Dallagnol, Bretas e o julgamento de Jesus, por Lenio Streck

O jurista gaúcho Lenio Streck, a quem a experiência como promotor de Justiça por 28 anos não tirou, mas acentuou, o entendimento do Direito como o aquilo que o nome indica – um conjunto de garantias individuais e sociais – publica hoje, no Conjur, um extenso artigo que, em 10 pontos, reduz a pó a “tese jurídica” da prisão automática dos condenados em segunda instância.

É texto  bem fácil  – mais ainda, bem-humorado – e recomendo vivamente a sua leitura, aqui.

Mas separo para os leitores do Tijolaço a ótima nota de rodapé que vai abaixo dele, onde o fanatismo fundamentalista do jejuno Deltan Dallagnol é triturado:

Cá para nós, é escalafobética (para dizer pouco) essa performance fundamentalista de Deltan Dallagnol jejuando pela prisão automática de segundo grau.
Se Deus existe (e vejam, sou devoto de Nossa Senhora de Lourdes), porque Ele seria um punitivista como Dallagnol? Por que Deus, em sua infinita misericórdia, não seria a favor da possibilidade de alguém — condenado injustamente — ter a seu favor uma decisão recursal reconhecendo ter havido prova ilícita (ou a bobagem do probabilismo) no STJ? Ou no STF?
Que tipo de Deus é esse de Dallagnol? Se Deus atendesse ao pedido de Dallagnol, estaria negando o pedido de milhões de outros cristãos.
Isso é como no futebol. Deus não se mete. Tem mais coisas para fazer. Dallagnol esquece que é agente político do Estado. E não um torcedor. Deveria incluir Deus fora desse tipo de comportamento político.
Sua performance depõe contra a secularização ínsita a qualquer democracia. Espero que saiba o que é secularização. Explico: não se deve misturar religião com Estado (e com o Direito). Isso vale também para o juiz Bretas, que estaria orando pelas prisões diretas em segundo grau. Provavelmente, ambos teriam condenado Jesus por organização criminosa (afinal, eram mais de quatro) com base na delação premiada de Judas.

Mas isso, Dr. Lênio, é algo que não pode ser alcançado por quem fala em Deus, mas só pensa, como o Diabo, em condenar à danação eterna.

Fernando Brito:

View Comments (29)

  • Quem não tem provas, apela para orações e jejuns. Como pessoas perturbadas mentalmente como este tal de dallagnol podem ter sido aceitos no MP? É muita avacalhação, mesmo para uma republiqueta de bananas como o brazil.

    • É isso que sempre me pergunto....como os concursos selecionam esses tipos????? Um juiz que nem mesmo conseguiu o título de advogado e um procurador messiânico.....

    • Tem questão mental séria mesmo. A começar pela soberba de pensar ser dono da verdade. Tolo Dallagnol. A brigar com sua própria máscara, típica da hipocrisia dos fariseus...

    • Infelizmente, essa "perturbação mental" não é totalmente estranha. Faz muito tempo que nos concursos do M.P. e magistratura, quase a totalidade dos aprovados faz parte de uma "casta/grupo" muito bem identificado: são quase todos brancos, com ideias retrógradas, quase sempre ricos, com ideias de superioridade racial, etc. (lembra o grupo Tradição, família e propriedade). Daí fica fácil entender porque essas pessoas odeiam Lula e afins. Eles não suportam que pessoas negras, nordestinas consigam ganhar dinheiro, estudar e ascender socialmente. Seria muito bem perguntar pro Dallagnol se ele também "orou e jejuou" para que o Aécio (2 milhões) fosse preso. Ou será que no caso do Aécio faltaram provas?

      • Ele jejuou e orou para o Aécio ganhar as eleições. Mas o "deus" dele é surdo como uma porta. Acho que estava em débito com o dízimo. Que coisa ridícula, orar para interferir numa votação do STF.

  • Excelente texto. Li na íntegra. Lenio Streck, este sim, tem um douto saber jurídico e coloca o DD no seu lugar: no chinelo.
    Chamar o Barroso de Conselheiro Acácio. Hahahaha... Muito bom.

  • O jejum de Dallagnol é de moral, senso de ridículo, de justiça, de prudência e por aí vai.

  • Coitado do Jesus. Seria acusado pelo Delanhol de formação de quadrilha.kkkkk

  • “Nós, agentes políticos do Judiciário.” Disse Gilmar Mendes em audiência no Congresso, com presença de Moro.
    Sei o que é agente público. Mas que raio de “agente político” é isso?

    • Um juiz de 1a instância nunca deveria ser um agente político. No STF, os ministros são pois são indicados políticos. Então, além de agentes públicos, são agentes políticos. Mas juiz de carreira não pode ser agente político como Moro e outros mais o fazem. Um juiz ou um PROMOTOR tem obrigação de ser TÉCNICO e não político. Não tem lugar pra CONVICÇÃO.

    • Mas será que o pilantra está fazendo mesmo uma greve de fome? Se estiver, que fique mais de sessenta dias sem comer e sem soro na veia! Acho que não fará falta para os homens comuns.

    • Não lhe faltará comida. Mas, no futuro, terá desmoralização e vergonha.

    • Acho que esse jejum do Dallagnol é uma dieta disfarçada ( ele está gordinho). Sabe como é, juntou o útil ao oportunismo da ocasião ( fica em forma e passa a imagem de justo sofredor.....)

  • DD - é o espírito encarnado típico de crackoigrejolândios.

  • DD poderia incrementar o próprio jejum incluindo a palavra(falada e escrita) e o auxilio -moradia

  • Na fogueira com ambos, já.
    Mas li hoje que um tal de filme sobre a vida do fundador de um tal igreja, Universal, teria lotação recorde, mas quando o repórter foi verificar a sala de cinema, estava vazia. Ou seja, os ingressos foram comprados por fiéis invisíveis.

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