Infelizmente, está se tornando irreversível para a manutenção do Estado de Direito que as Forças Armadas sejam absolutamente excluídas do processo eleitoral, a não ser nas funções logísticas que sempre estiveram a seu cargo.
A se confirmar o que publica hoje o Estadão, de que os militares “planejam” uma “fiscalização paralela” às eleições que incluiria a ordem de Bolsonaro para que “as Forças Armadas promovam uma contagem de votos à margem da oficial”.
É evidente que, se é possível fiscalizar a contagem e totalização dos votos que faz a Justiça Eleitoral, ela é a única contagem possível, cabendo a quem dela discordar que apresente contestação, pedidos de recontagem e de revisão da totalização.
Não é possível que outra instituição estatal assuma o papel de controladora e é evidente que dizer que uma totalização dos votos feita pelas Forças Armadas é um pretexto para “melar” as eleições planejado para que o candidato que notoriamente os chefes militares apoiam seja o vencedor de fato e que, como a ninguém se pode recorrer contra as Armas, o país seja lançado em uma crise sem tamanho, interna e externa.
Interna, porque vai tornar a reação em defesa do resultado legítimo, apurado pela Justiça, um enfrentamento direto aos militares e suas baionetas ou mesmo aos militares que recusarem a esta usurpação de poderes a única alternativa de voltarem-se contra comandos comprometidos com a intervenção no processo eleitoral.
Externa, porque é impensável que o mundo tolere uma intervenção militar no Brasil, em dias muito distantes de uma “Guerra Fria” que só sobrevive nas teias de aranha do pensamento reacionário senil dos embolorados generais do Clube Militar e nos facínoras milicianos.
Comandantes sensatos nunca levam seus comandados para posições que não admitam recuos. Só os líderes tresloucados exigem isso de seus exércitos.
Bem, é um líder tresloucado o que temos, resta saber se temos comandantes suicidas.