O sempre tão rebuscado linguajar do ministro Celso de Mello escorregou, ontem, num pleonasmo, ao dizer que as ameaças por e-mail a juízes eram coisa de “bolsonaristas fascistóides“.
Com a devida vênia do decano do Supremo Tribunal Federal, é o caso de perguntar: é possível, a esta altura, diferenciar bolsonaristas e fascistóides, ou ambas as palavras passaram a significar a mesma coisa.
Talvez este conceito seja importante na missão que o ministro cumprirá hoje, a de decidir se dá publicidade integral ao espetáculo de baixarias ocorrido dentro de uma dita “reunião ministerial”, na qual xingou-se a mãe dos 11 magistrados supremos, onde sugeriu-se a prisão dos governadores e que serviu de palco para o dueto entre Bolsonaro e seu chanceler Ernesto Araújo inspirado pelo “comunavírus” chinês.
Sua excelência, por alguma filigrana interpretativa , vai impedir que o povo brasileiro tomo integral conhecimento da reunião de – vá lá, repita-se o pleonasmo – bolsonaristas fascistas, ameaçando não apenas juízes, mas toda a República?
Ou não se revela ali, como diz ele dos sujeitos detidos em Brasília, a face “de quem abomina a liberdade e ultraja os signos da democracia”?
Um governo que, na sua sede, em encontro dos seus mais graduados dirigentes, vocifera, babuja ódio e arbítrio, joga os interesses da Nação na sarjeta de seus vícios ideológicos, que oefende os princípios de decoro dos tos oficiais, merece ser acobertado pela interpretação ampla da noção de sigilo para mais de uma trintena de pessoas?
Não há violação de intimidade em atos que não são íntimos, mas de governo. Não era um convescote de amigos, num botequim, a festejar, ruidosos, o encontro entre estúpidos e imbecis, ara o mais alto foro da República, seu conselho de mnistros quem estava ali.
É por isso que soa estranho definir assim o que ocorreu naquele 22 de abril no Planalto, ao ponto de fazer fugir deles um homem de tão poucos pruridos democráticos e e legalistas como Sergio Moro: era mesmo um encontro pleonástico entre o bolsonarismo e o fascismo, hoje tão juntos e misturados que viraram o dito pleonasmo.
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Todo poder emana do povo, e este pode até errar ao votar, mas tem o legítimo direito de saber na realidade em quem votou e talvez aprender um pouco mais sobre os métodos,as formas e os meios que são utilizados pelos políticos para obter o seu voto.
O vídeo tem que ser divulgado na íntegra, mesmo que favoreça outro possível mau caráter.
Celso de Melo mostrou que é um jogador incrível. Ao pedir o celular do Bolsonaro, ele antecipou toda a carga de reação dos extremistas do governo, que estaria pronta para sair depois da publicação do vídeo, e foi obrigada a sair antes disso, sendo seguida imediatamente pela carga de indignação que a publicação do vídeo trará à "sociedade brasileira". É como se Melo tivesse assestado um golpe leve na cabeça do adversário, levando-o por reflexo a soltar um jab perdido, que por sua vez deixou seu queixo descoberto para um certeiro cruzado de direita do ministro. Ou de esquerda, tanto faz. O adversário está tonto e só falta mesmo cair no segundo round.
Tomara que você esteja certo!