Reproduzimos abaixo inteligente análise de Luciano Martins, sobre a relação entre o pessimismo apocalíptico da mídia e os “passaralhos” (jargão das redações para demissões).
A profecia que devora o profeta
Por Luciano Martins Costa em 24/04/2015, no Observatório da Imprensa.
Jornalistas que foram demitidos da Folha de S. Paulo fazem circular uma carta do jornal, assinada pelo editor-executivo Sérgio Dávila, justificando os cortes ocorridos na semana passada. Como se sabe, o diário paulista vem reduzindo sua força de trabalho desde janeiro. O Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo considera que se trata de uma tática para evitar que se configure uma demissão em massa, caso em que as entidades sindicais precisam ser avisadas com no mínimo 30 dias de antecedência.
Na linguagem peculiar dos momentos de crise, o texto começa assim: “A Folha realizou nos últimos dias ajustes em sua equipe. A redução é efeito da crise econômica que afeta o país e atinge a publicidade”.
Esse é o ponto central a ser discutido neste espaço, mas há outras questões levantadas na mensagem que merecem atenção. Por exemplo, informa-se que equipes serão reagrupadas e outras mudanças deverão ser anunciadas. O executivo chama o adensamento de grupos editoriais menores em equipes maiores – caso de Ciência e Saúde, que se agrega ao caderno Cotidiano – de “mudanças morfológicas”.
O jornal promete que essas futuras movimentações “não envolverão novos ajustes” – expressão que ameniza a dureza das demissões. O objetivo, afirma, “é tornar o jornal mais eficiente para atender as demandas do leitor bem como otimizar o funcionamento da redação”.
O comunicado assegura que a Folha “continua líder em seu segmento, seja em circulação, audiência ou fatia publicitária, faz parte de uma empresa sem dívidas, que integra o segundo maior grupo de mídia do país, e preserva sua capacidade de investimentos editoriais”. Portanto, é de se concluir que se trata de dificuldades circunstanciais.
Na lógica do negócio, quem paga pela circunstância desfavorável é sempre o jornalista, não o executivo que errou na estratégia ou na gestão da empresa. No caso das empresas jornalísticas, pode-se afirmar que um dos elementos mais interessantes desse jogo é o fato de que a imprensa tradicional tem se dedicado, ano após ano, a convencer o leitor de que a economia brasileira está no caminho errado. Quando o anunciante, diante de tanto pessimismo, resolve poupar seu dinheiro, cumpre-se a profecia.
O viés negativo
Há sempre mais de uma maneira de dar uma notícia, como se diz na velha anedota sobre o gato que subiu no telhado. Por exemplo, se o leitor procurar o mesmo assunto em duas fontes distintas, poderá encontrar duas versões diferentes do mesmo fato, apesar da grande homogeneidade que se observa nos principais veículos de comunicação do Brasil. No caso do noticiário econômico, predomina um viés negativo, mas mesmo nesse contexto pode-se fazer interpretações variadas.
Vejamos, seletivamente, como os principais diários de circulação nacional abordam nas edições de sexta-feira (24/4) um mesmo assunto: o índice de emprego. O Globo coloca o tema no rodapé da notícia sobre o projeto de terceirização, com o seguinte subtítulo: “País volta a gerar empregos formais”. O Estado de S. Paulo traz reportagem de tamanho médio, na parte inferior de uma página onde o destaque é também a terceirização. Diz o título: “Economia brasileira cria 19 mil vagas de emprego em março”.
Observe-se, agora, como a Folha de S. Paulo trata os mesmos indicadores. No alto da página, com dois infográficos que mostram a queda da oferta de empregos no trimestre e a recuperação ocorrida no mês de março, o leitor se depara com o título: “Emprego formal tem pior 1º trimestre desde 2002”.
Em termos de comparação, leia-se que o especialista Valor Econômico publica o seguinte título: “Mesmo com março melhor, emprego é negativo no 1º trimestre” – e a reportagem, mais equilibrada, registra uma diversidade maior de interpretações de analistas e autoridades.
Não se está aqui a dizer que a imprensa deve sempre procurar o lado mais otimista dos acontecimentos, porque uma de suas funções é manter a sociedade alerta tanto para oportunidades como para riscos ao seu bem-estar. O que, sim, se pode conjecturar, é que tem razão o ministro do Trabalho, citado nas reportagens, quando afirma que o discurso de que o país está em crise, repetido desde a campanha eleitoral do ano passado, afeta a criação de empregos.
