As análises sobre a nova configuração política estão aparecendo. Esta é a riqueza da blogosfera; é plural, universal; não é dependente de opinião dos mesmos editorialistas pau-mandados.
Dez consequências da decisão de Marina
05/10/2013 – 20:16 – Atualizado em 05/10/2013 – 20:17
Texto publicado no blog do Nassif.
AUTOR: Ion de Andrade.
1) Vira-se uma página da política brasileira. No cenário estão concorrendo “para valer” apenas grupos políticos que se originam da oposição à ditadura. Terá demorado 25 anos (dia por dia, se considerarmos a constituição de 88 como o grande marco da democracia) para que a passagem tenha sido consolidada;
2) A velha política (PSDB/DEM/PPS) se esvazia e muitos serão os políticos destes partidos que apoiarão abertamente (ou não) a dupla Campos/Marina;
3) A dupla PMDB/PT se consolida. Fica claro para o PMDB que o maior quinhão de poder que pode ter é na aliança com o PT, razão porque o PMDB, até aqui em cima do muro, vai embarcar na candidatura Dilma com força total por interesse próprio;
4) O PT dificilmente perderá eleitores para o novo polo oposicionista e a presença de Lula na campanha, com todo o gás, conforme vem afirmando, vai dividir votos com Campos em Pernambuco, o seu principal colégio;
5) Os Gomes do Ceará, de decisão Dilmista tomada, virão também com força total para o lado da presidenta, e o seu peso e valor na frente pró Dilma só tende a crescer. Uma eventual vitória de Campos colocaria o grupo em péssima situação. Sua participação será aguerrida.
6) O PSDB não decola e estará atravessado por tendências dilacerantes. O fortalecimento Campos/Marina enterra o cenário em que disputava uma queda de braço com o PT a nível nacional, o que o mantinha no topo da grande política. Se houver segundo turno (Campos x Dilma) a bem de manter esta polarização com o PT, tenderia possivelmente a apoiar Dilma, (por debaixo do pano), pois, incrivelmente, a sua vitória seria a única possibilidade de retorno à polarização que o mantem vivo. A disputa Aécio x Campos é de vida e morte para o PSDB. Uma vitória de Campos colocaria o PSDB numa situação de coadjuvante na qual nem seria governo e nem oposição e ostracismo em política significa fim de linha.
7) O DEM compra o caixão. O PPS não vai saber tão cedo definir para onde vai. Mas vai mesmo para o buraco.
8) O preço do PDT sobe e muito para o governo. Aposto que os ministérios do PSB lhes serão transferidos com o apoio aberto e escancarado do PMDB.
9) A soma Marina/Campos cresce no eleitorado coxinha em detrimento do DEM e PSDB, porém a baixa penetração da dupla em São Paulo, Minas, Bahia, Rio, e Rio Grande do Sul trará dificuldades maiores para que ganhe peso decisivo;
10) O campo conservador que quer estabilidade tende a desembarcar do PSDB rumo a Dilma.
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Num primeiro momento pode-se ter a impressão que a ida da Marina para o PSB foi uma jogada de mestre. Entretanto, analisando a fome da Marina pelo poder e seu perfil autoritário, centralizador , conservador e preconceituoso o Eduardo Campos está em maus lençóis. Com uma vice com esse perfil, a Natura , o Banco itau e o toda classe reacionária que já começa a desembarcar no PSB o Campos já perdeu o protagonismo e seu discurso de partido socialista morreu e foi enterrado. Logo assistiremos uma mudança nos discursos, já com a marca dessa " coligação" fantasma.
Nessa eleicao, fica bem claro pro povo, o que e um Partido Politico, e o que e uma Rede Independente de Patifaria. Agora ele escolhe.
4) O PT dificilmente perderá eleitores para o novo polo oposicionista e a presença de Lula na campanha, com todo o gás, conforme vem afirmando, vai dividir votos com Campos em Pernambuco, o seu principal colégio;
Se Lula enfiar-se em Pernambuco, Campos perde lá dentro. Já sai perdedor de lá.
Eu discordo dele, a aliança de Campos com Marina, se aparecer alguma mudança agora, será mãozinha dos institutos de pesquisas. Todos os candidatos concorrentes de Dilma estão em queda. Claro que política não é estática, mas esta aliança ainda não rendeu, no eleitor, o esperado.
Segundo ponto, quem tem peso no povão é Lula e Dilma. Aécio Campos e Marina estão disputando os mesmos eleitores. Enquanto isso, os eleitores do Lulismo e mais os trinta por cento petista continuam com Dilma.
