Hoje, a Folha de S. Paulo “descobriu” o que este Tijolaço vem afirmando há um mês.
Que “o campo de Franco sozinho teria reservas maiores do que Libra, leiloado em outubro, que teria entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris”.
Mas, ao contrário do que aconteceria em qualquer jornal do mundo, diante do maior campo de petróleo da face da Terra, hoje, essa informação vem lá no meio da matéria.
E pior, como um “problema” para a empresa que detém 100% dos direitos exploratórios sobre ele, ainda que limitados contratualmente à pouco menos da metade de um volume que deve superar os 10 bilhões de barris.
Isso, apesar de o próprio contrato já prever opções de reavaliação de valores e volumes, prevista para o ano que vem.
Claro está que a Folha, antes disso, trata da questão vital para o desenvolvimento do país, que é, ao que parece, sabermos se sai um reajuste de sete ou oito centavos no litro de gasolina, menos do que varia conforme o posto que você abasteça.
Mas, regressemos à questão. A Folha vai ouvir dois consultores, ambos adversários da Petrobras.
O primeiro é o inefável Adriano Pires, homem da ANP no Governo Fernando Henrique, durante o qual, aliás, a Agência pediu R$250 mil reais apenas para entregar uma área que hoje é parte do campo gigante de Libra.
Pires, um gênio, diz que “para ficar com o excedente, a empresa (Petrobras) teria que pagar à União algo em torno de R$ 44 bilhões”.
Bem, se o excedente for de cinco bilhões de barris- e isso é um cálculo modestíssimo, ainda mais se consideradas as outras áreas nas mesmas condições, onde já se descobriu muito petróleo – o custo seria de menos de R$ 9 por barril. O que, convenhamos, é muito pouco, se sabemos que o preço no mercado petroleiro passa de 100 dólares por barril.
Mesmo com o cálculo aloprado de extração que Adriano passou a sua pupila Miriam Leitão outro dia – US$ 45 por barril – ainda seria um baita negócio.
Ainda mais porque isso seria pago, como prevê o contrato de cessão onerosa, à medida em que a extração fosse sendo processada.
E, mais vantajoso ainda: porque metade ou pouco menos do investimento para explorá-lo já está em plena execução.
O segundo é um consultor da Câmara dos Deputados, Paulo César Ribeiro Lima, que é de outa linha: aquela que usa o ótimo como inimigo do bom e, por isso, acaba resultando no ruim.
Lima diz que tudo é muito vantajoso para a Petrobras e ruim para o Estado.
Os R$ 44 bilhões de Pires, para ele, serão só R$ 4 bilhões. “Há margem para manobras que podem fazer a Petrobras pagar pouco na revisão, em torno de R$ 4 bilhões”, diz ele à Folha.
Ele acerta ao dizer que a Petrobras vai precisar de uma nova capitalização, porque é impossível uma empresa triplicar seu tamanho sem capitalizar-se.
Mas erra grosseiramente, ao dizer que a capitalização de 2010 “já foi pelo ralo”. A menos que ele chame 28 navios sonda, um dúzia de superplataformas navais, dezenas de poços, gasodutos, linhas de produção, bilhões de investimento e centenas de milhares de empregos diretos e no parque de fornecedores for lixo. E, sobretudo, seja lixo termos recuperado para o Estado 8% do capital da Petrobras, um quarto do que Fernando Henrique dissipou na Bolsa de Nova York.
Pires e Lima, como dois homens que dão a volta ao mundo em sentidos opostos, acabam por se encontrar no mesmo ponto de lesão ao interesse brasileiro: bloquear, com razões diversas, o papel decisivo que o petróleo do pré-sal e a Petrobras começam a jogar na transformação deste país.
Eles, como a imprensa, se servem do intervalo de alguns anos em que esse desafio exige para ser vencido, para afirmar que tudo é um desastre. O “investidor” que Pires defende é aquele que compra e vende ações da Petrobras ao sabor das manchetes. Já Lima “defende” o Estado dizendo que tudo poderia ser bem melhor do que a Petrobras faria.
E quem faria?
