roubos e homicídios aqui são menores que os de New Orleans, um dos mais concorridos destinos turísticos dos EUA.

Mas o Brasil, para sua mídia, é – perdão – o cocô do cavalo do bandido.

E ela, portanto, não pode querer que nos achem cheirosos, se ela mesma nos vê como fedorentos.

Fernando Brito:

View Comments (17)

  • Não entendo porquê vocês insistem tanto em abordar esses lixos do PIG. Essa catanhêde é aporta-voz oficial dos tucanos. O marido é filiado ao psdb. Aliás, dirigente do partido.

    • Discordo.

      A cada mentira perpetrada por esses jornalistas canalhas temos de retrucar, no mínimo, na mesma moeda.

      Tá certo que não é lá muito agradável ter de acompanhar as cantanhedes, os rola-bostas, enfim, essa corja, cotidianamente.

      Mas, um engov sempre ajuda....

  • Ela nao passa de uma colonista de uma nota só!

    José Emílio Guedes Lages-Belo Horizonte

  • Admiro a sua paciência e a sua acuidade na leitura e na discussão desses textos "escritos" pelos colunistas da mídia nativa. É tanta baboseira, tanto proselitismo, todos os dias, que só mesmo muita calma para desvendá-los e desmenti-los. Como esses colunistas podem não sentir vergonha diante de suas contínuas edições do samba de uma nota só?!

  • é preciso ter muita paciência e disposição para esta luta política para poder ficar lendo o que esta babaca escreve. Há muito tempo só tenho acesso ao que o PIG escreve por intermédio de blogs que fazem a crítica ou destacam a matéria como um ponto "fora da curva". Para mim o governo deveria sobretaxar tudo para quem vive viajando para Miami, Paris etc. A partir da segunda viagem no ano, uma taxa ainda maior. Esta elite nossa precisa pagar mais, muito mais!

  • Será que estes analistas da Globo acham mesmo que o aumento de 2 para 3% sobre um carro popular, o que não passará de um aumento em torno de R$ 210,00 no preço final, vai realmente afetar as vendas e causar desemprego?

    É que acham que nós somos muito trouxas mesmo.

    OBS: utilizei o preço de um UNO para calcular este aumento.

    • Curiosidade. Os carros parados no pátio, produzidos/industrializados já a alguns meses atrás, sofrerão o aumento do IPI ou o momento do tributo é a sua efetiva industrialização/produção?

      Isso pois o aumento de 1% no IPI, finda-se com aumento de uns 7% ao consumidor final, e as montadoras/concessionárias culpam o governo, "ora, o governo ta mordendo mais 200$, claro que eu quero mais 1000$, e desses 1200$ que voce paga, a culpa toda é da Dilma!!!"

  • Fazer contas ao parar em um restaurante de estrada, convertendo os preços para o dólar? #quemnunca

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