No meu tempo, quando fumar era comum, chamava-se “teste do cinzeiro”.
Consistia, essencialmente, em convidar o entrevistado a fumar e não lhe oferecer o cinzeiro.
Ficava o pobre coitado, inseguro sem saber que diabos faria com a cinza.
Intimidação.
Era isso o que se desejava saber sobre o candidato ao emprego: se era capaz de enfrentar a “autoridade” do entrevistador ou se, pusilânime, temia o poder da mídia.
As entrevistas do Jornal Nacional – Aécio Neves, depois o finado Eduardo Campos – tiveram um clima inequívoco de “quem manda aqui sou eu” de parte de William Bonner e de Patricia Poeta (será mesmo esse o sobrenome dela ?)
Mais que o conteúdo, as respostas de Dilma, a quem faltaram olhos vidrados e convicção na voz, tiveram um mérito.
Não ficou, como aqueles entrevistados das técnicas de RH, sem saber o que fazer diante da “otoridade” incontestável.
Não concedeu o mando inconteste do que deveria ser dito aos entrevistadores da Globo.
Qualquer jornalista que tenha passado da fase de estagiária sabe que o entrevistado só dirá algo de inédito, de original, se o entrevistador for capaz de estabelecer um clima de cumplicidade amena com aquele que é inquirido.
Do contrário, arrisca-se a levar um fora. Lembro me de um antológico dado por Jânio Quadros a um jornalista do velho programa “Pinga Fogo” da TV Tupi.
A uma pergunta inconveniente do Jornalista, o matreiro e performático Jânio respondeu:
“Sr Almir. Note que estou lhe tratando de sr Almir, tal a hostilidade que sua pergunta se entrepôs entre nós.”
Daí em diante, pouco importou o conteúdo da resposta de Jânio. Era irrelevante, diante da recusa inicial da legitimidade do que era perguntado.
Dilma, por seu temperamento, não chegou a esta desqualificação do delegado Bonner e da investigadora Poeta.
Aliás, os dois, uma semana depois de terem criticado o nepotismo de Eduardo Campos e depois, exaltado em rede nacional a opinião da mãe da mulher, dos filhos, do irmão e parentes e aderentes, estavam visivelmente de “bola baixa”.
Dilma estava cumprindo o que parece ser seu objetivo nesta campanha: não perder.
Isso é necessário, mas não é bom. Outro mandato sem transmitir à população o confronto necessário entre a proposta de um País preso à politicagem, ao jogo parlamentar e à discussão paralítica e paralisante, é muito pouco para uma nação que precisa se afirmar e erguer, lucidamente, a sua cabeça.
De qualquer forma a dignidade é o pressuposto da capacidade.
Esta dignidade, Dilma mostrou.
Seus adversários, até agora simplesmente prestaram contas aos prepostos dos donos da “barraquinha”, Bonner e Patricia.
Aceitaram a lógica, nem tão irreal, de que a Globo é dona do Brasil .
Dilma segue carregando o andor, sem trancos, mas também sem arroubos.
Pode ser bom, no momento. Mas é pouco para vencer.
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O tal boner tentou trocar de posição com a Presidenta Dilma e quis falar mais do que a entrevistada. Quanto desplante! Ainda bem que Dilma não se deixou intimidar e não caiu nas toscas cascas de banana que os incompetentes lhe jogaram.
Muito bem reparado; em uma entrevista de quinze minutos os entrevistadores rebatem o candidato e acabam tomando o tempo deste. Ou seja, é uma tática para silenciá-lo dentro deste período. Fácil perceber esta tática. Mas acho que o Fernando tem parte de razão em "reclamar", pois compartilho a idéia que esta "entrevista" não é séria. O que Dilma poderia bem ter dito era que o que ele (Bonner) afirmava era sem fundamento. Mas, no todo, foi bem. Outra "entrevista" desta será um tiro no pé, pois quem tem o tempo de horário gratuito, não precisa participar deste circo.
A grande questão agora é que a mídia irá querer salvar Aécio, pois para eles a Marina ( se candidata ) não é minimamente confiável; apenas minimamente controlável.
A campanha começou oficialmente e até dia cinco de outubro temos que "botar a boca no trombone" e alardear os feitos e deixar "os podres" para os outros. O principal agora é mostrar ao jovens a miséria que era nos tempos dos aecinhos, mauricinhos, amininhos, et caterva.
Texto rídiculo totalmente sem imparcialidade. Seria mais fácil postarem uma foto segurando um santinho da Dilma.
Exatamente. O PT na defensiva. Lei de mídia neles.
Esse acordo Lula e Marinho é um obstáculo.
POIS E, DEVIA COMEÇAR A RESPOSTA SOBRE CORRUPÇÃO, PELA SONEGAÇÃO FISCAL DA REDE GLOBO.
Só o Brizola teria coragem para isto.
O PT morre de medo da Grobo.
E ela só existe porque é uma concessão do governo.
Ah se fosse eu! Cortava as asas desse pessoal rapidinho.
Se Bonner a deixasse responder, ela o faria, e fez, com coerência e prudência, para não cair na "pegadinha de vestibular" dos aplicadores do teste. De fato, ela apenas se defendeu, foi o que foi solicitado né? não debateram projetos, apenas a acusaram.
"Do contrário, arriscasse a levar"... Fernando, corrija esse " arriscasse " para "arrisca-se".
Desculpa, não foi entrevista, entrevista mesmo que dura, o entrevistador pergunta e o entrevistado responde, Willian Bonner ocupou mais da metade do tempo, foi agressão e selvageria, falta de respeito e de educação. William mostrou que é um cafajeste!
Inquisição. Os Torquemadas da Globo - bonner e poeta - estavam sedentos de sangue.
Dilma que não se quedou diante dos seus torturadores na ditadura não iria se vergar diante dos mauricinho e patricinha mal educados.
Acho que a Presidenta Dilma foi muito bem. Mostrou equilíbrio mesmo diante de tamanha agressividade, covardia e desrespeito da dupla.
Os entrevistadores sexuais, Willian Bunda e Patrícia Punieta não conseguiram o intento de desmoralizar a presidenta Dilma, tachados de inconpetentes, deverão procurar empregos novos até o fim do ano.
Fico a pensar se os inquisidores encontraram o caminho de volta ao projac.....pareceu terem pressa e atropelavam a todo momento a resposta pausada e tranquila de Dilma. Achei-os desrespeitosos e sem educação. Ela, Dilma, uma diva sempre.
Acho que Dilma foi bem até dimais. O boner e a poeta se desesperaram, o boner então, meu Deus! faltou bater na Presidenta. Dilma estava tranquila, calma e segura. DILMA 2014.
Eu confirmo... Dilma 2014.