Crivella sugere a carioca evitar ônibus lotado. Só se não for trabalhar…

A prefeitura do Rio de Janeiro disparou uma série de tuítes com recomendações aos cariocas sobre como se prevenirem do coronavírus.

Um delas está provocando piadas, quando não ira: a de evitar ônibus e BRTs lotados.

Qualquer um que ande no BRT e nos ônibus das zonas Oeste e da Leopoldina (principalmente, mas não só) sabe que lata de sardinha é salão de baile perto do que enfrentam.

O metrô, em determinados horários, idem.

Mas tem mais problemas para os trabalhadores.

Centenas de milhares deles vão ter de arranjar quem cuide dos filhos, já que as escolas municipais e estaduais ficarão sem aulas a partir de segunda.

O pessoal que trabalha em teatros e cinemas vai começar a pensar no que fazer, porque eles estão proibidos de abrir.

Tudo feito sem planejamento e sensibilidade.

Ninguém pensando em, a princípio, ao menos, estabelecer dois turnos de cinco horas para funcionamento do comércio, alternados pela matrícula, tal como o rodízio de carros se organiza por final de placa, em SP, para distribuir melhor o trânsito de pessoas no transporte coletivo.

Ou de limitar o tamanho da plateia de eventos públicos, como fizeram os países europeus que não estão – e não estamos aqui – no “estágio furacão” da epidemia.

Idem nas escolas, a possibilidade de contágio, havendo cuidado, é mínima, ao menos nas escolas de ensino fundamental, cujos alunos, na grande maioria, não têm idade para serem deixados sozinhos em casa. E o povão não tem babás para deixar com eles.

Agora todos estão tentando ser “mais realistas do que o rei”.

Medidas sanitárias são para proteger as pessoas e não podem ser desmoralizadas e nem servir para criar pânico.

Se são necessárias, não podem ser “meia-boca”. Tira seu filho da escola, onde um professor/professora ia ter contato (e cuidadoso) com ele e enfia no trem lotado, para levar para o local de trabalho, por não ter onde deixar?

Elas têm de ser consideradas no todo e o trabalho é parte do cotidiano da imensa maioria da população.

Fernando Brito:

View Comments (14)

  • Se cada empresa convocar entre 40-50% a cada dia seria um custo q as empresas poderiam suportar?
    Metade trabalhando segunda quarta e sexta e metade terça e quinta. Na outra semana inverte. Se tiver trabalho aos sabados terça quinta e sabado. Na semana seguinte inverte. Mesmo assim seria problematico nao? Num surto de conjuntivite sugeriram onibus com janelas abertas mas com ar condicionado nao funciona.

  • Ouvi muito o Raul Seixas cantado "o dia em que a terra parou", e não é que estou vendo a terra parar? Literalmente!

  • hahahaha
    Isso não poderia jamais, em hipótese alguma, sair de uma cabeça que não fosse evangélica.
    Nenhum outro tipo de pessoa, incluindo tarados, serial killers , pederastas, doidos etc, conseguiria articular esse tipo de pensamento bizarro.

  • Não sou exatamente o tipo pessimista mas não tenho dúvidas de que muito brevemente viveremos dias caóticos como não se viu até hoje no Brasil. Não sei se ainda se faz "brain storm", mas quem fez há de lembrar daquelas sessões para encontrar a solução de um problema onde cada participante diz o que lhe vem na telha. Vi, agora há pouco, por exemplo, que o Crivella quer dificultar o acesso ao Rio

  • A gente vai vendo o imenso descolamento dos tomadores de decisão, dos "gestores", do que é a vida cotidiana dos cidadãos. Ou talvez seja escárnio mesmo.

  • As igrejas vazias acarretarão na diminuição de suas arrecadações. Ele deve é estar pensando nisto. O resto é que se f...!!!

  • Pois agora me a pergunto, sozinho, e SE aquele empregado das Lojas Riachuelo (pois só a cito porque só conversei com esse empregado na Rchlo, por conta da nova Lei Trabalhista) que trabalha semana-sim, semana-não, para não precisar registrar na CTPS e recolher menos encargos empregatícios, na semana-sim apresentar alguns dos sintomas, principalmente a febre intermitente – característica do “Coronavírus Covid-19“, alguém acredita que ele ficará em casa e ligará para o empregador dizendo que não irá trabalhar, pois doença? Ou que ele vai trabalhar natorcida para que ninguém repare nele??? Os advogados trabalhistas, por favor, me ajude: como o trabalhador dessa nova legislação deve proceder? Quem irá pagar os dias parados? Na antiga, quando o empregado ficava encostado, mais de um determinado tempo, a Previdência era acionada, mas e agora? Outra pergunta, que nossa vida é perguntar: quanto às diaristas? Aquelas trabalhadoras que nos visita uma vez por semana e faz a faxina, tirando a poeira dos móveis, esfregando o chão etc. Pois é. Alguém aí acredita que uma diarista brasileira tem alguma poupança para ficar uma, duas semanas sem trabalhar de quarentena? Acho que não. E isso é preocupante, até mais, pois geralmente quem contrata diaristas são pessoas já de uma certa idade, que não tem a mesma força da juventude para uma faxina, como aquela senhora de 90 anos. Será que a diarista dela, vai ligar e dizer: “Olha, hoje não vou porque estou com o coronavírus, mas eu preciso dos R$ 150“. Quem irá responder: “Tudo bem, manda alguém aqui para pegar o dinheiro“??? A diarista irá, com certeza trabalhar e colocar a dona de 90 anos sob risco.

  • Gostaria de saber se ele também cancelou os culto$ da Universal.

    • Continuam lotados. Bispo Macedo já fez dois vídeos, no facebook, dizendo que é para as pessoas terem fé, bla bla bla... os cultos continuam cheios...
      A Prefeitura, como poder público, deveria restringir a um máximo de 100 pessoas por culto (há templos da Universal, chamados de catedrais, que dão alguns milhares de pessoas, principalmente aos domingos de manhã). O correto seria: deu 100 pessoas, ninguém mais entra.
      CLARO QUE O CRIVELLA NÃO VAI FAZER ISSO, POR MOTIVOS ÓBVIOS.

  • Olha, em relação as escolas, penso que o melhor mesmo é parar. Pq a maioria funciona em meio período e essas crianças já ficam com alguém, pois os pais trabalham 8h, 9h, 10h por dia. Eu acho que as creches, sim, deveriam ser mantidas abertas. São medidas drásticas necessárias. O problema mesmo é a pobreza do nosso povo. E é isso o que o Rio ser um lugar muito propício ao Corona. Ônibus lotados, difícil locomoção, favelas, esgotos a céu aberto. Aí está a desgraça realizada pela própria elite, que sempre negou cidadania e dignidade a esse povo. Hoje, diante da pandemia do Corona Virus, o minfo, mais uma vez, observa como o ideal do neoliberalismo-estado mínimo é inviável.

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