Casos Crivella e Paes deixam o Rio a depender de uma coragem que, parece, não existe

A ação policial sobre Marcello Crivella – imagino que haja indícios muito fortes para que uma desembargadora tenha autorizado uma busca em sua própria casa particular e a coleta até mesmo de seu aparelho de telefone – é mais um fator para “abrir” a disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro.

As forças políticas da direita, que se uniriam nas candidaturas do atual prefeito e a do favorito – até ontem, quando outra ação policial o atingiu – Eduardo Paes (que, ao acenar para uma aliança com o PSL, mostrou qual é, hoje, sua tendência) estão com o argumento da “moralidade” – sob o qual se camuflam – comprometido.

Por isso, está difícil compreender a atitude do sr. Marcelo Freixo – o único que poderia ter chances reais de vitória – em manter-se afastado da disputa.

Não é uma questão de desejo pessoal – a de só concorrer se houvesse uma união total do campo progressista – que determina uma candidatura.

Uma candidatura do campo popular deve corresponder a uma necessidade política e social para ter chances de vitória.

Aqui mesmo, no Rio, vivemos esta experiência nos anos 80, quando a ditadura e o “chaguismo” (o ex-governador Chagas Freitas havia montado um império de fisiologismo no MDB) havia criado um vácuo político à esquerda. Leonel Brizola, recém-chegado do exílio, percebeu isso e trocou uma disputa muito mais favorável ao Governo do Rio Grande do Sul e a eleição para deputado federal garantida, aqui no Rio ou lá, para enfrentar uma disputa pelo governo do Estado.

Evidente que não pretendo comparar Brizola a Freixo, seria absurdo. Mas convém lembrar que Brizola, com toda a sua história, partiu de modestíssimos 2 ou 3% nas pesquisas, enquanto Freixo, ninguém duvida, começa em 20%.

O Rio de Janeiro precisa, desesperadamente de alguém que rompa este emaranhado em que estamos metidos, no qual se trançam milícias, fundamentalistas fanáticos, playboys e a máfia política que se desenvolveu à sombra de Sérgio Cabral.

Uma nova figura à esquerda, no campo da democracia e da justiça social, amiga da cultura e da inclusão, certamente ajudaria a trazer para a política uma imensa massa de jovens para os quais ela tem sido apresentada, há muitos anos, como um antro de sujeira e mediocridade.

Infelizmente, não parece que o sr. Freixo tenha o desassombro e coragem.

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