Cloroquina na Fiocruz fragiliza mais posição de Pazuello

 

 

Fico, por enquanto, nos efeitos da manchete da Folha – Documentos mostram que Saúde usou Fiocruz para produzir 4 milhões de comprimidos de cloroquina – sobre o depoimento que o general da saúde, Eduardo Pazuello dará hoje à tarde ao Senado, e não poderia ser pior a data para a revelação de que o Ministério e o Presidente da República tentaram engajar uma das mais respeitadas instituições sanitárias do Brasil na aventura charlatã de disseminar uma medicação em que toda a comunidade médica do mundo recusa eficácia conta a Covid-19 – exceto os bolsonaristas do Conselho Federal de Medicina, onde o sabujismo faz aceitar-se a palhaçada.

Que a Fiocruz não tenha mais a cervical da dignidade que teve – e que levou ao Massacre de Manguinhos, quando 10 dos melhores pesquisadores do então Instituto Oswaldo Cruz foram cassados pelo governo militar e proibidos, até, de trabalhar em qualquer instituição pública – é assunto para outra hora e tem a ver com a postura que a levou a aceitar docilmente os atrasos e redução de quantidades de vacinas a que tem, por contrato, direito a receber e dever de processar para garantir a saúde do povo brasileiro.

Hoje, porém, a questão é como a maior autoridade da Saúde do País – embora só saiba prescrever “atenção, sentido e continência” – dirigiu os parcos recursos e a instituições públicas para sustentar o “achismo” presidencial de que haveria uma medicação milagrosa contra a pandemia, o que daria base a seu discurso contra as medidas preventivas.

Eduardo Pazuello é apenas o executor deste crime, ordenado por Jair Bolsonaro.

No país onde faltam remédios básicos para a população e cortam-se os recursos para manter leitos de UTI em plena explosão da doença, os depósitos de medicamentos estão lotados destes “comprimidos da ilusão” e as instituições cietíficas borradas por terem sido usadas para a prática de um curandeirismo demagógico.

 

Fernando Brito:
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