Quero ver qual será o papel do PIG que ainda tem muita força. Rede Globo e cia. Passarão a apoiar Campos, abrindo espaço no sudeste e no sul? Prefiro aguardar.
A midia tem estrutura, mas nao tem inteligencia pra virar esse jogo. Com Merval Pereira vai dar com os burros n'agua.
O blog do não vai se manifestar sobre o aumento do IPTU na cidade de São Paulo?
Vc quer dizer nos bairros ricos de S. Paulo?
Colocaremos 200 pardais para multar os coxinhas que invadem a faixa do transporte público!!!
Nos Jardins tinha que triplicar...
A midia em geral e pura ficcao. Longe da realidade do povo(que nao e bobo) e do que ocorre na politica pra valer.
O desencanto esperado: pobre Marina
Por Ronaldo Souza
Por que só agora falo de Marina?
Ainda que em nenhum momento tivesse acreditado nela como projeto político consistente, pelo contrário, sempre a vi como política monotemática e inconsistente, respeitava a sua trajetória. A verdade é que você, que acompanha os meus textos ao longo desses últimos tempos, raras vezes me viu falando dela. Agora, não há mais como manter essa postura.
O Brasil quase explode nas manifestações de junho/julho, irresponsável e criminosamente manipuladas e conduzidas pela mídia brasileira assim que ela imaginou que poderia tirar proveito.
Nas manifestações algumas coisas ficaram evidentes, entre elas o desencanto com os políticos e seus partidos, em suma, com a classe política.
Onde estava Marina? Quem a viu? Quem ouviu ou viu qualquer declaração dela?
Não, Marina pairava acima do bem e do mal. Boa parte das manifestações foi direcionada aos políticos e Marina não é política. Portanto, ela nada tinha a ver com aquilo. Parecia dar resultados; a imprensa mostrava que ela era a única que subia nas pesquisas.
Como é possível que o país, num momento como aquele, não ouça ou veja nenhuma palavra, gesto, atitude, nada, de uma ex-Ministra da República, ex-senadora dessa mesma república, candidata à presidência dessa mesma república em 2010 (quando teve cerca de 20 milhões de votos), atual candidata e segunda mais bem posicionada nas pesquisas para a presidência da mesma república, pode se permitir nada dizer, nada fazer? O que fez ela?
Marina, covardemente, tentou se esconder. Tentou se esconder numa rede que, cheia de furos, na verdade não a escondia. Imaginou-se protegida de manifestações que se voltavam para um mundo do qual, insiste em querer mostrar, não faz parte; o dos políticos.
Rede Sustentabilidade. Não sei o que isso significa. Sei que esse é o mundo de Marina Silva. Um mundo à parte, um mundo puro, longe da política.
A Rede que não é partido. Apesar de lá existirem (poderia ser diferente?) vereadores, prefeitos, deputados estaduais, deputados federais, senadores, governadores e uma candidata à presidência da república.
Está certo que algumas estrelas globais apoiem e façam parte dessa coisa fantástica que é ter um partido que não é partido, é rede, e uma rede que não é rede, é partido (já me perdi). Mas, com algumas poucas exceções, diante do que vimos até hoje, o que podemos esperar dessas estrelas?
O vice de Marina mora em Londres há mais de dez anos. É o milionário Guilherme Leal, dono da Natura, que foi autuada no início do ano pela sonegação de R$ 628 milhões. Maria Alice Setúbal, conhecida como Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú, é quem, desde 2010, está à frente da arrecadação de fundos para a campanha de Marina. O Banco Itaú, que foi autuado pela Receita Federal por sonegação de R$ 18,7 bilhões, disse na mídia que dará apoio financeiro para a campanha de Marina.
Veja o que diz o jornalista e blogueiro Fernando Brito no Tijolaço:
“Não é preciso mais para esclarecer o campo político em que Marina Silva vai, ou admite ir, para se abrigar. Mas, se fosse preciso, bastaria este parágrafo do Estadão:
Marina foi pressionada por empresários que têm financiado seu projeto político de criar um partido a sair candidata. Foi dito a ela que não seria possível ela abandonar um projeto que contou com tantos apoios, inclusive financeiro na sua trajetória para criar a Rede.
Marina não sai desta barafunda apenas bem menor que entrou. Sai mais desnuda politicamente.”
