O senhor Célio Borja – apesar de ter sido Ministro do Supremo Federal, jurista é uma definição exagerada diante do que diz – dá uma entrevista à Folha que é um primor de cinismo, sobre o golpe de 64 e o regime que se seguiu.
“Ditadura, nunca houve. A rigor, o que se podia dizer que havia era um regime de plenos poderes. Não era ditadura”.
Que tal esse, hein?
Plenos poderes…
Poderes de cassar eleitos, prender sem acusação, bater, torturar, matar, desaparecer com corpos…
“O sistema político do país, em linhas gerais, era o mesmo. Repartição de poderes, Judiciário funcionando. O Congresso não foi extinto, como Getúlio fez em 1930. O foi desconvocado.”
Judiciário funcionando, com “juristas” escolhidos a dedo, porque Evandro Lins e Silva, Victor Nunes Leal e Hermes Lima, que mereciam o nome de juristas, foram retirados à força deles…
Congresso funcionando, com dezenas de cassados e outros tantos acoelhados pelo medo da cassação…
E, se ainda assim, contrariava, era “desconvocado”…
Célio Borja sempre foi um engomadinho a serviço da direita. E seus bons modos não lhe aliviam a cumplicidade.
Lacerdista roxo, traiu o chefe, cassado pelos militares, para fazer carreira na Arena.
Explica que não traiu, “foi lutar por dentro do sistema”.
Que cara-de-pau…
Com a redemocratização, foi premiado por José Sarney com uma cadeira no Supremo, de onde saiu – no dia do 28° aniversário do golpe do qual se nutriu para ser ministro da Justiça dos últimos dias de Fernando Collor…
Ler as declarações de Célio Borja é enojante…
Só o relativismo da imprensa brasileira – e da Folha “ditabranda” – dá voz a estes beleguins da ditadura que, embora ele diga que não, exerceu seus brutais ‘plenos poderes” sobre a minha geração de jovens e sobre todos os outros milhões de brasileiros.
Só há, nela, uma coisa boa.
É quando diz que ‘aqui na zona sul do Rio, havia um movimento de porteiros para atacar as pessoas que consideravam inimigas de Jango e Brizola. No prédio em que eu morava, o porteiro entrou nessa de me ameaçar. Fui ao síndico, que era janguista, e ele não se importou.”
“Isso acabou envolvendo pessoas que não tinham nem munição para participar de um movimento subversivo e entraram de gaiatas. Como os porteiros, coitados.”
Coitado, nada, sr. Célio. o porteiro é quem sabia das coisas. Sabia que o subversivo, o golpista, o que premeditava e executaria o crime contra contra a democracia era o senhor.
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BRITO Ja viu como os canalhas esclarecidos estao de volta de suas tumbas...DARCY RIBEIRO deve te-los expulsados da eternidade
Parabéns e Obrigado caro Fernando Brito, por esta pérola que constitui seu comentário. Concordo com você: enojante ler que brasileiros são capazes de pensar, dizer a outros e publicar opiniões como esta do sr. Borja, a despeito de nossa sofrida história recente e do sofrimento de tantos brasileiros que lutaram por todos nós.
Li a chamada no site da folha há questão de meia hora e me indignei, sem ler a matéria, pois me recuso a ler os textos publicados por aquele "polvo". Gostaria de manifestar minha repulsa, mas não lá!
Que bom que logo em seguida encontrei sua repercussão, para poder me aliar à sua indignação.
"Que cara de pau" também digo eu, dele e do veículo que se presta amplificar opiniões deste quilate...
A propósito, há um texto do Ivan Seixas na Carta Capital - "Um Golpe Contra o Brasil" - que valeria a pena ser divulgado como um contraponto verdadeiro e sincero a estes arremedos de brasileiros, verdadeiros marionetes que sempre estiveram a serviço aos senhores de fora, contra nossa terra e contra nossa gente.
Obrigado, Fernando Brito, mais uma vez, pelo post e pelo espaço democrático e brasileiro.
Pego carona no seu comentário. Obrigada.
Parabéns, mais uma vez, Fernando, por descortinar o cinismo de mais essé filhote da direita, acoitado pela Folha da "ditabranda"!
Só mais um lambe-botas da ditadura ao qual deram um empreguinho para fazer o serviço sujo e que não se perguntava se era certo ou errado. Ele fêz todo o trabalho.
Agora mente como um ignóbil.
Onde ele deu a entrevista? Ah na dita folha ou na folha da dita.
Brito, só arruma o título: Célio Borja acha (QUE) reescreve a história: “nunca houve ditadura”..
Artigo perfeito, mais uma vez!
abraço
Ou seja, os militares nunca meteram toda, só até a metade. O resto era só vai e vem. O que passava da metade ninguém sentia. Fazia parte do jogo.
O do Célio Borja nunca esteve nesse jogo. Ninguém nunca meteu nele até a metade. Logo ele deve achar que isso não vale.
Como os jornalões não têm coragem de defender a ditadura, ressuscitam as velhacarias e espanam as cotias empalhadas. Eu não sei quem é pior: O Jabor, o Borja, a Catenhede, etc e por aí vai... Haja estômago para engolir tudo isso. Ainda bem que existem jornalistas bons e sérios neste país como você e todos os dos blogs "sujos".
Nunca fiz isto, mas não perdi meu tempo...
Nem os generais negaram a ditadura. Isso é provocação, trollagem. E troll a gente tem que ignorar até a morte porque eles tem o infantilismo de uma "attention whore".
Que FDP!!