Dilma, em sua defesa: ” este impeachment só existe por eu ter rechaçado os chantagistas”

 

Recebi o texto de Dilma Rousseff que será lido por sua defesa na pantomima que é a Comissão de Impeachment do Senado – algo que, aliás, ela não pode dizer, por óbvio.

Mas diz outros óbvios que precisam ser ditos na cara de quem promoveu e se acumplicia, ali, ao golpe protagonizado pelos interesses mais escusos da política:

Sou alvo dessa farsa porque, como Presidenta, nunca me submeti a chantagens. Não aceitei fazer concessões e conciliações escusas, de bastidores, tão conhecidas da política tradicional do nosso país. Nunca aceitei a submissão, a subordinação e a traição dos meu eleitores como preço a pagar pelos acordos que fiz.

As “conciliações escusas, de bastidores” (ou agora já explícitas) com que se conseguem os votos do Senado para a consumação do esbulho ao voto popular.

Reproduzo a introdução política da defesa técnica das acusações já desmoralizadas sobre “pedaladas fiscais” e decretos orçamentários. O texto integral pode ser lido aqui.

É a reafirmação de princípios e da coragem de falar claramente, algo de que tanto se ressentiu o povo brasileiro ao longo deste processo.

A defesa da Presidenta

(…) peço às senhoras e ao senhores o direito de me apresentar como sou, com toda a clareza e sinceridade. Saibam todos que vocês estão julgando uma mulher honesta, uma servidora pública dedicada e uma lutadora de causas justas.

Tenho orgulho de ser a primeira mulher eleita Presidenta do Brasil. Nestes  anos, exerci meu mandato de forma digna e honesta. Honrei os votos que recebi.

Em nome desses votos e em nome de todo o povo do meu país, vou lutar com todos os instrumentos legais de que disponho para exercer o meu mandato até o fim.

O destino sempre me reservou grandes desafios. Alguns pareciam instransponíveis, mas eu consegui vencê-los. Já sofri a dor indizível da tortura, já passei pela dor aflitiva da doença, e hoje sofro a dor igualmente inominável da injustiça.

O que mais dói neste momento é a injustiça. O que mais dói é  perceber que estou sendo vítima de uma farsa jurídica e política.

Não esmoreço. Olho para trás, e vejo tudo o que fizemos. Olho para frente, e vejo tudo o que ainda precisamos e podemos fazer. O mais importante é que posso olhar para mim mesma e ver a face de alguém que, mesmo marcada pelo tempo, tem forças para defender suas ideias e seus direitos.

Nunca deixei de lutar, ao longo de toda a minha vida, pelo que acredito. Nunca me desviei das minhas crenças ou das minhas convicções éticas e políticas. Sempre acreditei na liberdade e na possibilidade de construção de uma sociedade justa e fraterna, onde a exploração e a miséria não existam. Sempre acreditei na igualdade entre homens e mulheres, na necessidade de lutarmos com paixão, intransigência e firmeza, contra todas as formas de opressão, preconceito e intolerância.

Também sempre acreditei na democracia e por ela lutei, abdicando de muitas coisas na minha vida pessoal. A ela dediquei a minha juventude. Sofri, como tantos outros, na carne, a ação violenta do ódio, da intolerância e do autoritarismo daqueles que nunca receberam do povo, o poder de governar.

A experiência tem me ensinado que a democracia não é conquista definitiva, da qual se possa descuidar. É construção permanente, constante, a ser aperfeiçoada e protegida de ameaças.

Tenho orgulho de continuar ainda hoje servindo à esta mesma democracia pela qual sempre lutei. Agora, com a serenidade e a experiência adquiridas ao longo do tempo, como mulher que tem orgulho de ser mulher, e que jamais temerá defender o que entende por correto e justo, pouco importando o preço pessoal que tenha que pagar por isso.

Por isso, sigo ainda, como no passado, conclamando a todos os que acreditam na soberania nacional, na Democracia, no Estado de Direito e na justiça social, para que jamais esmoreçam ou se afastem dessa luta justa que não admite retrocessos. Independentemente da simpatia ou não pelo governo eleito no final de 2014, essa é uma luta da qual todos os que acreditam honestamente nesses valores não podem transigir, recuar por medo, por comodismo ou pela busca de vantagens pessoais. Os que forem dignos e honrados, se nessa luta capitularem, não deixarão, cedo ou tarde, de sentir o terrível peso da vergonha, ao vislumbrarem seu próprio rosto no espelho da história. Nunca poderão afastar das suas mentes a lembrança dos que morreram e foram torturados, para que pudéssemos ser um país soberano, livre e regido pelo Estado Democrático de Direito.

Não poderão fingir que desconhecem o fato de que muitos tombaram para que pudéssemos dizer o que pensamos, para que pudéssemos escolher pelo voto direto nossos governantes, e para que pudéssemos ser sempre julgados, nos termos da nossa Constituição, por órgãos imparciais e justos, após um devido processo legal.

A covardia ou a traição a esta causa serão sempre imperdoáveis. Histórica, ética e humanamente imperdoáveis.

