Recomendo a leitura das duas reportagens da Folha de hoje (aqui e aqui) sobre os jovens universitários de faculdades particulares – e caras – de São Paulo.
Narra que a coisa chega ao ponto de se fazerem “reuniões de pais”, assistir aula com a mamãe e, até, irem juntos a entrevistas de estágio. Até caso “de mãe reclamar de reprovação em MBA” acontece em uma delas.
Cria-se uma geração de incapazes, supérfluos, paparicados, a pretexto de zelar pela “segurança” e pelo “investimento” que estão fazendo, como se a universidade não tivesse como um de seus principais papéis ser o ambiente múltiplo e biodiverso onde se consumaria a sua transformação em adultos, independentes.
Parece existir uma culpa doentia desta camada social que pretende manter os filhos nesta redoma de classe em que se encapsularam e a se relacionarem com a vida e a sociedade como “consumidores” e não como partícipes da “vasta fauna humana”.
Como desprezam a diversidade, desprezam o que é diferente de si mesmos.
Infantilizando os filhos o que se consegue é torna-los egoístas, covardes, despreparados para um mundo que é cada dia mais feito para a mediocridade.
O contrário de gerações e gerações de jovens rebeldes e contestadores que levaram o mundo à frente, forma-se uma geração que só contesta mesmo a conivência humana e embarca no “sou rico, sou diferenciado, tenho mais direitos que os outros”.
Superproteção, que reparo até em queridos amigos para com seus filhos, não é amor, é prisão.
E gente presa se desacostuma à liberdade, de tal maneira que, mesmo quando solta, ainda carrega as grades em sua mente.
Desculpem o desabafo, mas gosto demais da juventude – e do que ficou dela em mim – para não escrever sobre isso.
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Meu filho desistiu da Universidade.
disse, que não é o que ele deseja para vida dele.
Fiquei, (pasmo, mas reconheço, que tem algo estranho
hoje em dia..
Agora...vai ter que entrar no mundo real, e doloroso.
Fico só observando, e tenho pena...
mas achei corajoso da parte dele, apesar que sei que
ele não sabe nada la de fora!!
Ou será que sou eu..que não sei..
Mas vou ama-lo mesmo sendo ajudante de Pedreiro, pois
para ser Pedreiro tem que estudar!!
Tomara que ele goste de poesia, tomara que ele goste de música, tomara que ele descubra o mundo, tomara que ele ame como um poeta ama, tomara que ele seja um aventureiro no melhor sentido, conheça pessoas interessantes, tomara que comece a pensar se ele pode mudar o mundo ao seu redor sendo ele mesmo. Tomara que ele viva e viva bem. Na minha juventude li Maiakowiski e Gorky, o último escreveu várias peças de teatro e um livro entitulado Minhas Universidades. O mundo é plural, é muito mais do que vemos na mídia. Felicidades para ele.
Caro Renato, não fique angustiado Sou de uma família de 4 filhos onde 3 estudarão e são profissionais em suas áreas...mas o 4º filho, o Dudu, como o chamamos carinhosamente, não estudou e hoje é caminhoneiro. Te digo mais...é o mais feliz dos filhos de Dona Verônica e é o preferido de todos. Pois além de ser um ótimo profissional, viaja este Brasil de cabo a rabo, é super espirituoso e a frase que ele sempre diz numa dificuldade é : Vai dar certo!!! abraço e deixe seu filhão ser feliz pois ele vai ser.
Eu passei pela universidade e lhe digo sem hesitar que infelizmente ela atualmente é feita para forçar os alunos a decorar coisas, aonde qualquer tentativa de pensar "fora da caixa" é prontamente punida. Por isso que os ricos colocam os seus filhos em caras universidades particulares "de grife", é aonde eles serão ensinados a mandar nos outros e doutrinados a acreditar que são a "raça superior" e que portanto têm privilégios divinos sobre os "plebeus".
É verdade. E as escolas e as faculdades ajudam na infantilização. Ao chegar a uma certa idade obrigatoriamente os filhos deveriam ser enviados para bem longe dos pais, que raras exceções, tratam os filhos como eternas crianças e não permitem que cresçam, tornando-os adultos infantilizados.
É cultural. No Brasil vemos as famílias em bando. Na prendem como os animai ditos irracionais, os pássaros, que lançam literalmente os filhos no mundo para que aprendam.
Boa noite,
quero ser assim!! Um coxinha!! kkkkkkkk....
É desse meio que está saindo a turma do MP , pronta para " salvar o país ".
Só de pensar nisso dá até arrepios. Em que péssimas mãos o nosso judiciário vai parar.
Costumo falar para meu filho que dinheiro muda muito rapidamente de mãos. O rico hoje poderá se tornar o pobre amanhã com o agravante de que pouquíssimos saberão viver fora do seu padrão social, levando à depressão e ao desespero.
Competência e conhecimento, ao contrário, não se perdem. São para a vida toda. Por isso, muito estudo, trabalho duro e respeito ao próximo são condições básicas para o sucesso.
Eu tenho amigo que costuma dizer que estamos vivendo uma "geração sem noção". Exatamente o que vc escreveu pois esses jovens não vão "crescer" nunca. aliás até p/ casar eles estão em dificuldades pois não querem arredar pé da casa dos pais....
Verdade... Tenho amigos que com 35 anos não saem da casa dos pais! Alguns nem pagam conta de celular ou gasolina! Assustador!
Essa é a geração cara-de-coxinha-pintada uma geração de gente que acha que é melhor do que os outros por ter dinheiro. Diametralmente oposta à geração dos anos 60 que representava a era de aquários, que foi brutamente oprimida por golpes militares por volta da América Latina, que inventou a Bosa Nova, o paz e amor dos Hippes, e tudo mais que houve de bom e desenvolvido nessa época. Certamente a geração atual não tem grandes avanços em nenhuma área, para citar o funk, o arrocha, e para contrapor ao paz e amor o apelo por intervenção militar. Lamento que a falta de educação chegou a tal ponto.
Esses coxinhas tem as suas cabeças contaminadas pelos Coliformes Fecais.
Gostaria de fazer uma correção no que postei acima apenas p/ poder fazer justiça. Quando digo de jovens sem noção gostaria de dizer que existem exceções e que merecem todo meu respeito.
Mais um subproduto do neoliberalismo, que exalta o individualismo e o sucesso a qualquer preço.
O resultado é uma geração desprovida de qualquer senso ético.
Foram acostumados no ambiente familiar a se achar detentores apenas de direitos, uma vez que os endinheirados tudo podem.
Provavelmente estavam todos na Paulista para "dar um basta na corrupção". Amigavelmente, é claro!
Pois em mim,da juventude,ficaram saudades.Saudades dos que comigo compartilharam das grandes manifestações,discusões,brigas e festas,mas onde quase todos se interessavam em ler,escrever,assistir teatro,cinema,música,enfim saudosa geração dos anos 50 e 60,que apesar da dura ditadura pela qual passamos,não perdeu o rumo.Tirante os conflitos,contradições entre o velho e o novo,hoje o velho perdurou nos mais jóvens e o novo ficou restrito a uns poucos,muito poucos,o resto é velhice.