Compra da Coronavac demorou por ‘ideologia da vachina’

Há um mês, a Anvisa liberou a vacina Coronavac para o uso na população.

Também há um mês, o governo federal impôs um contrato de exclusividade de seu uso ao Instituto Butantan.

Há mais de um mês o governo federal procura vacinas para fazer um “tapa-buracos” no intervalo que teremos até que – toc, toc, toc – a Fiocruz esteja envasando e fabricando aqui a Oxford/Astrazêneca.

O que explica, então, só ter sido assinado agora o contrato que assegura ao Butantan confirmar a opção de compra que fez ao laboratório chinês que produz o ingrediente ativo de sua vacina, de forma a permitir o envio do material necessário à produção de 54 milhões de doses que nos fazem absoluta falta?

Aquilo que todos sabemos: a adesão do Governo Bolsonaro à vacina é relutante e cínica.

Por desejo do ex-capitão, estaríamos todos agora tomando cloroquina ou cheirando o spray mágico que ele quer trazer de Israel.

Mas, afinal, ele assinou e não se pode reclamar, não é?

Não é bem assim. Os chineses, claro, não estão com o imunizante guardado. à espera que Sua Excelência se digne a assinar a compra. Retardar o compromisso significa, nas condições atuais do mundo, a retardar o embarque. Os chineses já nos enviaram a metade do contrato original e, em mais dois meses, liquidam as doses que contrataram com o governo paulista, 46 milhões.

Estes 54 milhões são um plus e, por isso, certamente não uma urgência.

Além do mais, da “vachina”, que não iria ser comprada, que só tem 50% de eficácia, que faz a gente virar jacaré.

Não ia, por razões políticas, com por razões políticas – evitar o seu crescente desgaste, agora quer que venham.

Diz que tem um ‘cheque de R$ 20 bilhões para comprar vacina, mas que o produto está em falta’.

Estes 54 milhões não estavam em falta, estavam oferecido e o seu governo remancheou em comprá-los, como seu ‘chequinho’ bem maior do que aqueles de Fabrício Queiroz.

Queria, e não conseguiu, comprar outra, salvar a cara e poder dar um ‘cano’ no Butantan.

Bolsonaro não tem a menor pressa em que a vacinação no Brasil avance com rapidez. Será mais tempo para ele jogar na pandemia e no “fica em casa” a culpa do desastre de sua gestão do país.

 

Fernando Brito:
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