Na minha vida, os que me conhecem sabem que incorri provavelmente em erros e equívocos, de natureza pessoal e política. Errar, por óbvio, é uma decorrência inafastável da vida de qualquer ser humano. Todavia, dentre estes erros, posso afirmar em alto e bom som, jamais se encontrará na minha trajetória de vida a desonestidade, a covardia ou a traição. Jamais desviei um único centavo do patrimônio público para meu enriquecimento pessoal ou de terceiros. Jamais fugi de nenhuma luta, por mais difícil que fosse, por covardia. E jamais trai minhas crenças, minhas convicções, ou meus companheiros, em horas difíceis.

Por isso, se alguém ainda hoje espera de mim o abandono da luta em defesa do mandato presidencial que me foi outorgado pelo voto do povo brasileiro, a partir de uma Constituição que estabelece para o nosso país a existência de um Estado Democrático de Direito, afirmo que comete um ledo engano. Não luto, nem nunca lutarei, pelo privilégio de continuar sendo Presidente da República. Nunca me apeguei à vaidade do exercício dos cargos; entrei na vida pública por ideais.

É fato que, nesses últimos tempos, foram muitas as ofensas, as discriminações, as traições, as mentiras, as farsas, as tentativas de humilhação e as decepções com pessoas que julgava dignas e honestas. Talvez, para alguém, isso possa sugerir que, para meu conforto e sossego, o melhor seria o abdicar da luta, buscar refúgio na minha consciência tranquila, relegando para historiadores futuros e honestos o dever de resgatar a verdade dos fatos. Deixar a eles a denúncia das ações antidemocráticas e antipopulares que motivam este infundado processo de impeachment.

Aprendi, porém, que quando se está do lado certo da história e se empunha uma bandeira justa, nunca se deve renunciar à uma boa luta, por mais difícil que ela seja. Como já se disse poeticamente, “também dá fruto doce, a adversidade” . Tenho a convicção de que os frutos dessa resistência democrática, empreendida por todos os que não querem o retrocesso político e social no nosso país, aparecem cada vez mais a cada dia. Apesar dos esforços destrutivos de algumas lideranças políticas e empresariais, e de alguns setores da mídia, creio que apenas seja uma questão de tempo para que os que hoje se julgam vitoriosos venham a ser colocados no devido lugar que a luta democrática e a história lhes reserva.

Continuo a lutar, assim, pela democracia do meu pais e para que a vontade popular não seja desrespeitada, como já o foi tantas vezes no passado. Continuo a lutar para que soe o alerta democrático de que não é com a destituição inconstitucional de um governo legitimo, isto é, não é por meio de um golpe de estado apoiado na farsa e construído pela falsa retórica jurídica, que se poderá trazer melhores dias para o nosso povo.

Sou alvo dessa farsa porque, como Presidenta, nunca me submeti a chantagens. Não aceitei fazer concessões e conciliações escusas, de bastidores, tão conhecidas da política tradicional do nosso país. Nunca aceitei a submissão, a subordinação e a traição dos meu eleitores como preço a pagar pelos acordos que fiz.

É por ter repelido a chantagem que estou sendo julgada. Este processo de impeachment somente existe por eu ter rechaçado o assédio de chantagistas.

Não nego que tenha cometido erros, e por eles certamente sou e serei cobrada, mas estou sendo perseguida pelos meus acertos. Estou sendo julgada, injustamente, por ter feito o que a lei me autorizava a fazer.  

Nunca, em nenhum país democrático, o mandato legítimo de um presidente foi interrompido por causa de atos de rotina da gestão orçamentária. O Brasil ameaça ser o primeiro país a fazer isto.

O maior risco para o Brasil neste momento é continuar a ser dirigido por um governo sem voto. Um governo que não foi eleito diretamente pela população não terá legitimidade para propor saídas para a crise. Um governo sem respaldo popular não resolverá a crise porque será sempre, ele próprio, a crise.

Um governo sem voto simboliza o restabelecimento da eleição indireta, contra a qual nosso povo lutou por muitos e muitos anos. Um governo sem voto não será respeitado e se tornará, mais do que um entrave às soluções, a própria causa do impasse. Interromper meu mandato de forma injusta e irregular representará impor grande risco a todas as cidadãs e cidadãos de nosso Brasil.

Fernando Brito:

View Comments (20)

  • ['golpeachment': as organizações criminosas Globo são o GANGSTER [eduardo] 'CU(nha)' do congênere TEMERário/TEMERo$o e vice-versa!]

    CAMPANHA DA MÍDIA PELO IMPEACHMENT COINCIDE COM CORTE DE PUBLICIDADE
    Em 2015, o governo da presidente Dilma cortou R$ 206 milhões em publicidade da Rede Globo, o que representa 34,9% de toda a verba publicitária reduzida pelo Planalto no ano passado, de acordo com dados divulgados pelo jornalista Fernando Rodrigues, do Uol; a revista Veja, um dos veículos que mais defendeu a campanha do impeachment, perdeu 78% dos recursos de propaganda do governo federal, enquanto os jornais impressos – O Globo, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e Valor Econômico – receberam R$ 55,8 milhões a menos no ano passado, em comparação com 2014

    6 DE JULHO DE 2016 ÀS 10:26

    (...)

