A sessão de hoje da CPI da Pandemia tem tudo para converter-se num escândalo gigantesco, a depender do que os senadores tiverem a exibir das denúncias de médicos obrigados pelos diretores da Prevent Senior a tratarem seus pacientes com cloroquina, ozônio, células-tronco e outras barbaridades inúteis contra a Covid-19.
É “mundo-cão” na veia: pessoas idosas morrendo para sustentar uma conspiração médico-governamental de “padrão Mengele”, aquele médico-chefe nazista do campo de concentração de Auschwitz que usava prisioneiros como cobaias de seus experimentos.
Mas será, também, uma exibição grotesca da decadência da ética médica no Brasil, porque para tudo se invocará a “autorização” do Conselho Federal de Medicina, ainda vigente, para que se prescreva drogas sabidamente ineficazes em pacientes infectados com o já nem tão novo coronavírus.
Não há explicação para que o Conselho tenha, contra todas as evidências e manifestações de sociedades científicas, ter adotado e mantido essa orientação, disfarçada de “autorização” à liberdade absoluta de prescrição.
Ou melhor, há só uma e inaceitável: dar suporte à saga charlatã do governo brasileiro diante da pandemia.
É triste ver que forneceu a cobertura para que empresários – inclusive empresários-médicos – tenham feito disto o inverso: o poder de mando para obrigar profissionais temerosos de perder o emprego a ministrarem substâncias inadequadas, sem sequer o consentimento dos pacientes.
Pior é ver que tudo, no Brasil, hoje, se contamina dos venenos de um desgoverno criminoso e irresponsável, que transforma em “argumento” político a vida humana.
Cedo ou tarde haverá um Nuremberg para esta gente. Em Haia, sede do Tribunal Penal Internacional.