Quem é jornalista – e mais ainda quem se dedica a um jornalismo político de opinião – não pode ser, até por autoproteção, defensor da censura à liberdade de expressão.
Isso não pode se confundir, jamais, com agressões infundadas à honra e a dignidade de pessoas, muito menos com a incitação até a que se promovam agressões físicas.
Ao longo de anos – e sempre em meio a um enfrentamento político agudo – jamais, deliberadamente, apelou-se para este tipo de comportamento.
Nem se foi cúmplice deles.
Porque este tipo de atitude só leva ao que temos hoje: a entronização da estupidez e do arbítrio como forma de exercer o poder.
O que está em curso, neste momento, é a aniquilação do Supremo Tribunal Federal e, como ocorreu ao longo dos últimos anos, com a cumplicidade de ministros do STF que usaram e abusaram deste expediente para obter visibilidade e prevalecer, na corte, com “o clamor das ruas”.
Luiz Nassif, em ótimo artigo no GGN, mostra que, infelizmente, não é só brasileiro o fenômeno, mas mundial, com o uso do sistema judicial – juízes e promotores – como forma de implantação de governos (ou pressões sobre governos) de sentido autoritário e ultracapitalistas.
Diz ele, no fecho do texto “O século do Judiciário e a volta da barbárie”:
País sem tradição democrática, o Brasil comprometeu a própria democracia, tendo como episódios trágicos o impeachment e a prisão política de Lula. O plantio pertinaz das sementes do arbítrio não foram praticadas por jovens procuradores concurseiros, mas por Ministros do STF, como Joaquim Barbosa, Ayres Brito, Carmen Lúcia, o indizível Luis Roberto Barroso, de Procuradores Gerais, como Antonio Fernando de Souza, Roberto Gurgel, Rodrigo Janot, todos encantados com seus novos poderes, e sem um pingo de responsabilidade em relação à Constituição, às leis, ao país. E, principalmente, devido à cegueira generalizada da mídia, só percebendo o monstro que criara quando de suas entranhas nasceu essa figura pública disforme de nome Jair Bolsonaro.
O século do Judiciário gerou a maior ameaça à democracia desde a ascensão do nazismo. A lógica é a mesma: a legitimação dada pelo clamor das turbas, derrubando leis, Constituição, calando os críticos, exterminando as oposições e impondo o populismo penal, sem freios nem contrapesos. E com procuradores se comportando como milícias vingadoras, sem estarem submetidos a nenhuma forma de freio.
Hoje o Brasil está mergulhado em uma luta entre corporações, com o caos institucional se espalhando por todos os poros do Estado.
Foi esta selvageria judicial que estimulou e insuflou a selvageria que, hoje, se volta contra as instituições judiciais.
Isso não tem nada a ver com liberdade de imprensa e é falso que seja este hoje o problema em questão neste caso do grupo que está sendo proibido de veicular ataques a Dias Toffoli.
O que ocorre, de fato, é a tentativa, canhestra e mal articulada, de enfrentar uma ofensiva fascista e autoritária que não se satisfez em dirigir o STF, mas quer aniquilá-lo.
Mas o que fazer contra um sistema que faz da especulação financeira o seu financiador e é instrumentalizado pelo Ministério Público como ferramenta de provocação e desafio à Corte Suprema?
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O STF e a Imprensa foram e têm sido engrenagens essenciais nessa ofensiva fascista e autoritária. Devemos manter a mesma distância higiênica entre falsos defensores e verdadeiros inimigos da liberdade de imprensa e das instituições republicanas.
Perfeito, Policarpo. Mas me preocupa o fato de não distinguirmos as instituições dos maus homens que as ocupam e dominam.
Já vimos os "apolíticos" jogarem a democracia no lixo sob o argumento da corrupção dos políticos. Certos jornalistas (não vou citar o nome em respeito à morte recente) dedicaram-se à condenação irrestrita da política, martelando incessantemente que "todos são bandidos". E o que nos restou? O fascismo em sua forma mais estúpida e violenta.
Portanto, acho que devemos ressalvar sempre a instituição democrática, no caso, o Poder Judiciário, como instituição do povo. Valorizar aqueles que dignamente exercem suas funções e honram a instituição. E pau nos usurpadores que abusam das funções públicas, pau no abuso de autoridade, no arbítrio, no criminoso de toga. Dar nomes aos bois é preciso.
As instituições não são aparatos físicos, autômatos, que funcionam a revelia ou indiferente a vontade das pessoas que a compõem e que as colocam em movimento. Impossível separar em dois compartimentos hermeticamente separados.
Além do mais, tanto as instituições como os membros que as compõem, estão inseridos no quadro mais geral da sociedade, da economia e demais instituições com as quais se articulam. O Supremo, os membros da Operação Lava Jato e a Grande imprensa são os nomes dos bois, membros ativos do Golpe de Estado e da deturpação (judicializaçao da política e partidarização da justiça) e desmoralização das instituições. As instituições democráticas só podem funcionar se as regras do jogo são respeitadas por todos os jogadores. Estas regras foram quebradas com o falso processos de impeachment de Dilma e com a prisão e impugnação da candidatura de Lula.
Verdade!! Os juízes atuais do STF colocaram o povo numa sinuca de bico!!!
