Compra de terras e florestas envolve “capos” da multi que corrompeu fiscais do ISS paulistano

A agência Reuters anuncia que foi concluída a venda de 205 mil hectares de florestas da Fibria – fusão entre a Aracruz Celulose e a Votorantim – nos estados de São Paulo, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Bahia.

É mais de 20% das terras da empresa, uma gigante da celulose.

Diz a matéria que o Cade aprovou a venda, sem restrições. Em princípio, é o que deveria fazer, porque é a venda de um pedaço da maior empresa para outra.

Mas quem é a outra empresa?

A suspeita de que a Parkia seja uma empresa controlada por estrangeiros  – e que, portanto, teria limites legais à compra de terras no Brasil – era tão forte que a Fibria foi aos jornais dizer, numa insólita declaração,  que não é e que a compradora estava “aberta para passar os detalhes de sua formação ao mercado”.

Mas não passou coisa alguma.

É simples: a Parkia é uma empresa de fachada.

“Funciona” em “parte” de uma sala do escritório de contabilidade Apex Auditores, no Edifício Downtown, na Barra da Tijuca – Av. das Américas, 500, Bloco 2, sala 301.

Não emprega um mateiro, um lenhador, um operador de serra.

Vai é fazer a corretagem das terras ou, mais provavelmente, servir como “descarrego” contábil para a Fibria reduzir seu endividamento, com um contrato de recompra das terras na gaveta.

No mesmo endereço,  funciona a Arapar Participações, integrada e dirigida pelos mesmos integrantes da Parkia.

Quem era o responsável pela Parkia até novembro do ano passado?

O senhor Luiz Idelfonso Simões Lopes, presidente brasileiro da Brookfield, braço imobiliário da notória Brascan no Brasil.

Ele passou a presidência para Charles Wanderley Maia, criador de gado em Goiás e de cavalos de raça.

Não se sabe muito dele, exceto que recebeu uma condenação por uso de guia falsa no recolhimento de impostos, aqui no Rio.

Os outros diretores, Renato Cassim e Paulo Cesar Carvalho Garcia são, como Simões Lopes, capas-pretas da Brookfield: vice-presidente e conselheiro geral da empresa.

A Brookfield, como se sabe, é uma das maiores pagadoras de propina para a máfia dos fiscais do ISS paulistano.

Que matéria podia sair daí, se tivéssemos jornalismo investigativo, não é?

Bom, pelo menos podíamos ter Polícia Federal.

Fernando Brito:

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  • O pessoal lá no MP deve estar dizendo: Tem tucano envolvido? Então engaveta! Finge que não vê! Tampa a cara! Se não sair no JN não existe!

  • A minha cidade é uma regra na venda de terras...Em pouco mais de cinco anos, os condomínios novos, ultrapassam a 35,todos com aval da Cetesb.

  • Ô Fernando,não era essa Brascan que o Brizola chamava de polvo canadense? Essa empresa tem história,e não é das mais edificantes,sem trocadilhos,hem!

  • Muitas das terras que estão cheias de arvores não naturais ao Brasil, como Eucalipto, Pinus Taeda e outras, são terras que não tem um só trabalhador, mas tem carros de segurança armados de lá para cá..
    E como fazem negócio estes estrangeiros com as nossas florestas, elas não saem do lugar....MAS o que vendem e compram elas é coisa de outro MUNDO...Finlandia, Americanas, Norueguesas, Canadenses, Chilenas...é um paraíso VERDE..
    fazer papel ou celulose é a ultima finalidade PENSO eu no meu insignificante ver!

  • Rodrigo Janot quer quebrar de sigilo do senador Zezé Perrella

    A Procuradoria-Geral da República defende a quebra de sigilo bancário para aprofundar investigação contra o senador Zezé Perrella (PDT-MG) e o irmão de Perrella, Alvimar de Oliveira Costa, em inquérito que tramita no STF.

    Ex-presidentes do time mineiro Cruzeiro, os dois são investigados por suposta lavagem de dinheiro na venda do zagueiro Luisão ao Benfica, de Portugal. A negociação envolveu um clube uruguaio e é considerada suspeita pela Polícia Federal, que indiciou Perrella em 2010 pelo caso.

    A investigação se arrasta no Supremo Tribunal Federal desde 2011.

    Dez dias depois de a polícia encontrar cocaína no helicóptero da empresa do filho de Perrella, embora tenha sido descartado qualquer envolvimento da família no caso, o inquérito voltou a andar.

    O STF mandou o caso a Janot, que pediu que o ministro Ricardo Lewandowski reconsiderasse a decisão de não autorizar a quebra de sigilo bancário. A devassa foi suspensa após pedido do Cruzeiro.

    Advogados do time, que também defendem o senador, alegam haver erros na petição do Ministério Público, e Lewandowski desautorizou parte da quebra do sigilo bancário e fiscal. Parte da movimentação das contas dos dois já havia sido analisada pela PF.

    Em 2003, Luisão foi vendido por US$ 2,5 milhões ao clube uruguaio Central Español e logo em seguida repassado por cerca de US$ 1 milhão a menos ao Benfica. Investigadores suspeitam que parte do valor declarado na negociação com o time uruguaio voltou irregularmente ao Brasil e teria sido pulverizado em contas de empresas ligadas à Perrella e ao irmão dele. Na Folha

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