As empresas estrangeiras, que querem nossas jazidas, não estão absolutamente interessadas em comprar equipamentos no Brasil, em empregar brasileiros, em acelerar nossa atividade econômica e, muito menos, em arcar com pesadíssimos e lentos investimentos em refino, para ter de vender a preços baixos, como faz a Petrobras, embora o furor fiscal dos Estados e as margens de lucro na distribuição camuflem esta verdade aos olhos de muitos.
Então, estamos diante de um problema inédito no mundo: temos muito petróleo. E a Petrobras, diante de outra novidade “problemática”: detém jazidas gigantescas de óleo.
Infelizmente, não é “non-sense” que o fato de que o nosso país tenha, agora, os dois maiores campos de petróleo do mundo seja tratado com tom lamurioso.
São interesses.
A exploração de jazidas de petróleo que vão nos colocar na quinta ou sexta colocação mundial não é como organizar uma festinha de aniversário, onde a gente pode decidir se é melhor comprar os docinhos ou fazê-los em casa. As decisões terão uma repercussão imensa na vida da sociedade brasileira, que não se resume à (importantíssima) destinação dos royalties à educação e à saúde. Vão determinar se teremos emprego, investimento, fábricas, tecnologia, progresso sustentável.
Ou, então, se vamos faturar um dinheirinho para pagar aos rentistas sedentos, como fizeram por anos, sem que isso nos tirasse do endividamento e do atraso.
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Muito esclarecedora, como sempre, a matéria do Tijolaço. Ilustra, no caso concreto com a FSP, a que ponto chegou a degradação de certos meios que outrora chegaram a praticar jornalismo. E que hoje não passam de boletins promocionais dos interesses do setores parasitários, acostumados a entregar nossas riquezas ao capital estrangeiro. Deslumbrados. Subalternos. De joelhos.
Felizmente, na última década, iniciamos o mais importante processo de reorientação do nosso desenvolvimento. Levará tempo, ainda, mas estou convencido de que chegaremos lá.
Interessante!
Só aqui para se saber e divulgar direitinho o que se passa na vida do Brasil e pelas "canetas" dessa imprensinha meia boca, ou quase nenhuma boca.
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Eu sinceramente já perdi esperança na Dilma. Ela se submete com muita facilidade aos interesses dos poderosos. A Selic nada mais vergonhoso, 10% agora. Os campos de petróleo foram para leilão. E podem ter certeza que Dilma vai fazer o que é melhor para os "investidores".
Vejam os fatos, Dilma fez leilão das estradas e as vencedoras pegarão dinheiro no BNDES, dinheiro público, não venham com essa que é dinheiro do BNDES, a UNIÃO se endividou para capitalizar o BNDES, para que o BNDES pudesse emprestar para essas obras, então é dinheiro público colocado na mão da iniciativa privada com a roupagem de negócio limpo, com participação da iniciativa privada. Nesses leilões DUVIDO que alguém vai colocar dinheiro seu, TODO dinheiro virá do BNDES. O tempo mostrará a verdade. Leiloaram o aeroporto do Galeão, DUVIDO que a qualidade do atendimento será bom. E podem ter certeza que a empresa que arrematou o Galeão vai pegar dinheiro emprestado no BNDES para investir no Galeão e pagar juros que em nenhum lugar no mundo conseguiria, mas vão anunciar lucros fabulosos e prestar serviço ruim. A diferença das privatizações da companhias telefônicas no governo FHC é que Dilma deu nome diferente para o mesmo negócio medonho, pegar dinheiro público investir uma parte.
Pior é que por causa que o governo Dilma ser do PT, de esquerda, engolimos cada absurdo. Leiloar campo de petróleo conhecido, sem risco algum, passamos a achar isso normal.
Eu votei no PT e nunca votarei no PSDB ou afins, mas estou profundamente decepcionado. Quando a fatura do serviço chegar vai ser um deus me acuda para todo lado. Enquanto a Dilma governar com cabeça de tucano vai sempre patinar.
Senhor FHC quando você vendeu a VALE,na verdade você é um dos donos da VALE.Você não tem vergonha na cara?