Todos sabem que Marina, por razões óbvias, tem grande apoio da Globo e dos seus colunistas. Porém, como tudo tem limite (só não há limites para ela, Globo), alguns deles às vezes chutam o pau da barraca. Dessa vez, parece ser o caso de Ricardo Noblat. Vale a pena ver o que ele diz em E Marina, hein? no seu blog:
“A candidata disposta a se eleger presidente da República para mudar o país foi incapaz de montar um partido no prazo determinado pela lei. Dá para acreditar?
Marina ainda é um segredo de Estado. Poucos conhecem algo além de sua imagem pública. Os que a conhecem bem não contam como Marina é - conservadora, preconceituosa, centralizadora”.
Apesar das distorções bastante conhecidas do sistema político/eleitoral do Brasil, a criação de um partido político, ainda mais quando esse partido político se nega como tal e se anuncia como aquele que vem para combater os vícios dos partidos, como a corrupção e o uso de grandes volumes de dinheiro, só pode ser coisa séria.
Diante da iminente negação do seu registro como partido político, ou o que quer que fosse, pelo Tribunal Superior Eleitoral, causada pela sua reconhecida e comprovada incompetência no cumprimento das normas eleitorais, recorrer a mecanismos ilícitos, como tentaram fazer, sem dúvida deixa uma mancha impossível de remover sobre a seriedade dessa instituição, como quer que queiram chama-la.
Um partido que não é partido, é Rede, e que vem para combater os vícios dos partidos políticos existentes, como a corrupção, o uso de grandes volumes de dinheiro, os arranjos e composições com outros políticos sejam eles quem forem... Que outra forma poderia haver para recebe-lo que não fosse dar as boas-vindas? Estaríamos, finalmente, caminhando na direção de uma política exercida com mais dignidade.
No julgamento em que o Tribunal Superior Eleitoral analisava o seu registro, essa foi a tônica; um partido político deveria ser criado visando justamente isso, o desenvolvimento do processo eleitoral do país e não para concorrer a uma eleição.
Porém, pelo menos dois ministros registraram e deixaram bem claro que não foi isso que a Rede Sustentabilidade fez. Havia, na verdade, o objetivo de criar um partido político para disputar a eleição para a presidência da república em 2014.
Haveria como provar esse objetivo, digamos, não tão nobre? Sim, mais cedo do que se poderia imaginar e justamente por causa do fator tempo. Hoje, dia 05 de outubro, encerra-se o prazo de filiação para os candidatos que desejam disputar as eleições de 2014.
E agora, neste momento em que escrevo, o nome mais importante da Rede Sustentabilidade, o partido que não é partido, aquele que vem para combater os vícios de todos os partidos políticos existentes, como a corrupção, o uso de grandes volumes de dinheiro, os arranjos e composições com outros políticos sejam eles quem forem, está em conversas com alguns... partidos políticos. Objetivo; disputar a presidência da república.
Seja qual for o partido escolhido, fica bem claro que a Rede Sustentabilidade era uma farsa.
E ainda houve quem acreditasse.
Marina estava lá através de sua milícia, com membro da executiva nacional da ong que tentaram tornar partido, atirando coquetéis molotov, quebrando vidraças e depredando patrimônio público, bem ao estilo da direita que explodiu no próprio colo a bomba do Riocentro. Marina nunca houve. Gravitou em torno de Lula. Exposta ao sol, secou. No lugar de propostas, queixas. No do planejamento, ressentimento. Contra tudo e todos. Resumiu-se a ser mais um produto no portfólio de seus financiadores e expositores, que, descaradamente, cometem crimes ambientais, toleram exploração de mão de obra infantil e sonegam bilhões em impostos. A junção com Campos é natural, são marionetes controladas pelas mesmas mãos.
Dois bonecos de ventriloco. Que pena.
Prezados, a grande obra de Lula foi e continuará sendo a libertação das consciências. O maior acesso à educação superior, técnica e científica, por parcela até então condenada ao desemprego ou ao subemprego, começa a formar uma geração de pessoas que pensam além da premência, eliminada por Bolsa Família, por mais 15 milhões de empregos formais e por maior acesso a serviços melhores. Temos muito a conquistar e avançar, mas o povo, sempre ausente das decisões do psdb e seus genéricos, optará pela continuidade da libertação, como o fez em 2006 e 2010. Marketing apenas não resolve. Natura, Itaú, Globo e Chevron, representantes de segmentos, terão que aguardar até 2018 para tentar novamente.
Campriles e Blablarina juntinhos à direita do espectro político. Nenhuma surpresa!