O cenário do Datafolha sem a candidatura de Márcio França ao governo mostra que, com ele junto com Haddad, não é impossível pensar em uma eleição definida já em primeiro turno em São Paulo, com uma dupla vitória da aliança Lula Alckmin, fazendo do petista governador e do pessebista senador.
Haddad soma 34% dos votos, no limite de um empate com os 36% dados a todos os outros candidatos, somados.
E isso numa apresentação isolada de sua candidatura e não, como acontecerá na campanha, colada à de Lula – que tem hoje perto de 40% do eleitorado paulista – e ao prestígio de Geraldo Alckmin no interior – veremos que é o ponto fraco do petista -, que tem estado impedido de entrar na campanha do ex-prefeito pelo fato de que França ainda é, formalmente, candidato a governador.
De certa forma, embora em escala menor, até mesmo a atuação de Lula em favor de Haddad, em razão das duas candidaturas de sua base, sobretudo nas camadas mais pobres, onde o ex-presidente é muito mais forte.
Bruno Boghossian, da Folha, mostra como isso contém os números de Haddad na pesquisa:
Haddad precisa de Lula para aumentar seu apoio no eleitorado mais pobre. O ex-prefeito tem hoje um desempenho praticamente igual em todas as faixas de renda da população —o que sugere que ele ainda está aquém do desempenho tradicional do PT na base da pirâmide.
Não há crescimento significativo de Tarcísio de Freitas e de Rodrigo Garcia, que tinham 11% cada no cenário sem Márcio França e, agora, numa oscilação dentro da margem de erro, aparecem com 13%.
França, que tinha, quando apresentado, 20% em abril, baixou para 16%, resultado óbvio da indefinição de sua condição de candidato.
Não é, como se vê, uma soma aritmética: neste momento, apenas um terço do eleitor de França migra automaticamente para Haddad. É uma soma política, porque separados não sinalizam uma frente antibolsonaro.