“Dá um Google” orientou política de Saúde, diz ‘maninho’ Weintraub

Quanto mais se revela a história do ‘gabinete paralelo’ usado por Jair Bolsonaro no enfrentamento da Covid, mais a gente vê que estamos nas mãos de alucinados, sem a menor capacidade de dirigir o país, ainda mais durante a maior tragédia sanitária em um século.

O vídeo publicado pelo olavista Artur Weintraub, ‘maninho’ do ex-ministro Abraham Weintraub e, como ele, gozando de um gordo cargo do governo brasileiro nos Estados Unidos, seria de rolar de rir, não existissem mais de 472 mil mortos nesta história.

O sujeito “deu um google” atrás de notícias sobre tratamentos experimentais para a Covid, soube da cloroquina e, num gesto heroico de patriotismo, passou na farmácia, comprou o medicamento tomou dois comprimidos, pondo em risco a própria vida em nome da salvação dos brasileiros.

Como não morreu nem virou jacaré, foi correndo a Bolsonaro e gritou: Jair, eu tenho a cura!!!

Dai foi só juntar a turma de malucos e irresponsáveis que há em qualquer área – e não faltam na medicina – e pronto, tínhamos os gênios sanitários que, contra todas as instituições científicas, estavam prontos a salvar o mundo com seus comprimidos maravilhosos.

Sério, nem para enredo de filme B esta história serve.

É melhor até que seja só mentira, porque, a ser verdade é prova cabal de que não temos nem mesmo um governo ruim, temos é um manicômio instalado em Brasília.

A ciência do maninho é assim: eu tomei e não tive, é profilático; eu tive e não morri, é terapêutico; eu tomei e não morri, é seguro.

Tanto faz, claro, se é cloroquina ou bala de hortelã.

Fico pensando o que dizer deste sujeito, porque dizer que o irmão, que saiu corrido daqui para não ser enquadrado pelas declarações de que se deveria prender os “vagabundos do STF”, tinha uma mente pornográfica rendeu-me um processo. Acho que não preciso, ele próprio oferece-se ao papel.

Mas digo: Artur Weintraub não é apenas um irresponsável, é um mentiroso.

Foi outro aloprado quem sugeriu a cloroquina a jair Bolsonaro e, para entender, basta ler o que publica a BBC – será que a BBC é “extrema-imprensa?

Em 18 de maio de 2020, o então presidente Donald Trump declarou publicamente que “”muita coisa boa saiu da hidroxicloroquina. Vocês ficariam surpresos com quantas pessoas tomaram (o medicamento), especialmente profissionais da linha de frente, antes que sejam contaminados. Eu mesmo estou tomando. Estou tomando agora mesmo, comecei há algumas semanas”.

No dia seguinte, informa a BBC, Jair Bolsonaro anunciou que tinha sido liberado nos EUA “um remédio para tratar o coronavírus” – o que era mentira – e que Israel poderia anunciar uma vacina “dentro de 30 dias”. Dois dias depois, mandou o Exército fabricar cloroquina aos montes.

Portanto, não foi Weintraub quem sugeriu a cloroquina a Bolsonaro, foi simplesmente uma “cópia” de Trump, a qual, no máximo, o ‘maninho’ se encarregou de rechear,

Daí para frente, sim, funcionou o Google, para recrutar uma legião de maus médicos, que emprestam o nome a charlatanismo e, na geléia geral em que se transformou o Brasil, sabiam que iam ter uma massa de fundamentalistas dispostas a acreditar que até a ‘água milagrosa” curava a covid.

Fernando Brito:
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