Amanhã, inicia-se o ano legislativo com Sérgio Moro no centro das polêmicas, embora uma segunda-feira que promete ser sombria no mercado financeiro vá disputar com a política o centro das atenções.
Pode apostar que, mesmo com as juras de fidelidade do ex-juiz a Bolsonaro, uma grande bancada de parlamentares vai empenhar-se em “desagravá-lo” do tratamento presidencial: os “cães de guarda” do lavajatismo e mais a porção órfã do PSL, a que ficou sem os bolsonaristas.
Mais que a esquerda, que não separa mais o criador curitibano da criatura posta em palácio, o DEM (não todo, o de Rodrigo Maia), o PP e outros partidos, que se arrepiam com as ambições presidenciais de Moro, não acreditam que este vá se acomodar na promessa retomada por Bolsonaro de nomeá-lo ao STF.
Isso não seria empecilho para que deixasse a toga outra vez e fosse candidato, em 2022 ou 2026, contando com o palanque semanal da TV Justiça, saborosamente retransmitida na Globonews.
Por isso, podem tirar da gaveta um projeto que amplia o prazo de seis meses para seis anos exigido a juízes, inclusive os do Supremo, para deixarem o cargo e habilitarem-se a disputar eleições.
Quanto às reformas tributária e administrativa, pouca chance de que elas sejam votadas: em ano eleitoral, mexer com dinheiro dos Estados e Municípios e com os direitos de servidores não é assunto apetitoso.
Com muito mais possibilidade – diria ate alta probabilidade – é a votação da independência do Banco Central, facilitando o processo de queima de nossas reservas internacionais.
E, de resto, o baixo nível que já não surpreende ninguém.
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Proteger a todo custo a imagem de Moro e da lavajato, fazendo tudo que for possível para que o povo nunca entenda com clareza os crimes que Moro cometeu na função de juiz e a responsabilidade da lavajato na destruição política e econômica do Brasil, é a única forma possível de convalidar o golpe.
Este trabalho foi assumido, definitivamente, pela Rede Esgoto de Televisão. Para quem já produziu um "caçador de marajás" em 1989, me parece um trabalho muito fácil, perante a imbecilidade e ignorância do povo brasileiro.
Os municípios precisam se unir e reagir aos empecilhos que poderão colocar para soltar grana do tesouro para eles, neste ano eleitoral. O atual governo pode ser de loucos, mas isso não impede que sejam loucos maquiavélicos. Com as atuais administrações empenhadas em continuarem no poder, viram alvo fácil para quem tem a chave do cofre federal. E para morrer com o cacau, os bozóicos poderão exigir até que os municípios desprezem suas leis orgânicas e renunciem a suas garantias federativas, e que muita gente se desfilie de partido e mude até de religião.
Impressionante que depois de tudo o que fez, Moro desfrute de um prestígio crescente e, apesar de ser um obscuro e ignorante juiz, sem voz nem expressão política, sem conhecimento básico da Língua Portuguesa, sem proposta de governo para o buraco em que ele mesmo colocou o Brasil ainda desperte atenção de jornalistas e políticos.
O pior é que este inacreditável prestígio está contaminando o eleitor mais rápido do que o coronavirus. Outro dia, empresário de pequeno porte em minha cidade, entre críticas ao governo Bostanaro, me perguntou: o que vc. acha de Sérgio Moro na presidência? Com a maior calma e educação possível diante da sugestão, respondi que, se o objetivo é afundar definitivamente o Brasil, Moro é, com certeza, o melhor candidato. Mas a verdade é que o vírus está pegando, e pegando forte.
O maior erro do PT foi ter aumentado o poder dos sem votos reduzindo a discricionariedade do governo com mais leis e normas (lei da ficha limpa, da organização criminosa, delação premiada...) para o judiciário e ministério público. Essa é a agenda da direita, restringir o campo de autonomia do voto. Esses poderes são instituições de classe. Lula não merecia isso. Perdeu a mulher e cumpriu uma prisão absurda. Que forma dolorosa de entender que a hegemonia eleitoral não é a hegemonia política. Vamos à luta.
Entrevista com economista e pesquisador norte-americano Mark Weisbrot.
"AS: Por que os Estados Unidos e Departamento de Justiça quiseram se livrar de Lula e seu partido político?
MW: Toda a operação por parte dos Estados Unidos, toda a operação contra Lula e seu partido político… A propósito, não foi a primeira vez, devo dizer. Em 2006, temos documentos, há um artigo na Folha de S. Paulo sobre isso, mostrando que os Estados Unidos intervieram para tentar enfraquecer o PT naquela época. Eles estavam pressionando por uma legislação que poderia enfraquecer o PT e o governo naquela época. Eles sempre quiseram se livrar desse governo. Por que isso? A meta principal na América Latina, desde sempre, foi ter países alinhados completamente, ou pelo menos alinhados à política externa dos Estados Unidos. É com isso que eles mais se preocupam agora. Talvez, 30 anos atrás, eles se preocupassem mais com interesses corporativos. Mas agora, na última década ou duas, a preocupação tem sido a política externa. Eles derrubaram o governo do Haiti duas vezes desde 1991. O que o Haiti tem? Nada. Eles fizeram isso porque as pessoas elegeram alguém que não estava alinhada com a política externa. E é um país pequeno.
Pense no Brasil. Brasil quis contrariar a política externa dos Estados Unidos, quis negociar com Irã, Turquia, Rússia por um acordo de troca de combustível nuclear, por exemplo, em 2010. Isso, como vimos na mídia,foi como um ponto de virada. E outra coisa que fizeram, obviamente como líder do movimento de independência da América do Sul, do século XXI, ajudaram a estabelecer a Unasur, CELAC, todos esses outros governos de esquerda, na Bolívia, Equador, Venezuela, Uruguai, Paraguai, Honduras, até o governo dos Estados Unidos vetar estes governos. Então foi um preço alto [pago pelo Brasil] que sempre esteve presente. Obviamente, é o maior País da região e a maior economia. Eles queriam demolir essa mudança institucional que ocorreu no século XXI e deu à América Latina uma voz independente no cenário mundial. Acho que é disso que eles mais queriam se livrar."
https://jornalggn.com.br/noticia/mark-weisbrot-eua-usaram-lava-jato-para-fins-de-politica-externa-e-moro-ajudou-no-processo/
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