Covid: pesquisa mostra que metade dos testes positivos é sonegada

O Brasil não tem 22 milhões de casos de infecção pela Covid-19 nestes dois anos de pandemia.

Tem pelo menos 42 milhões de infectados – todos testados e com resultados positivos -, o que nos deixa só atrás dos Estados Unidos em matéria de contaminação: um em cada cinco brasileiros já teve ou tem um diagnóstico laboratorial de que contraiu a doença.

É o que revela a pesquisa que o Datafolha fez com uma amostra de 2.023 pessoas de 16 anos ou mais em todos os estados do Brasil: “segundo o levantamento, 25% dos entrevistados disseram ter feito teste que confirmou a infecção pelo vírus, o que significa 41,95 milhões de pessoas contaminadas desde março de 2020”.

Sim, fizeram um teste num hospital público ou particular, ou num posto de saúde, ou num laboratório ou ainda numa rede de farmácias credenciada para esta atividade. Como não há testes domésticos no país, não poderia haver subnotificação dos resultados.

Ou, pelo menos, não quando os testes são realizados por entes perfeitamente controláveis.

Qual é a explicação que as autoridades sanitárias podem dar para que estes diagnósticos não tenham ido para seus registros?

Por favor, poupem-nos de “problemas de compatibilidade no banco de dados” e outras explicações deste tipo. Isso poderia ser verdade por um mês, dois, no máximo, porque todo mundo sabe quem faz teste e quem fez sabe que você é identificado por nome completo e CPF antes de ter o cotonete enfiado no nariz ou na garganta.

Não foi registrado porque as autoridades não querem que se saiba quantas pessoas ficaram ou estão infectadas, do contrário isto teria sido resolvido em poucos dias.

“Cura-se” o paciente desconhecendo sua existência. Assim, ele não atrapalha o funcionamento do comércio, da indústria, dos serviços, a não ser que caia doente ao ponto de não poder ir trabalhar.

Nos últimos 30 dias, a situação é ainda pior.

4 milhões de pessoas dizem ter contraído Covid com teste positivo, um número escandalosamente maior que os 621 mil que constam da contabilidade “semi-oficial”, a das secretarias de Saúde dos Estados, porque a do Ministério da Saúde parou no último mês.

Ninguém pode administrar uma epidemia sem saber da incidência real da doença sobre a população, não se trata de “curiosidade mórbida”.

O que é, sim, é um desídia mortal, porque os recursos para este número de testes estão sendo malbaratado por eles gerarem informação que não fica sendo conhecida e que, portanto, não gera efeito em orientação das autoridades sanitárias, dos governantes (ao menos os que querem combater a pandemia) e na própria população, que se desmotiva de proteger-se por não saber a gravidade do quadro real.

Não é incompetência, é mentira oficializada.

É crime.

 

 

 

 

Fernando Brito:
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