MP faz ameaças veladas para levar trabalhador humilde a incriminar Lula

Estarrecedor.

Edivaldo Pereira Vieira, um biscateiro da região de Atibaia é induzido num interrogatório informal a quatro promotores da Força Tarefa a dizer que conhece Jonas Suassuna, um dos proprietários do sítio frequentado por Lula dizendo que, depopis, no depoimento pode “ficar ruim” para ele se forem apresentados documentos.

Estão, como se diz, “jogando um verde”, porque a esta altura todo mundo em Atibaia sabe o que a polícia e o MP pretendem e que não vão hesitar em pressionar  para obter.

Tanto que Edivaldo, sobre o qual não pesa acusação nenhuma – do que pode ser acusado um “faz tudo” de sítios e casas de veraneio? – consta como “acusado” e tem pedido contra si uma “busca e apreensão criminal”. Busca e apreensão de que, com este pobre homem, que sabem que ficará intimidado com o aparato policial – ou de querra – com que chegam viaturas e homens fortemente armados da PF em sua casa humilde.

Veja a reportagem de Marcos de Vasconcellos, editor do site jurídico Conjur.

Gravação mostra procuradores da
“lava jato” tentando induzir depoimento

Marcos de Vasconcellos, no Conjur

Ameaçar testemunhas com o intuito de influenciar o resultado de uma investigação criminal configura crime de coação no curso do processo, previsto no artigo 344 do Código Penal, já decidiu o Tribunal de Justiça do Distrito Federal. No entanto, é difícil imaginar qual é o possível desfecho quando a atitude é do próprio Ministério Público Federal.

Ameaças veladas, como “se o senhor disser isso, eu apresento documentos, e aí vai ficar ruim pro senhor”, que poderiam estar em um filme policial, foram feitas em plena operação “lava jato”. E em procedimento informal, fora dos autos.

O cenário é uma casa humilde no interior de São Paulo. Quatro procuradores batem à porta e, atendidos pelo morador — que presta serviços de eletricista, pintor e jardinagem em casas e sítios—, começam a questionar se ele trabalhou no sítio usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se conhece um dos donos do imóvel, o empresário Jonas Suassuna. Ao ouvirem que o homem não conhecia o empresário nem havia trabalhado no local, começam o jogo de pressões e ameaças:

Procurador: Quero deixar o senhor bem tranquilo, mas, por exemplo, se a gente chamar o senhor oficialmente pra depor daqui a alguns dias, e você chegar lá pra mim e falar uma coisa dessas…
Interrogado: Dessas… Sobre o quê?
Procurador: Sobre, por exemplo, o senhor já trabalhou no sítio Santa Barbara?
Interrogado: Não trabalho.
Procurador: O senhor já conheceu o senhor Jonas Suassuna?
Interrogado: Nunca… Nunca vi.
Procurador: O senhor já fez algum pedido pra ele em algum lugar?
Interrogado: Nem conheço.
Procurador: Então, por exemplo, aí eu te apresento uma série de documentações. Aí fica ruim pro senhor, entendeu?

A conversa foi gravada pelo filho do interrogado, um trabalhador da região de Atibaia. Os visitantes inesperados eram os procuradores do Ministério Público Federal Athayde Ribeiro Costa, Roberson Henrique Pozzobon, Januário Paludo e Júlio Noronha.

Nas duas gravações, obtidas pela ConJur, os membros do MPF chegam na casa do “faz tudo” Edivaldo Pereira Vieira. Sutilmente, tentam induzi-lo, ultrapassando com desenvoltura a fronteira entre argumentação e intimidação, dando a entender que dizer certas coisas é bom e dizer outras é ruim.

Na insistência de que o investigado dissesse o que os procuradores esperavam ouvir, fazem outra ameaça velada a Vieira, de que ele poderia ser convocado a depor e dizer a verdade.

Procurador: É a primeira vez, o senhor nos conheceu agora, e eventualmente talvez a gente chame o senhor pra depor oficialmente, tá? Aí, é, dependendo da circunstância nós vamos tomar o compromisso do senhor, né, de dizer a verdade, aí o senhor que sabe…
Interrogado: A verdade?
Procurador: É.
Interrogado: Vou sim, vou sim.
Procurador: Se o senhor disser a verdade, sem, sem problema nenhum.
Interrogado: Nenhum. Isso é a verdade, tô falando pra vocês.
Procurador: Então seu Edivaldo, quero deixar o senhor bem tranquilo, mas, por exemplo, se a gente chamar o senhor oficialmente pra depor daqui a alguns dias, e você chegar lá pra mim e falar uma coisa dessas…

Investigado ou testemunha
Ao baterem à porta de Vieira, um dos procuradores diz: “Ninguém aqui tá querendo te processar nem nada, não”.

No entanto, o nome de Pereira Vieira aparece na longa lista de acusados constantes do mandado de busca e apreensão da 24ª etapa da operação “lava jato”, que investiga se o ex-presidente Lula é o dono de sítio em Atibaia, assinado pelo juiz Sergio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.

Ao se despedirem, deixando seus nomes e o telefone escritos a lápis numa folha de caderno, os membros do MPF insistem que o investigado escondia algo e poderia “mudar de ideia” e decidir falar:

Procurador: Se o senhor mudar de ideia e quiser conversar com a gente, o senhor pode ligar pra gente?
Interrogado: Mudar de ideia? Ideia do quê?
Procurador: Se souber de algum fato.
Interrogado: Não…
Procurador: Se você resolver conversar com a gente você liga pra gente, qualquer assunto?
Interrogado: Tá.

Ouça trechos da gravação:

Fernando Brito:

View Comments (59)

  • Com o STF fazendo parte da gangue eles podem fazer o que quiserem. Como defesa o povo deveria atirar na cabeça de "agente da PF" que faz uma coisa dessas.

    • Conselho? Corpo?

      Rarará.

      Esses lixos vão levar o povo a fazer loucuras e não demora.

      É a pontinha do gelo. Se são assim, e trabalhando em grupo são assim , imagine sozinho ou em dois. Torturam pra obter o que querem.

  • Isso é coisa de mafioso. Pior, mafioso pago com dinheiro público.

  • Athayde Ribeiro Costa, Roberson Henrique Pozzobon, Januário Paludo e Júlio Noronha.

  • Boa noite,

    a coisa tá toda viciada. Congresso, MP,STF e demais instituições. Agora penso se não é hora dos Militares de volta, para o povo, com o povo!!

  • Mais uma entre tantas ilegalidades...quando é que começará a denúncia internacional desta farsa? Quando?

  • É a GANG DA TOGA com GANG DO MPF e seu JANOT com GANG DE CURITIBA e seu MORO com a GANG da PF com GANG da Mídia e todos juntos e misturados com o GANGSTER CÚ...NHA...aí já viram né...FAROESTE CABOCLO!!!

  • Se Temer tem um problema ele entrega ao

    FedeCunha.

    E pensa em ser presidente.

    Se gear no cafezal ele chama a FedeCunha. Se o Brasil for invadido ele entrega a FedeCunha.

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