Tá difícil raciocinar se vale a pena defender a permanência deles no cargo ou acabar com a instituição, posto que para mim ela já não existe mais. Melhor com ela ou melhor sem ela?! Eu não tenho esta resposta, mas sei que é melhor não ter alguma coisa do que pensar que tem, quando não se tem.
A Globo está contra o STF neste exato momento.
Logo, como diria o Brizola...
O STF está contra o STF! só Toffoli e Moraes assinam isso. Cadê o plenário? MArco Aurélio já disse que é contra
Telecatch.
Ficar ao lado do Antagonista e da mídia cretina e golpista nesta hora crucial, ou ficar falando "bem feito, bem feito, quem mandou cometerem tantos erros contra a democracia?", ao se referir ao STF que está sob ataque do fascismo destruidor, é o mesmo que ter votado nulo na eleição do Bolsonaro. Ingressar pela porta da ditadura que se avizinha com a alma lavada de pureza republicana não vai justificar tamanho equívoco nem perdoar este pecado monstruoso.
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Já está na hora de nos perguntarmos se essa "censura" não foi premeditada, exatamente para gerar essa crise. Sim porque a matéria do site publicitário Bolsonarista, era pífia demais para merecer esta medida. Isto me remete à violência policial "estranha e descabida" contra as manifestações dos 20 centavos. A guerra híbrida tem arquitetos geniais, não se pode duvidar. Conspirações à parte, é ridícula a postura "religiosa" de parte da esquerda, na defesa da liberdade de imprensa para alguém que nem merece ser considerado imprensa. O Bolsonarista é um site de publicidade paga, seja lá qual for a forma de pagamento.
O Bolsonarista é da Empiricus da Bettina (aquela que diz que transformou R$ 1 mil em R$ 1 milhão em três anos).
Acho que era Bruna surfistinha(minha carga de machismo)
Afff...
Bruna surfistinha era honesta!! Quem pagava, sabia que estava fazendo sexo com uma prostituta!! Era sexo por dinheiro!! Com a Bettina, a pessoa pensa que está fazendo um investimento, mas está é sendo enganado!!!
Por isso octavio Filho brinquei como piada,pensei ter deixado isso claro,mas tudo bem
O bolsonarista é pena de aluguel à disposição de qualquer bandido da direita. Mercenários especializados em assassinatos de reputações.
O que o STF fez foi ir na fonte das fake, e como quem deveria investigar era MPF e ele é o centro, houve um vácuo de competência que o STF ocupou, quem investigaria o MPF, o próprio MPF, com o corporativismo e gana por dinheiro como vimos no caso da Fundação de 2 bilhões e meio? O STF não foi censor, ele procurou se proteger da bagunça constitucional que o poder elencou ao MPF, foi só isso, e quem usufruía da ilegalidade dos vazamentos, e se o faz repetidamente tem algo a ver sim com o delito, isso não é censura. Agora o texto é perfeito, mas fica uma pergunta e uma resposta na frase antiga de Rui Barbosa, "A pior ditadura é a ditadura do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem recorrer." O STF está sendo vítima do que deixou a revelia para tirar proveito....
Amigo Brito. Acho que há um erro no primeiro parágrafo. Parece que vc é contra a liberdade de expressão. E é claro que sei que não é!
"...não pode ser, até por autoproteção, defensor da censura à liberdade de expressão."
Foi isso que o Brito disse.
Brito , excelente como sempre.
Desculpe,mas no primeiro parágrafo, nao houve engano qto a defesa da liberdade de expressao ?
NÃO. O TEXTO É CLARO.
O STF errou, não precisava censurar ninguém, tinha que focar na investigação do MP. Na democracia se estanca o vazamento, NUNCA se ataca o jornalista com censura. Essas leis que tu citas de honra, são JABUTICABAS meu caro. Foram escritas por um ditador chamado Getúlio Vargas, no estado novo, para caçar comunistas. São de 1940. São incompatíveis com a constituição. Não há nenhuma menção na constituição a crimes de honra! fala-se em indenização cívil e direito de resposta. O STF quis mostrar que era "machão" e tocar sua agenda de terror judicial. E é incrível ver a esquerda se alinhando com esse comportamento autoritário. Foram eles que prenderam Lula. E eu nem sou pelo Lula Livre, e não entendo essa posição. É burrice. Esses crimes de honra tem que acabar. Não existem nos EUA. Não existem na Europa. Sim, você tem leis anti nazismo, por exemplo. Mas são ESPECÍFICAS. Me diz ai, quem defende a honra dos pobres que não podem pagar advogados caros? Como que tu pode se posicionar a favor de algo que amanhã COM CERTEZA será usado contra você? Só porque o Toffoli adiou a votação. Tu nem tem como saber com certeza se isso tem alguma coisa a ver com o antagonista publicar o que publicou...
Democracia nunca é demais,liberdade é sempre bem-vinda,agora limites tem que haver pois um direito não pode cecear outro pois deixa de ser direito
Ficar ao lado do Antagonista e da mídia cretina e golpista nesta hora crucial, ou ficar falando "bem feito, bem feito, quem mandou cometerem tantos erros contra a democracia?", ao se referir ao STF que está sob ataque do fascismo destruidor, é o mesmo que ter votado nulo na eleição do Bolsonaro. Ingressar pela porta da ditadura que se avizinha com a alma lavada de pureza republicana não vai justificar tamanho equívoco nem perdoar este pecado monstruoso.
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