Desmonte do Estado desorganiza distrubuição das vacinas

As trapalhadas de duas semanas atrás, quando o envio das primeiras vacinas Coronavac atrasaram, mesmo com todos sabendo que, após a liberação da Anvisa , teriam de ser transportadas para todo o Brasil não foram só uma confusão circunstancial, mas o resultado do fato de que a logística do transporte de medicamentos ter sido entregue a empresários privados, como mostra a Folha de S. Paulo, hoje, ao começar a contar a história de como o ” Brasil fechou central que distribuía vacinas e privatizou serviço em 2018“.

Esta central, a Cenadi, era uma peça essencial dos planos nacionais de imunização e funcionava muito bem desde que foi criada, há mais de 20 anos, para centralizar o processo de armazenamento e envio de vacinas, kits de diagnóstico para sarampo, rubéola e HIV, além de praguicidas, como o “fumacê usado no combate aos mosquitos transmissores da dengue.

O custo da Cenadi era muito baixo – concentrado na aquisição de equipamentos de refrigeração – porque a maior parte do espaço pertencia ao 1° Depósito de Suprimento do Exército . Tinha 17.600 metros cúbicos de área de depósito em temperatura de +2° C a +8° C. e mais 2.600 metros cúbicos em temperatura de -20° C para conservação de medicamentos e insumos, além de áreas com temperatura controlada entre +16° C a +17º C para recebimento, distribuição e armazenamento das vacinas.

Que fim levou? Está tudo largado há mais de dois anos e só agora, segundo tive informações, está sendo agora procurado pela Fiocruz para armazenar as vacinas que vier a produzir quando, finalmente, chegarem os insumos.

Todo armazenamento e distribuição destes medicamentos e produtos foi terceirizado no governo Michel Temer, na gestão do deputado Ricardo Barros – cotado para voltar a ser o ministro da Saúde do Centrão – e dispensados os funcionários que se especializaram neste trabalho, com cursos na Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz.

Os funcionários ouvidos pelo jornal relatam desencontros, trapalhadas e confusões, depois que a tarefa foi atribuída a um grupo de Brasília, que atua no ramo de passagens aéreas.

Mas tudo isso é pouco perto do que ocorrerá quando tivermos dezenas de milhões de doses – e não só as da Covid, mas a da gripe e todas as demais do calendário de vacinações – para serem distribuídas.

Não se culpe apenas os militares de Pazuello por isso. É o desmonte neoliberal do Estado que, nesta crise, cobra seu preço em vidas humans.

 

Fernando Brito:
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