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/242356/Campanha-da-m%C3%ADdia-pelo-impeachment-coincide-com-corte-de-publicidade.htm

  • Já é a segunda vez quexte pergunto. Quem é VC Vinicius Alonso? Voce é um corajoso guerrilheiro então nos conte sua historia. Ou é boquirroto falido querendo que o publico vasculhe onde fica sua firminha?

  • Li a defesa de Nossa Presidenta e me emocionei. Certamente usarei vários trechos e frases como incentivo e metas de vida!

  • Viva a presidente Dilma !!!! Fora Temer, traidor da pátria .

  • ... Enquanto isto...

    "NUMDISSEMOS"?!
    E o DEMoTucano 'Aécim decadelatado somente no PETROLÃO Neves' seguindo o roteiro do 'CU(nha)' do libanês usurpador sem pescoço decorativo TEMERário/TEMERo$o!

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    CHICO ALENCAR: ACUMULANDO CITAÇÕES, AÉCIO TEM “ÁRDUOS DEFENSORES NO STF”

    Deputado Chico Alencar (PSOL-SP) comentou nesta quarta-feira, 6, a informação de que o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, está sendo "delatado com prazer" por dirigentes da OAS e da Odebrecht; "As citações a Aécio Neves se acumulam. Mas ele tem defensores árduos no STF, parece. Nosso sistema penal é seletivo", criticou Alencar

    06 DE JULHO DE 2016 ÀS 14:33

    (...)

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.brasil247.com/pt/247/brasilia247/242439/Chico-Alencar-acumulando-cita%C3%A7%C3%B5es-A%C3%A9cio-tem-%E2%80%9C%C3%A1rduos-defensores-no-STF%E2%80%9D.htm

  • [Volta logo, querida 'Magnífica', eita 'Coração Valente', siô!]

    O que segue será mais uma "suprema mera coincidência genotípica" dos integrantes da IMUNDA Casa Grande nativa?

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    Juíza acusa STF de permitir ataques à Justiça do Trabalho

    Jornal GGN – Em artigo para o Justificando a juíza Valdete Souto Severo acusa o Supremo Tribunal Federal de esfacelar a Justiça do Trabalho ao votar pela constitucionalidade da lei orçamentária que promoveu corte de 50% dos gastos previstos e de 90% dos investimentos para a Justiça do Trabalho durante 2016. Para ela, a decisão expõe o projeto político que quer acabar com a proteção especializada aos direitos sociais trabalhistas.
    (...)
    E por mais que pareça sedutor àqueles que como eu apostam nas possibilidades de superação do sistema, investir no caos para instigar a revolta, fato é que a luta pela superação das condições de exploração e miséria pode e deve ser feita, como dizia Marx, também através dos aparelhos do próprio capital, dentre os quais o Poder Judiciário trabalhista tem importância fundamental, seja para evitar a barbárie, seja para promover condições de vida que permitam reconhecer e lutar por mudanças.

    Valdete Souto Severo é juíza do trabalho na 4ª Região, Master em Diritto del Lavoro e della Previdenza Sociale presso la Universidad Europeia di Roma/IT, mestre em Direitos Fundamentais pela PUC/RS, doutora em Direito do Trabalho pela USP, autora de diversas obras jurídicas, professora e diretora da FEMARGS – Fundação Escola da Magistratura do Trabalho/RS.

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://jornalggn.com.br/noticia/juiza-acusa-stf-de-permitir-ataques-a-justica-do-trabalho

  • ... Ô eduardo 'CU(nha)', não se preocupe com a notícia que segue, "seu moço"(!):
    e continue a dormir o sonho dos justos do STFede!
    Entenda!

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    PETROBRAS: CUNHA ENRIQUECEU COM DESVIOS

    Estatal encaminhou ao Supremo Tribunal Federal um documento afirmando que o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), "locupletou-se diretamente de recursos escoados criminosamente" da empresa; alegações constam de um pedido feito ao STF para que seja considerado o pleito da estatal em atuar como assistente de promotoria na ação em que Cunha é réu pela acusação de ter recebido US$ 5 milhões em propinas de contratos para a produção de navios-sonda contratados pela petroleira; companhia diz ainda ter sido "a maior vítima do esquema apurado no bojo da intitulada Operação Lava Jato, pois sofreu diretamente os efeitos negativos do delito praticado"

    6 DE JULHO DE 2016 ÀS 11:56

    (...)

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/242398/Petrobras-Cunha-enriqueceu-com-desvios.htm

  • Sensacional. Dilma-ravilhosa, Dilma-xima, Dilma-gnifica, Dilma-gnanima. Palavras sábias muito bem proferidas para fazer cintra-ponto à obscuridade dos oportunistas que tomaram de assalto o poder. A história em breve se encarregará de os sepultar como bem disse a nossa eterna Presidenta. Se Deus é por nós e pelo correto, quem nos deterá. Avante companheiros. É Dilma novamente com a força da gente.

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