Jair Bolsonaro publicou, hoje cedo, um vídeo, sem maiores identificações, onde uma mulher, ao ver outra ser agredida, saca e aponta uma pistola para o agressor.
Foi a senha para que seus seguidores passassem a dizer que, isto sim, era defender os direitos da mulher.
Óbvio que foi uma tentativa de “responder” à misoginia que se escancara em seu governo, incendiada pelos episódios de assédio sexual protagonizados por seu amigo, o ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães, a quem Bolsonaro evita criticar.
Ainda hoje, no seu “cercadinho”, corrigiu-se de ter dito que Guimarães fora “afastado” da direção da Caixa para repetir que ele “pediu afastamento”.
O problema é que o cidadão parece um poço sem fundo de encrencas, tendo todos os dias vazadas novas gravações que testemunham o comportamento equino que mantinha na gestão da empresa.
E cada “patada” e xingamento que vem à tona, na sua própria voz, bem como os testemunhos pessoais que se multiplicam, vão minando a possibilidade que não se aceite como verazes as acusações de abuso que, digamos, “deram início à série”.
Não creio que isso tenha maior influência sobre os eleitores e eleitoras que já se definiram por Bolsonaro – o desprezo às mulheres é crônico no bolsonarismo – mas é mortal para a necessidade do atual presidente em tirar a vantagem que Lula tem no eleitorado feminino, especialmente no Sudeste, que concentra 42% dos que votarão em outubro.
De fato, a imensa vantagem de Lula sobre Bolsonaro entre o eleitorado feminino (49% a 21%, segundo o último Datafolha, compilado pelo jornal O Globo) é muito menos nos estados de São Paulo, Rio e Minas Gerais.
A diferença de 28 pontos cai para 17 entre as mulheres de São Paulo, para 21 em Minas e para apenas 14 no Rio de Janeiro. justamente onde o noticiário tem mais repercussão.
É aí que o Caso Caixa ajuda a manter e até a tornar Bolsonaro maldito entre as mulheres.