Dilma tem razão: punir empresário e não empresa. Veja as contas da Globo

No depoimento que deu hoje ao juiz Sérgio Moro, como testemunha na ação movida contra o ex-presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, Dilma Rousseff disse que “as punições pelos processos de corrupção devem ser aplicadas aos executivos envolvidos e não às instituições”.

— Acho que a gente tem que punir maus feitos, punir executivos ou funcionários que pratiquem maus feitos. Mas as instituições são produtos sociais, não podem ser punidas.

Será que Dilma tem razão. Será que os prejuízos são só para os donos das empreiteiras e não do país.

Vamos deixar que Taís Laporta e Karina Trevizan, da Globo, em reportagem de março deste ano, respondam:

(…)as agências de classificação de risco rebaixaram as notas de crédito das principais envolvidas. A Odebrecht, por exemplo, passou a ser classificada pela Fitch como um risco de crédito “muito alto” e “algum tipo de inadimplência provável”.

Sem recursos disponíveis, algumas das empreiteiras começaram a vender ativos para tentar dar fôlego ao caixa. A Odebrecht tem planos de vender R$ 12 bilhões em ativos. A Engevix vendeu sua fatia nos aeroportos de Brasília e São Gonçalo do Amaral. A Camargo Corrêa vendeu sua participação na Alpargatas e na CPFL para fazer caixa.

 Em casos mais extremos, não houve saída e o único caminho foi pedir recuperação judicial. Ao menos quatro das nove maiores construtoras que tem executivos que são réus na Lava Jato seguiram esse caminho – OAS, Galvão Engenharia, Schahin e Mendes Júnior.

As demissões no setor foram inevitáveis, também agravadas pelos problemas fiscais que paralisaram grandes obras. A OAS, por exemplo, que tinha 120 mil funcionários antes da Lava Jato, hoje tem 35 mil.

O setor de construção perdeu mais de 1,08 milhão de vagas de trabalho em 27 meses até dezembro de 2016, segundo dados do Sinduscon-SP. O estoque de empregos passou de 3,57 milhões em outubro de 2014, para 2,48 milhões no fim do ano passado.

O encolhimento das empreiteiras impactou a economia. Em 2016, o PIB da construção civil recuou 5,2% sobre o ano anterior, agravando o desempenho já ruim da economia brasileira, que encolheu 3,6% no período, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A atividade das construtoras formais no país recuou 18,2% em 2016, segundo índice medido pelo Sinduscon-SP.

“A operação teve um peso decisivo na forte queda dos investimentos em produção, com mais da metade de seu montante concentrado na construção civil”, lembra o professor da Fundação Getúlio Vargas e sócio da GO Associados, Gesner Oliveira. Um estudo elaborado pela consultoria calcula que a Lava Jato deve ter um impacto negativo anual de 3,63 pontos percentuais sobre o PIB entre 2015 e 2019.

O cálculo leva em conta as reduções nos investimentos da Petrobras e no faturamento do setor de construção. “Haveria uma subtração de R$ 284,2 bilhões no valor bruto da produção da economia, a perda de 3,64 milhões de empregos no mercado de trabalho, a redução de R$ 44,7 bilhões na massa salarial da economia e R$ 18,7 bilhões a título de impostos deixariam de ser arrecadados“, conclui o relatório.

Reparem: 3,64 milhões de empregos, R$ 44,7 bilhões em salários de trabalhadores  e R$ 18,7 bilhões em impostos, por conta de uma condução espalhafatosa, irresponsável, que poderia ser conduzida como lá fora se conduz (vejam, por exemplo, os casos em que a alemã Siemens ou a Volkswagen se envolveram –  mas que, precisava ser conduzida assim por conta de um processo destinado apenas a fastar Lula do processo eleitoral, com alegações de sobre um pombal no Guarujá ou o aluguel de um apartamento na modesta São Bernardo do Campo.

Fernando Brito:

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