Há um dado que explica a diferença dos dados da pesquisa eleitoral do Datafolha, que aponta uma disparada no favoritismo, agora absoluto, do ex-presidente Lula na disputa presidencial em 2022.
Ela é presencial e não por telefone, como a maioria das que vinham sendo realizadas até agora e, portanto, não tem as distorções provocadas por este tipo de acesso ao eleitor que as feitas por via telefônica.
O resultado é acachapante e mais, até do que os números mais que expressivos: Lula vence do primeiro turno com 41% das intenções de voto contra 23% de Jair Bolsonaro e, num possível 2° turno, aplicar um implacável 55% a 32% no atual presidente.
Num resultado eleitoral real, no qual não se contam nulos ou brancos, isso quer dizer mais de 60% dos votos válidos, tanto quantos recebeu em 2002 e 2006.
O resultado da pesquisa tem, porém, mais indicadores do que o simplesmente numérico. A política vale mais.
O primeiro deles é a “murchada” que ele induz ao surgimento de uma “terceira via”.
De Amoedo a Moro, todos os demais candidatos ficam entre 2% e 7%. Isto é, não existem como “perspectiva de poder”, como costumam dizer os políticos.
Ou seja, não atraem apoios políticos de outras forças pela expectativa de estarem ou orbitarem o poder.
Será que alguém acha que os contatos de políticos de centro e centro-direita com Lula, na semana passada, são pelos olhos do ex-presidente?
Informações importantes: Lula captura, num segundo turno, a maioria dos votos dos que preferem, na primeira volta eleitoral, Ciro (6%), Dória (3%) e Luciano Huck (4%), enquanto Bolsonaro, claro, herda a grande maioria dos moristas, que seriam 7%.
O ex-presidente, segundo o Datafolha, está vencendo Bolsonaro até entre os que ele acha serem a sua maior força: ele tem 35% entre os evangélicos, ante 34% de intenção de voto pró-Bolsonaro entre os que se declaram com esta confissão religiosa.
O favoritismo absoluto de Lula não vai fazer, entretanto, que ele adote uma linha politicamente mais estreita, por duas básicas e óbvias razões.
A primeira, que ela estimularia o “salto alto”, o “já ganhou”, tantas vezes fatal.
A segunda, e mais importante, é que ele sabe que é preciso que a vitória precisa ser estrondosa, com a redução do bolsonarismo sendo tão evidente que faça recolherem-se os ímpetos golpistas e sirva como balde de gelo na febre de ódios fundamentalistas que ele conseguiu injetar na sociedade.
Ainda não é hora de fazer subir a onda Lula que, adiante, não será uma “marolinha”, mas um tsunami.