Se o leitor tiver acesso aos três diários de circulação nacional, mais o Valor Econômico, vai entender o seguinte: a oferta de empregos caiu no terceiro trimestre mas se recuperou em março; os contratos para grandes obras estão sendo retomados, o que pode conter os cortes na construção civil; a publicação do balanço da Petrobras é vista pelo mercado com otimismo; o setor de serviços segue em pleno crescimento.
Nas redações, as profecias catastrofistas devoram os profetas
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A verdade é uma só: Em breve os jornais impressos vão acabar. A internet vai engolir os anunciantes. Quantas pessoas hoje leem jornais e revistas. Até pouco tempo tínhamos que ligar nossos pcs para acessar a internet então o jornal e a revista ainda estavam mais à mão. Hoje todos tem um smartphone ligado o tempo todo. Nem será mais preciso fazer a tal da regulamentação da mídia, seria um desgaste desnecessário para o governo e acho que acabaria tendo um efeito contrario. Pelo mesmos por pouco tempos essa mídia estaria de novo no centro da atenção. O governo deveria era direcionar toda a verba publicitária para fornecer banda larga gratuita para toda a população. Não esse acordo com o Facebook, por favor, que irá somente criar um novo monstro.
São vítimas das próprias merdas que escreveram.Apelem para os coxinhas comprarem jornais.
Bom dia,
o criador estão contra a criador, ou seja, aquele que produziram as maiores mentiras contra o povo agora tão pagando pelo seus atos inlicitos contra a democracia brasileira.
A Polícia Federal anunciou que irá a Itália no próximo dia 30 para trazer o Pizzolatto. Será mera coincidência ele chegar ao Brasil no Primeiro de Maio? Será que a imprensa, nessa data, dará uma cobertura maior ao 'mensaleiro' preso ou às possíveis manifestações contra a terceirização? Ninguém vê isso? Sempre que há algum movimento à esquerda se criam fatos midiáticos para desviar o foco. Viva o Brasil !!!
Curto e grosso como um autêntico gaúcho...que se fodam...usam a Doutrina do Choque dos Barões Patrões, contra um povo e empresário muitas vezes desavisado ou facilmente maleável, agora bebem do próprio veneno. Tim tim...Saúde...
Penso que temos coisas muito mais importantes para nos preocupar, analisar e fazer.
Quanto e esses "jornalistas" que se virem vendendo cachorro quente ou angu nas ruas. Irão sobreviver com a dignidade perdida pelo que chamavam de salário, que na verdade eram uns trocados pelos quais todos venderam suas consciências.
Em qualquer empresa e em qualquer profissão há um código de ética, escrito ou adotado. Nenhum profissional deveria ultrapassar os limites desse código. Na Folha ultrapassaram todos atendendo aos interesses dos donos.
Estão colhendo o que plantaram, concordo integralmente com o artigo.
Usem seu FGTS ou outra quantia que irão receber como indenização para comprar um carrinho de cachorro quente ou de angu.
Trabalhem honestamente!
Opinião publicada é diferente de opinião pública. Assim sendo Aécio ganhava quase todas as pesquisas, mas é Dilma a presidente. A internet acabou com os pretensos "formadores de opinião".
Os tempos de crise sempre foram de gorda colheita para os jornais. A Folha se acaba como jornal, jogou no lixo sua dignidade para fazer jogo político baixo e sujo contra os interesses do país e do povo, e agora que vai prescindir dos jornalistas para fazer o que resta do jornal ainda tem maldade suficiente para dizer que a culpa é da crise. Só falta dizer que a culpa é da Dilma.
O texto não tem sentido. As demissões ocorrem porque jornal (escrito) não serve para quase absolutamente nada, então, as demissões nada tem a ver com a suposta crise e sim com a internete.
As demissões ocorreriam de qualquer jeito, acho que a única coisa que mudou foi o aumento do dólar e boa parte do papel é importado, logo, os custos aumentaram e, o negócio, que já estava ruim (jornal em papel) vira pó mais rápido.
Além da Internet o que segurava eram as tetas dos governos, e estas estão minguando. O mundo mudou mas a mídia brasileira além de não evoluir se atolou na mediocridade e no mau caratismo.